O Bispo mostrou total incapacidade e falta de liderança, para por o Pároco Pires Coelho na ordem.
E na iminência de confrontos graves, D. António Ferreira Gomes persistiu com arrogância e com prepotência, menos próprias de um Bispo, em não mover uma palha para acalmar a situação. E, lá foi ficando por Portalegre a escrever cartas, ameaçando em 1952 poder excomungar autoridades civis, como se o país estivesse no tempo do Senhor D. João III, e no pleno vigor da Inquisição.
PASME-SE: os infamantes do Cónego, agora, estupoidamente, já estão ao lado da Igreja de D. António Ferreira Gomes.
É preciso topete!
Aqui vai a carta, que não deixo de agradecer pelo valor histórico. Mais adiante falarei da verdadeira "história" que o Manuel Traquina não soube ou não quis escrever, quando até é familiar desse Sr. Presidente de Junta.
Posso garantir, que os dinheiros em causa, eram os dinheiros das festas de verão. Aliás, os problemas rodavam sempre à volta da não prestação de contas, que alguns párocos ou a irmandade, se recusavam a partilhar com os festeiros, como se estes não tivessem toda a legitimidade em decidirem onde gastar esses dinheiros.
Atente-se, que em 1952, a freguesia estava a sofrer o maior trauma da sua vida depois das invasões dos franceses e da actual crise económica. Com efeito, sofria-se com o avanço tenebroso das águas da Albufeira do Castelo de Bode.
Por esse motivo, mal parecia que um Bispo pudesse persistir em trocar cartas com o presidente da câmara, com conteúdos absolutamente mesquinhos e patéticos.
O Sr. Manuel Dias, presidente da Junta era um homem de palavra, duro mas sério. O Sr. Machado, das Fontes era o secretário, e uma grande proprietário rural. O tesoureiro era o Sr. José Batista de Carvalhal, um comerciante experiente e honesto. quanto ao Regedor, era o Sr. António de Oliveira Passarinho, da família do Dr. Leonel Ferro Alves, conselheiro e amigo de Salazar. Uma pessoa de uma grande honestidade, que eu próprio poderei testemunhar.
O Padre Pires Coelho foi o pároco que me baptizou. Foi o pároco que veio acabar as obras da Matriz. Foi notável nesse aspecto. Todavia, era muito dado a conflitos. Foi ele quem fez quebrar o entusiasmo com as "festas de Nª Srª de Tôjo", dizendo que se as coisas continuassem mais assim, " Nª Srª de Tôjo ainda suplantava o Santuário de Fátima"...
É todo esse conflito, que está por detrás das lutas do presidente da Junta - na altura, um própero fazendeiro e um morador na Brunheta, mesmo ao lado da Capela da Srª do Tôjo.
E alguém me garantia, ter sido em miúdo, encarregue de caiar o espaço atrás do sacrário da Capela da Srª de Tôjo, para que "desaparecesse" a menção à data de 1139 e outros dizeres, tudo isso com o claro intuito de fazer desvalorizar a importância daquela Capela, que o Padre Rafael de Mendonça, pároco no Souto, reconstruiu e lhe conferiu outra dignidade, tendo recebido um alvará Régio de Filipe III, de 13 de Julho de 1619. Um alvará, que o Dr, Candeias se gabou de ter em seu poder, e que só não foi publicado no seu livro subsidiado pela CMA " Abrantes no tempo dos Filipes", porque imaginem tão estranho lapso: o Dr. Candeias esqueceu-se de o publicar. Esquecer-se de um documento daquela importância, dá mesmo que pensar.
( vamos voltar mais tarde, com toda a história...)