Olhando para a foto abaixo da encosta Sul com meia dúzia de moradias, percebe-se logo como até o Centro histórico mais acima tem que acabar vazio, deserto...
Aquelas seis moradias podem cumprir a felicidade dos seus ocupantes, deliciados com aquela implantação, mas não cumprem com a urbanidade necessária da cidade: densidade construtiva e logo densidade humana, dimensão humana, sustentabilidade como cidade e não necessariamente, como a "canibalização" do espaço vclocado às portas da cidade, apenas para meia dúzia de famílias...
Isso era a soberba de Miguel Sousa Tavares, quando se insurgia porque apareceram mais um ou dois vizinhos a construírem ao lado da sua casa, na falésia da Praia do Pinhão, e que desde que o pai Francisco foi ministro do Ambiente decretou não ser mais possível construir casas nas falésias... Ao lado da sua, vejam bem a oportunidade da lei...
Cavaco, que nos incomodou esta sexta-feira, também decretou mais o seu actual Chefe de Gabinete, o ex-ministro do Ordenamento Nunes Liberato, que a construção à beira-mar, só a mais de 200 metros, porque a sua imponente MariAni ( anagrama de Maria e Aníbal), no Algarve está a mais de 200 metros, e à sua frente tem uma estrada privativa, logo a mediar, só mesmo o mar mais uns cardos selvagens nas rochas da falésia...
Se entre estas moradias, o Convento de S. Domingos e o Jardim da República é este vazio, ninguém pode esperar uma normal sustentabilidade de cidade e de movimento mínimo para animar o Centro Histórico.
As cidades também morrem...
Neste caso, a animação está à mercê destas seis famílias e de mais uns poucos vizinhos, que desfrutando daquelas vistas das suas próprias casas, porque razão hão-de subir aos cafés e esplanadas dos Terraços de S. Domingos?!
Ou dito de outra maneira, quem é que se arrisca a criar esplanadas e bares e restaurantes nos Terraços de S. Domingos, se ao seu redor só vê meia dúzia de moradias e nem tão pouco construíram uma estrada moderna de acesso convidativo, quando até sobram espaços para os necessários estacionamentos automóveis?!
A cidade não funciona com romanescas apostas de construção isolada e pouco densa, para satisfação bacoca de uns tantos teóricos do urbanismo...
Só uma nota ao edifício sobranceiro ao Largo 1º de Maio, na foto de cima:
- A muralha merecia ter sido rasgada por duas arcadas e a volumetria ter descido mais dois pisos até ao nível do passeio da Esplanada, pois isso só valorizava o Largo e harmonizava o espaço envolvente, demasiado obscuro e triste.
Lá está é a tal densidade que lhe faltou...