A idiotice nacional pegou nessa teoria muito estúpida, e suficientemente útil aos inimigos ideológicos da propriedade privada, que não há mais lugar ao pensamento crítico capaz de esmiuçar as verdadeiras soluções para esbater esse flagelo.
Pegando no exemplo dos 500 km2 de floresta no concelho de Abrantes, cuja defesa teimam em resumir na limpeza dos matos e na aprovação de um plano operacional assente em 80 bombeiros e numa dezena de auto-tanques capazes de percorrer 20 ou 30 kms, antes do incêndio se pegar na freguesia vizinha. E pegando-se na freguesia vizinha, não ficará por ali.
Acontece que os
cerca de 200 km2 de área florestal nas sete ou oito freguesias a Norte
do Tejo, - só para se falar neste exmplo, quando a Sul as coisas ainda são mais complexas - têm uma continuidade de coberto vegetal, impossível de ser
combatido com eficácia, porque em toda essa vasta área faltam os asseiros, faltam as zonas tampão. Ninguém desenhou no terreno as faixas de amortecimento dos fogos através de corredores libertos de vegetação.
Porém, não há idiota que não aponte logo o dedo para os proprietários que não limpam os pinhais e deixam o mato e as silvas crescerem.
Gente que nunca levantou o cu das cadeiras do café para ver como se limpam os pinhais. Só gente assim é que pode falar com essa ligeireza.
Os 500 km2 de floresta em Abrantes - 500 milhões de metros quadrados - correspondem a 12.500 m2 para cada um dos 40 mil habitantes do concelho de Abrantes. Já se vê, que cada abrantino não conseguiria dar conta da área de mais de dois campos de futebol, por ano, se fossem todos mobilizados para uma luta dessa envergadura.
Admitamos então que os 500 km2 (50 mil hectares ou 100 mil campos de futebol) de floresta do concelho pertenciam apenas, a 5 mil proprietários. Nessa ordem de ideias, cada um desses proprietários teria em média que cuidar de 10 hectares de floresta ou seja 20 campos de futebol.
Acontece que com fogos de cinco em cinco anos a varrerem mais de metade desses pinhais, não terá havido pinhal que nos últimos 25 anos não tenha ardido pelo menos uma vez. Logo, o rendimento obtido da floresta poderá ter-se ficado, na melhor das hipóteses, pela metade. Mas outros houve, que não deram rendimento algum.
E nessa prespectiva, não há como responsabilizar mais os proprietários. O que há é que responsabilizar o poder local e o governo pela incompetência do ordenamento do território.
Ligar cinco, seis ou oito freguesias num coberto vegetal contínuo é uma enorme irresponsabilidade. Mesmo que se conseguissem limpar os matos, haveria sempre a forte possibilidade da propagação dos fogos pelas copas das árvores.
Ligar cinco, seis ou oito freguesias num coberto vegetal contínuo é uma enorme irresponsabilidade. Mesmo que se conseguissem limpar os matos, haveria sempre a forte possibilidade da propagação dos fogos pelas copas das árvores.
Mais: não podemos aceitar um tipo de floresta densa e contígua a atravessar freguesias com cascos urbanos pelo meio, como uma boa solução. No limite, isso é uma estupidez, que só o cinismo do preconceito ideológico contra os detentores da propriedade privada, tem deixado o assunto correr em lume brando.
A irresponsabilidade dos poderes instituídos nunca cuidou de solucionar esse problema. Floresta não é juntar 200 km2 em coberto vegetal contínuo e atirar com a resolução do problema para cima dos proprietários, como se os matos é que acendessem isqueiros ou largassem as beatas dos cigarros para o terreno.