Nos idos de 1975 surgiram as cooperativas de rega, com captações individualizadas e pagas pelos respectivos cooperantes e total ausência de subsídios ou apoios públicos, na albufeira do Castelo de Bode. Na freguesia do Souto nasceu a primeira, no Souto e a seguir outra em Bioucas. Quase em simultâneo, e indo buscar a personalidade jurídica aos mesmos "estatutos de cooperativa" que eu próprio havia elaborado graciosamente, para a CIDAS, a Cooperativa de Irrigação do Souto, de que fui sócio fundador, surgiram as cooperativas da Aldeia de Mato e da Carreira de Mato.
Essas quatro cooperativas foram as únicas que surgiram em todo o Norte do concelho de Abrantes, - curiosamente, na que é hoje a área geográfica da "União das Freguesias de Aldeia de Mato e Souto, o que não deixa de acrescentar alguma identidade peculiar à sustentabilidade da nova agregação administrativa.
O que seriam hoje, Aldeia de Mato, Carreira de Mato, Souto ou Bioucas sem essa água?
Aqui está uma pergunta que merece muita meditação. Ali não houve um cruzar de braços à espera que a câmara ou o Estado viessem ajudá-los. De resto, a ajuda do Estado já vinha faltando desde a submersão forçada de 1951. Nenhuma contemplação estatal do Estado Novo para com as gentes, que de um dia para o outro se viram privadas das melhores hortas ribeirinhas.
Dá que pensar, quando se sabe que a Protecção Civil Municipal nunca cuidou de usar desse potencial hídrico, sustentado por quatro enormes depósitos dentro das aludidas povações ( dois deles , com 600 m3 de água, quando cheios), permanecendo ainda hoje, decorridos estes anos todos, imensos incêndios no registo trágico dessas duas freguesias.
Que país é este?
Eis mais uma fonte de preocupação para não ignorar neste Natal. O politicamente correcto e a manipulação dos media não nos podem capturar de todo. Afinal, o que sobra da liberdade das populações?