Há um mês no calor da disputa eleitoral para a Distrital do CDS-PP de Santarém, alguém com responsabilidades máximas na representação de uma das listas concorrentes, achou politicamente correcto e altamente pedagógico "revelar aos colegas e militantes" numa página pública do Facebook, um episódio menor, daqueles que enchem as páginas de "fofocas" na literatura das revistas designadas por "cor de rosa".
Não foi importante o que disse essa obscura e novata militante. Todavia, foi sintomático e marcante pela negativa, a revelação do carácter de todos quantos se revêem no texto da mandatária, que continua a marcar a única tomada de posição pública da mesma antes e depois das eleições para a Distrital do CDS. Do mesmo CDS que está no governo de coligação e que viu as sondagens darem-lhe hoje, metade das intenções de voto de 2011. No limite, o "desaire das sondagens" terá arrefecido ainda mais a lista vencedora. O que agrava ainda mais todo o contexto.
O episódio esmiuçado nunca obteve interesse maior. Veio até a revelar-se um equívoco. A mandatária de um a das listas estava num restaurante na Golegã, a almoçar com a sua família. E ficou muito ofendida porque um grupo de candidatos da lista oposta pretendia aceder a esse restaurante. Sendo um dia festivo na Golegã, já só restava uma mesa vaga nesse restaurante ao lado da mesa da mandatária, recentemente inscrita como militante.
Insurgiu-se a mandatária em razão dos candidatos da lista oposta terem hesitado em avançar para essa mesa. No meio do ficamos, não ficamos, um dos familiares da mandatária terá escutado a cabeça de lista comentado que não queria ir para uma mesa ao lado da mandatária da lista oponente. E esta, logo encontrou aí um motivo de denuncia de "um crime de lesa Pátria", tanto mais que a protagonista acabava por ser uma deputada da nação. E vai de se questionar da razão da falta de convívio e da falta de debate e troca de pontos de vista nesse partido, confundindo e deturpando ainda mais as circunstâncias do episódio e omitindo uma questão crucial, a que ela nunca aludiu até hoje:
- Se o convívio, o diálogo e a troca de ideias eram assim tão importantes, num partido onde segundo ela, a unidade partidária devia ser a sua principal orientação política, porque razão a mandatária da lista que veio a entrar na corrida eleitoral, nunca se impôs diante dos seus representados e tratou de antes de iniciada a disputa, pugnar com a elevação e a nobreza que alardeava tão exuberantemente, para que os seus quarenta e cinco candidatos se reunissem uma ou mais vezes com os vinte e tal membros da Comissão Política Distrital, ainda em exercício de funções?
Este pormenor denunciou desde logo a hipocrisia da argumentação da mandatária. Se alguém tinha "aberto hostilidades" foi ela como representante máxima de uma lista que se apresentou para alterar a "situação" - qualquer que fosse essa "situação e esse estado de coisas" - sem ter a elegância, a ética formal, e o cuidado prévio de colocar com frontalidade as razões para uma eventual conjugação de esforços e redistribuição de lugares, para dentro do mesmo partido e naquela área distrital poderem alcançar uma actuação política mais musculada e operacional, onde as carências de militância activa do CDS-PP se fazem notar com bastante notoriedade.
Em parte alguma do texto de denúncia do episódio em causa - um puro mexerico, sem relevância política - a mandatária provou ter outras ideias da luta política e do debate de ideias, que não fosse a "peixeirada" com laivos de petulância e jactância.
De resto, passados estes vinte dias, nada mais aconteceu, que possa ter ido além do regresso acabrunhado, do fim de festa. Até falaram num "Congresso" para os militantes lhe trazerem ideias, as chamadas " POPES", que a nova direcção iria usar durante os próximos dois anos. Patética e simplória decisão, esta de pedir aos militantes que os ensinem a tomarem iniciativas de acção política, para eles executarem depois, durante dois anos, como se o mundo não mudasse durante estes próximos 24 meses...
Sintomático!
