Em primeiro lugar desconfio que a maior parte dos habitantes do concelho - e em particular mais de metade dos autarcas por todo o concelho - não só desconhecem esses números, como não devem saber das equivalências desses 500 km2, em hectares e metros quadrados.
E não sabendo isto, ao fim de 30 anos de fogos, não é nada abonatório para a comunidade e principalmente, para o município, com mais de duzentos autarcas e mais de 400 funcionários municipais.
E não sabendo isto, ao fim de 30 anos de fogos, não é nada abonatório para a comunidade e principalmente, para o município, com mais de duzentos autarcas e mais de 400 funcionários municipais.
Comecemos pela equivalência desses 500 km2:
- 500 km2 = 50.000 hectares;
- 500 km2 = 500 . 000. 000 m2 ( leia-se: 500 milhões de metros quadrados)
Para esse "combate" temos 80 bombeiros. Dividam esses 500 km2 por 80. E atenção que ainda deixámos 214 km2 da restante área do concelho de fora, onde estão cerca de 40 mil habitantes a necessitarem de outras ajudas dos serviços dos Soldados da Paz: transporte de doentes, transporte de sinistrados, desencarceramentos, fogos urbanos, entre outros.
Portanto, a cada um desses 80 bombeiros cabe a vigilância, dia e noite, de exactamente 6.250.000 m2, de florresta, ou sejam 625 hectares, precisamente, cerca de metade de toda a freguesia do Souto, a qual tem a área de 13 km2: o que equivale a 13 milhões de metros quadrados.
Donde, só há 2 bombeiros para toda a freguesia do Souto: um para de dia e outro para de noite...?!
Por aqui, já se pode ver como a tarefa é desproporcionada e irrealista. Daí, que todo e qualquer Plano Operacional de Combate aos Incêndios Florestais seja um logro. E instituí-lo como matéria auxiliar de trabalho, não passa de uma estupidez monumental, para não dizer uma burla oficializada.
No limite: não há defesa que nos valha em caso de incêndio, na floresta do Norte, onde aos 100 km2 das cinco freguesias ribeirinhas da albufeira ainda temos que somar mais cerca de 100 km2 das áreas florestais de Rio de Moinhos e S. Vicente. Um fogo no Maxial de Além, como aconteceu no dia 18 de Agosto de 2005 e teremos tudo ardido até à entrada da cidade, a S. Lourenço e à Samarra. Curiosamente, é na Samarra que temos o quartel dos bombeiros.
Na noite de 19 de Agosto de 2005 lá estavam mais de 100 auto-tanques - em S. Lourenço, já com a A-23 cortada - à espera do fogo que na véspera se havia iniciado no Maxial de Além, no extremo mais a norte do concelho, na freguesia das Fontes.
Esperar pelo fogo na Samarra ou estar atento aos primeiros minutos da ignição lá mais a norte do concelho, eis a questão.
E o que vale para o Norte, vale para o Sul do concelho ou para o Sudeste e para o Sudoeste, para ser mais objectivo, dada as proporções das áreas envolvidas.