Há um leito de rio. E com o aplauso de Sócrates (2000), do Barroso (2003), do Isaltino (2003), do Relvas(2003), dos ministros, Morais Sarmento e António Arnault (2004) e a grata contribuição da CE, com metade dos 20 milhões no Açude do Aquapolis lá terminou a "grande obra", - um lago artificial, denominado " Mar de Abrantes", com um espelho de água entre as cotas 22 e 24 - com a inauguração pelo mesmo Sócrates, já 1º ministro, para três meses depois vir o mesmo Sócrates, anunciar o Plano Nacional de Barragens, que dava esse mesmo açude submerso em 6 ou 7 metros, abaixo da célebre cota 31 da Barragem de Almourol.
Uma barragem com aturados cálculos, mas que não resistiu ao "parecer técnico" do electricista da autarquia de Constância. Nascia assim, a fantasiosa barragemn da Fatacinha.
A cota 31, que o INAG "fez baixar por decreto simplório" para a cota 30, aterrorizou toda a gentinha crente da Borda D´ Água. Pese a barragem do Almourol nunca ter sido projectada para barragem de represamento - isto é, não ficava ali cheia de água na cota 30 todo o ano. Era uma barragem tipo " fio de água" - querendo com isso significar, que tinha a cota de enchente, que os caudais do rio Tejo permitissem, incluindo as cotas mais altas alguma vez conseguidas e registadas no leito do Tejo, como foi o caso histórico e anormal, das cheias de 1979 - cota 35 - e com as cheias de 1982, na cota 33. De então para cá, a cota de cheia, mais recente e mais expressiva fora em 2006, precisamente durante quatro dias de cheias, com valores, entre a cota 31 e 32. Ficaram os jardins do Aquapolis e de Constância alagados.
E mais ninguém conseguiu ver explicada uma coisa muito simples, mas muito escamoteada, por razões de cegueira ideológica e outras canalhices bem óbvias: o " fio de água" queria dizer que o plano máximo da albufeira só atingia a cota 30, quando o caudal do rio Tejo, por força das cheias chegasse a esse ponto e durante as horas ou os dias que com barragem ou sem barragem nunca deixariam de atingir esses níveis de cheias.
Estava bom de ver! Mas poucos quiseram ver... Venceu o obscurantismo patego...
Mas tudo bem! Era por uma boa causa...
A estupidez livremente deslizante na Borda D`Água nunca achou por bem fazer contas ao destino a dar aos caudais.
Uns queriam mais água, para haver mais peixe, quando apertassem a cana entre as mãos. Eram os amantes da natureza.
Outros eram os desportistas do kayak, do remo e afins, que queriam mais água a descer o rio Tejo, sem dar conta de que esse precioso líquido acabava nas costas dos EUA e de África, sem mais ninguém lhe ver o rasto.
Outros queriam a água para o seu "Mar de Abrantes" e queriam porque podiam mandar. E havia dinheiro a rodos.
Outros pategos adoravam ver os jardins plantados à beira-rio, mesmo sabendo que às primeiras cheias, como se viu em 2006, lá ficava tudo debaixo de água. Mas era a natureza, tudo bem. E o dinheiro era da CE...
Um tal vice-presidente, muito agarrado à água e a outras coisas jurou ver a salvação divina, na submersão do açude imposta pela barragem do Almourol. Estava à vista o "sequestro municipal" diante da iminente falência da manutenção do açude, o que seria trágico. Logo uma "indemnização" de Almourol via EDP ou outra congénere seria oiro sobre azul.
Acontece que as águas do rio Tejo também pertencem a Espanha. É uma partilha muito complexa e desigual, até pela desigualdade pela dos caudais. Quando há cheias os espanhóis não a querem lá pelas terras e canais deles, pois em excesso só prejudica. Mas quando falta, aí todos os m3 são regateados ao litro. Há acordos escritos, mas as interpretações que espanhóis e portugueses fazem, nem sempre agradam a ambas as partes. A água pode vir a ser a causa de futura guerra mundial, como asseguram alguns, diante da iminência da sua escassez, que se faz sentir cada vez mais.
Guardar caudais nas barragens já se viu, que é coisa que alguns fazem arredar da discussão pública com maldições e insultos canalhas.
PASME-SE!
Até houve no Rossio quem jurasse que com a cota 30, e estando a zona ribeirinha a seguir aos estacionamentos e ao clube de campismo acima da cota 31, com a rotunda do Rossio na cota 33, toda a freguesia iria ter à sua volta umas muralhas com mais de dez metros de altura, para a proteger da inundação, não das cheias do Tejo, mas do espelho de água dessa barragem de Almourol, num "fio de água" à cota 30. Quer dizer, a cota 30 no leito do rio virava por artes mágicas, para a cota 40 para as margens ribeirinhas, dentro do Rossio?! Como é que era isso feito?! Nem as pensaram, antes das dizerem...!!!
Também ninguém quis falar do reforço dos lençóis de água, bastante carenciados pelos "depósitos" e reservas de água armazenadas com controlos técnicos no leito do rio, e especialmente no Rio Torto ou no Taínho de Alferrarede ou na Ribeira de Rio de Moinhos e da Ribeira da Abrançalha ou da Amoreira. Nada disso contava para nada. Era preciso água para a malta pescar e cozinhar o peixe depois de amanhado...
Então, amanhem-se...