O que o Engº Fonseca Ferreira aproveitou de Richard Florida foi demasiado "forçado", para nos levar à Estação Terminal do TGV para o espaço deixado vago pelo aeroporto da Portela. Tantas voltas Sr. Engº, para afinal ir parar à Portela...
Nem precisava invocar o " Mundo é Plano" de Fiedman, que continua correcto: hoje podemos ter "Sillicon Valley" por tudo quanto é sítio, nos chamados " BRICs"
(Brasil,Rússia,Índia e China) ou nos países designados em sentido pejorativo por "PIGS" ( Portugal, Italy, Greece and Spain).
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Aliás, por cá, até já temos a TAGUS VALLEY...
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Richard Florida iniciou a sua investigação em meados dos anos 80, quando a ideia base do desenvolvimento económico assentava na criação de mais postos de trabalho...
Porém, no início dos anos 90, esta ideia provou ser altamente ineficaz, surgindo um conceito de cluster, que, como veremos, iria ser objecto de sucessivas alterações.
O tal cluster (que vai de encontro às definições de zona industrial tipicamente portuguesa) não funcionaria por si só, necessitando de forma vital de uma dinâmica impressa somente pelo apoio do estado e pela presença de uma universidade ou instituto de investigação que permita posicionar a “zona industrial” no topo da vanguarda.
Refira-se que por cá ainda (só) agora andamos a falar na ESTA com o grosso da Escola de Jornalismo e agora "Escola de Cinema", para a "deslocalizar" para a Zona Industrial do Tecnopolo...
E sem sabermos o que fazer à Biblioteca do Convento de S. Domingos...
Talvez que o Arquivo Histórico debesse ficar mesmo no Convento e uma segunda Biblioteca Técnica de Gestão e Economia pudesse ser criada no Tecnopolo...
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Atente-se no caso de Pittsburgh. Esta cidade, conhecida pela sua indústria metalúrgica, perdeu, no espaço de um ano, 750.000 pessoas pela estagnação fatal que atingiu a dinâmica industrial. Florida, que trabalhou directamente com esta cidade aquando da sua presença na universidade local, instalou a sua ideia de dinamismo industrial, o que acabou por dar origem a outro conceito de cluster.
As consequências surgiram de forma automática, com a criação de 100 novas florescentes indústrias, da qual se destacava, pelo seu rápido crescimento, a Lycos. Porém, e seguindo um ciclo que se começa a tornar fatalista, a Lycos acabou por se mudar para Boston.
Florida acabou por descobrir que isto aconteceu não pela falta de lucros, nem mesmo por condições deficientes de trabalho ou prejuízos a qualquer nível, mas sim pela falta de criativos na zona. Segundo a Lycos, estes criativos eram essenciais ao funcionamento da empresa, já que, em articulação com a investigação universitária, elevariam os níveis de produção a patamares impossíveis com esta definição de cluster, e acabaria por potenciar de forma acrescida o crescimento económico da Lycos.
A teoria vigente até então dizia que à medida que os postos de rabalho iam sendo criados, os trabalhadores iam-se movimentando para o espaço urbano circundante. Porém, na teoria do cluster: estava-se a evoluir de uma economia centrada na combinação entre recursos económicos, matérias primas e força de trabalho para uma outra centrada na força das ideias. Estamos a entrar naquilo a que se chama economia pós-industrial ou economia do conhecimento. Para Florida, a criatividade é um direito transversal ao ser humano, comparável ao direito à vida, à educação e à saúde.
A proliferação deste modelo económico atingiu proporções titânicas, se virmos que:
· A ‘criatividade’ ocupa entre 20 a 25% da economia nacional, um valor relativamente baixo se tivermos em conta os 45-55% na Escandinávia.
· 150 milhões de pessoas dedicam-se exclusivamente ao sector criativo.
· O produto económico gerado por esta percentagem da população é imensamente superior ao restante.
Chega-se, através destes dados empíricos, à conclusão de que este progresso em tal espaço de tempo é somente igualável à Revolução Industrial do séc. XIX.
Facilmente nos apercebemos que cada ser humano é um ser criativo. O ‘segredo’, segundo Florida, está em libertar essa criatividade até ao simples operário fabril. A Toyota, tida como o expoente máximo do pragmatismo neste modelo, defende que casa indivíduo é, segundo o economista, “um cérebro de inovação com a possibilidade de melhoramento e progresso contínuos”. Até em agricultura deveria ser expandida esta ideia, segundo o economista.
Reside, contudo, a crítica: porque não poderiam os criativos ter-se movimentado para a Lycos, quando no fim aconteceu o oposto?
Criatividade, segundo Florida, implica tolerância, sem qualquer tipo de discriminação social, racial, étnica, sexual ou económica. Segundo dados estatísticos, um indivíduo é tão mais feliz quanto mais tolerante é o espaço social em que este se encontra. A tolerância e a felicidade conduzem à auto-expressão, condição sin equa non para o desenvolvimento da tão desejada criatividade. Ainda que não nos assemelhe como tal, o espaço urbano em que um indivíduo se insere tem uma importância cada vez maior no crescimento económico desse mesmo indivíduo.
Para comprovar isto, basta ter em conta que as 40 mega-regiões do planeta englobam cerca de 18% da população mundial, ainda que produzam (curiosamente) dois terços de todo o crescimento económico. Lisboa, uma das tais mega-regiões está a concorrer, segundo Florida, não com a Índia ou a China, mas com as outras regiões: Shangai, Tóquio, Londres, Paris-Amesterdão, Boston-Nova Iorque, …
Consequentemente, os países mais abertos e tolerantes são mais inovadores, já que a sua população pode expressar-se mais livremente e estão mais abertos a experiências novas. Resumidamente, e em pé de igualdade, podemos enumerar dois factores que influenciam o local escolhido pelas populações para viver: a existência de um emprego excitante e um tecido social tolerante e aberto presente num espaço urbano agradável.
Enfim, podemos pensar, segundo Florida, no desenvolvimento económico como sinónimo de desenvolvimento criativo, sendo que o espaço urbano ocupa um lugar de destaque nesta conjuntura. Aliás, se pensarmos no título da apresentação (“Os 3 T’s (Tolerância, Talento, Tecnologia) do Desenvolvimento das Cidades/Regiões”), facilmente nos apercebemos que esta ideia resume-se num quarto T que engloba todos os outros: Território.
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É também preciso esclarecer, se esta teoria é aplicável ao sector educativo. Será que o conceito de aprendizagem é compatível com esta criatividade? Não terão os aprendentes que deixar de parte o seu eu para aprender e só seguidamente dar conta da sua criatividade? Mais uma questão não respondida pelo sr. Florida.
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Já agora, será que a mentalidade predominante poderá continuar a ser contra os empresários e contra as empresas?!
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Finalmente, nós por cá, para além do caos de Olho de Boi, não teremos outros desconfortos, desde as valetas de esgotos logo ali na Barca do Pego, em Alferrarede Velha ou lá longe nas Bicas?!
Os coliformes fecais na "praia" do Aquapolis?!
O " mar de Abrantes" escasso demais ao excluir Tramagal e Rio de Moinhos?!
O PDM obsoleto demais, para poder ser regra apresentável a gente evoluída?!
Fora os "Editais" da "Lei Seca" contra os horários que acabaram na mesma e não se sabe para onde irão depois...
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Abrantes está a precisar de uma grande volta...
Não sei é se ainda há quem queira falar do assunto...
Antº. Costa " esticou " demasiado a corda resumindo todo o problema à limpeza da floresta. Mas a que vai ser feita pelos privados. Pura falácia. O Estado, ainda tem muito mais a fazer. Faltam condições de dignidade social e económica aos rurais. Sobra muita floresta onde escasseia árvores de fruta, vinha e criação de gado. Uma vida equilibrada, rica e variada. Marcelo não escondeu quanto o segundo relatório aprofundou em relação ao anterior. Ainda havia (e há!) coisas por saber.
BLOGUE PICO do ZÊZERE ABT
INICIADO em 27.10.2007