O Senhor Dez milhões
Não importa onde gastar. Não importa saber de onde vem. Não importa saber para que serve. Não importa saber se faria falta noutra necessidade essencial. Basta haver, para se gastarem mais dez milhões!
Seguramente, tanto quanto julgo saber este não é o exemplo da Escandinávia, nem já dos países das Arábias. Mas há um país na Europa que por sinal se candidata ao último lugar - com toda a probabilidade, Medina Carreira assegurou como plausível já em 2020.
Precisamente, um ano depois de inaugurado pelo 1º ministro, o Projecto Aquapolis ( 20 milhões de contos da CE e do Estado), e o seu emblemático açude insuflável de alta tecnologia nipónica ( 5 milhões só no insuflável), vem o autarca de Abrantes desvalorizar o facto, de ir ficar submerso pela futura Barragem de Almourol.
Barragem essa, que ele próprio é o primeiro a reconhecer, que já toda a gente sabia há décadas ( os estudos são do INAG e de 1995), da sua probabilidade. Facto, que qualquer autarca experiente não deixaria de ponderar aquela estranha simultaneidade.
Agora, essa alta tecnologia nipónica não passava já de uns pneus que iriam ficar lá no fundo da albufeira. E pensando nos 10 milhões da indemnização, até achava amigável aquela nova cota que baixou da previsão inicial da cota 31 para a cota 24, com que foi a concurso e pelo menos a Endesa Portugal parece mostrar-se interessada.
Paradoxalmente, essa cota 24, dita “amigável”, quando o insuflável está na cota 23, dá imenso que pensar… Ao ponto de não se encontrar outro adjectivo tanto ou mais “ amigável”, se por ventura a cota da albufeira ficasse um metro abaixo do açude, isto é na cota 22. Porém, o autarca parece antes convergir para este raciocínio, mais linear:
Venham lá esses dez milhões da indemnização e todos ficaremos amigos!...
Entretanto, a CE já reforçou esse auxílio com outros 10 milhões de euros, – ao que parece é a bitola mais amiga de Abrantes – neste caso, para um “caixotão” com uma altura tripla dos edifícios adjacentes no Centro Histórico da cidade, que irá chamar-se o Museu Ibérico.
Presente o ministro da Cultura para dizer que esperava que o Museu só teria sucesso se a Comunicação Social local e regional, desde já, soubesse explicar às pessoas o que era o Museu e se criassem os circuitos turísticos necessários, aspecto que desmascara o mérito da obra enquadrada pelo QREN.
Sim este é o país onde os camionistas paralisam a economia e deixaram o Estado vulnerável, que uma vez levantada a paralisação, logo permitiu ao Presidente da República expressar de Saragoça, onde se encontrava, os votos de congratulação…
Acrescente-se: Abrantes há 200 anos sofreu a pilhagem das tropas de Junot e do seu adjunto, o General “ o Maneta”. Mas não foi com ele, pelo menos nessa altura!
Antº. Costa " esticou " demasiado a corda resumindo todo o problema à limpeza da floresta. Mas a que vai ser feita pelos privados. Pura falácia. O Estado, ainda tem muito mais a fazer. Faltam condições de dignidade social e económica aos rurais. Sobra muita floresta onde escasseia árvores de fruta, vinha e criação de gado. Uma vida equilibrada, rica e variada. Marcelo não escondeu quanto o segundo relatório aprofundou em relação ao anterior. Ainda havia (e há!) coisas por saber.
terça-feira, 17 de junho de 2008
BLOGUE PICO do ZÊZERE ABT
INICIADO em 27.10.2007