Ao perguntar à entrevistadora à segunda vez a razão daquela frase " de discurso nem sempre entendível" a explicação em jeito de justificação acabou por revelar uma espécie de reserva mental que pairava sobre mim desde os tempos que comecei a intervir na Assembleia Municipal, no período final destinado ao público, geralmente uns escassos 5 a 7 minutos.
Foi-me adiantado este pormenor deveras revelador: "era a opinião generalizada de todos os que se costumavam sentar junto dela (a dita jornalista), na sala onde decorriam as reuniões da Assembleia Municipal".
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Ainda perguntei com ironia, que talvez a jornalista se sentasse ao lado dos deputados da bancada socialista ou mais tarde, da bancada social democrata.
Mas aí ela foi peremptória, pese algum enigma: " o Sr. sabe bem que eu sentava-me num espaço muito bem identificado..."
Com efeito, havia sempreuma bancada formado por duas ou três mesas onde se sentavam cerca de quatro a seis jornalistas da comunicação escrita e radiofónica de Abrantes.
Logo, esta afirmação da jornalista fere e injustamente, pela generalização que faz a toda a classe jornalística, coisa que eu não acredito sequer.
E não é nada abonatória da classe. Nega uma das características mais emblemáticas da classe que é a procura da verdade e a decifragem dos aspectos menos claros.
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Entendamo-nos, " um discurso nem sempre entendível" é coisa que a ser verdade, merecia desde logo, uma pergunta ao próprio, em defesa da verdade que o autarca vereador por alguns períodos já em 2002 e 2003, certamente poderia não ter desvendado.
Era dever dos jornalistas - a haver essa ideia do menos entendível - de decifrarem esses "códigos" ou enigmas.
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Porque não o fizeram?!
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Claro que há um antecedente em tudo isto e que demonstra um curioso "alinhamento informativo", não sei se intencional ou não.
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Em Setembro de 2002, logo após a minha primeira intervenção como vereador substituto de Junho a Agosto desse ano, o vereador Júlio Bento e oito dias depois o vereador e vice-presidente Pina da Costa escreveram, cada um sua carta dirigida à Directora do "Nova Aliança" a Drª Ana Soares Mendes.
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O que diziam essas cartas?
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Alinhavam ambas pelo mesmo diapasão da falácia: desacreditar o vereador João Pico. Estava a ficar incómodo nos meus escritos.
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O vereador Júlio Bento pretendia questionar se seria mesmo eu a escrever naquela meia página do " Nova Aliança", o que em si mesmo, era revelador de alguma contradição, pois admitia que o que vinha escrito era feito com alguma qualidade, que segundo ele não coincidia com a ideia que ele queria fazer de mim.
Depois insurgia-se contra os termos em que eu atacava o PDM, como se a proibição gratuita de construir uma casa fosse algo intocável.
Finalmente "apelava" com sabor a "dar ordem", para que me retirassem aquela meia página no " Nova Aliança".
Reparem bem nisto. Um vereador em 2002, já não poderia escrever num quinzenário local!
Liberdade para que te quero.
Coloquei a minha colaboração nas mãos da Directora e frontalmente lhe disse:
-Não quero criar dificuldades ao jornal.
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A Directora Ana Soares Mendes - honra lhe seja feita - não aceitou a minha suspensão e disse que as verdades são para se dizerem...
Isto em 2002!
O que não valeriam hoje essas afirmações?!
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Do vereador Pina da Costa a conversa era a mesma....
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Mais tarde em 2005, Abril, foi a vez de Alves Jana, declarar-se contra a atribuição daquela meia página no " Nova Aliança" a mim, porque eu dizia e escrevia coisas que ninguém entendia...
Denunciava irregularidades e maus desempenhos camarários. Ora isso era coisa que ninguém podia entender.
Mas estão os munícipes e fregueses a sofrerem por essas más decisões e maus desempenhos, a toda a hora.
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Portanto, o " menos entendível" afinal já vem de longe e entende-se muito bem qual o propósito da manipulação e do silenciamento.
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A verdade é como o azeite em água...