... Diz o economista e jornalista director da Rádio Renascença o seguinte:
-"... Quando a qualidade de vida decai nos grandes aglomerados do litoral( por causa dos engarrafamentos de trânsito, nomeadamente), o progresso das telecomunicações atrai gente para uma vida mais calma em cidades do interior.
mas não haja ilusões: os grandes centros urbanos continuarão a oferecer bens que o interior, mesmo em cidades de média dimensão, não consegue disponibilizar. A nível pessoal e profissional...
E o pior dos irrealismos é pensar que uma reorganização político-administrativa como a regionalização, feita a partir de cima e sem CORRESPONDÊNCIA com as forças vivas locais, seria capaz de inverter a desertificação fdo interior".
Interessante verificar que o autor não aprofundou a questão, e acabou confundindo a "competição" das cidades de média dimensão com "os grandes centros urbanos", no mesmo erro que caíram os autarcas municipais socialistas, de há 14 anos a esta parte.
Isto é, quererem repetir em Abrantes a concentração de todos os habitantes, no chamado perímetro urbano da cidade, mesmo que alargando-o às sete freguesias classificadas de urbanas.
E como já os próprios autarcas socialistas confessaram foi um erro querer concentrar todos os abrantinos na cidade. Daí, terem "inventado" outro logro como foi os lotes nas Urbanizações municipais de S. Facundo/Arreciadas, Bemposta e Tramagal. Quando tinha sido mais fácil flexibilizar o perímetro urbano do PDM, de todas as sedes das 12 freguesias rurais ou das segundas povoações mais importantes nessas mesmas doze freguesias.
O erro só concebível nos autarcas socialistas, porque alguns deles nem sequer eram abrantinos. Logo, não tiveram a sensibilidade suficiente para perceberem que o vínculo à terra só podia pesar ou fazer sentido na maior parte dos abrantinos, desde que se pudessem fixar na sua aldeia ou ao menos na sede de freguesia da sua terra natal e nunca trocarem Lisboa pela cidade de Abrantes onde se sentiriam ainda mais estranhos e desenquadrados.
Porque a escolha entre viver, investir e trabalhar em Abrantes ou Lisboa, as preferências acabavam sempre - como se tem vindo a acentuar - por recaírem sobre a capital do país.
O único elo que poderia fazer pesar na decisão - determinante - dos abrantinos seria sempre o factor de fixação da residência na sua terra natal, independentemente, da sua profissão que poderia ser localizada na cidade ou na área industrial mais adequada, mas dentro de Abrantes.
Os autarcas socialistas desconhecedores desta atracção dos abrantinos pela sua terra natal, desvalorizaram esse pormenor que acabou por se revelar fatal para as aspirações do concelho.
Com a A-23 à porta todos vão rumando para Lisboa, porque a panorâmica de desertificação acentuadadas nessas 12 freguesias deu-lhes um sério aviso, de que o contágio às restantes sete do concelho era uma questão de tempo. Veio a confirmar-se!
Todas as freguesias rurais pedem população e não se vêem as sete freguesias urbanas a recuperar e a crescer. Acabam mesmo por seguir o rumo das rurais...
Ideias imbecis dos pseudo-ambientalistas também ajudaram à festa. Em vez de recuperarem certos crescimentos desejáveis para perpetuar a vida dessas freguesias, tudo limitaram e asfixiaram dentro de uma linha de perímetro aedificandi do PDM, como se as aldeias pudessem ser emanações modernas e higienizadas dos velhos campos de concentração nazi...
Foi essa mentalidade neo-nazi que impediu que o PDM não contemplasse em cada freguesia uma área de crescimento nuclear, fora do espaço urbano das aldeias para que estas preservassem a sua identidade típica, mas pudessem sentir vida e animação moderna muito próximas de si.
Se quiserem, o Norte do concelho poderia ter mantido inalteráveis os espaços dentro da linha dos 500 metros do perímetro da albufeira, crescendo com núcleos urbanos modernizados nos espaços de Martinchel, Aldeia do Mato, Carreira do Mato, Souto e Carvalhal mais próximos da E.N. 358.
Chamassem-lhes "aldeamentos turísticos" ou não, esses espaços teriam tido a virtude de relançarem um novo conceito de vida rural de proximidade...
E os seus habitantes teriam conhecido e apreciado imenso poderem desfrutar desse ambiente de cidadania mais participativa e identificada com as suas origens, do que essa cidadania artificial e massificada imposta aos desenraizados habitantes da Encosta da Barata, do Vale de Rãs ou dos Telheiros/Chainça...
Lá está, os espaços municipais poderiam hoje surgir no intervalo entre a Srª da Luz e o Paúl e a E.N.-358, com os espaços para lares, clínicas, escolas, residenciais devidamente servidos com novas vias estruturantes.
Haveria aí uma espécie de novos "Vale Mansos", mas com a particular importância e cautela de não estarem já a asfixiar a albufeira. Tanto mais que os esgotos tombavam mais facilmente, para etares a sul e nunca para etares sobre a albufeira.
E as entradas da cidade, nunca poderiam continuar com os "Olho de Boi" ou túnel do Rossio ou a explosiva Arrifana...
Porque manter o "Olho de Boi" estrangulado e sobrelotado como as fotos mostraram atrás, só estamos a querer copiar o que de pior existe nos subúrbios de Lisboa ou mesmo dentro da capital.
Ora, os cidadãos abrantinos cedo concluíram: mal por mal, antes na capital!
Foi o erro dos socialistas e dos sociais democratas a ajudarem à missa, com as unanimidades interrompidas seis meses antes das eleições, só para inglês ver!
Antº. Costa " esticou " demasiado a corda resumindo todo o problema à limpeza da floresta. Mas a que vai ser feita pelos privados. Pura falácia. O Estado, ainda tem muito mais a fazer. Faltam condições de dignidade social e económica aos rurais. Sobra muita floresta onde escasseia árvores de fruta, vinha e criação de gado. Uma vida equilibrada, rica e variada. Marcelo não escondeu quanto o segundo relatório aprofundou em relação ao anterior. Ainda havia (e há!) coisas por saber.
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INICIADO em 27.10.2007