A frase do autarca escalabitano, “ser presidente de câmara não é o meu modo de vida”, representou um falso desprendimento, agravado pela sobranceria na revelação de quem só admite uma recandidatura depois de ouvir a sua própria família pelo Natal…
Também não colhe o alargar dessa consulta determinante, não aos seus munícipes, mas ao editor dos seus livros, porque este vem “sofrendo” com o atraso de três livros prometidos concluir pelo escritor autarca. Há aqui uma incompatibilidade, muito ao jeito do ditado, de quem muitos burros toca, algum há-de deixar para trás.
A história deste autarca não teria tanta importância, se não fosse o caso do mesmo ter sido um dos três “padrinhos” sentados à mesma mesa e ao lado do candidato do PSD à Câmara de Abrantes, a apontarem aos abrantinos o caminho de “Aljubarrota”…
Só que não eram naturais de Abrantes e o “afilhado” vinha de Leste, dos lados de Espanha, do ditado: nem bom vento, nem bom casamento!
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Baile mandado! Havia outro padrinho, famoso advogado, que apoiou o colega advogado. Chama-se a isto fazer justiça em causa própria. Pena que se tivesse esquecido das suas obrigações como fundador do PS no concelho, cujas consequências nessa sua omissão, resultou na entrega a um jovem professor, desconhecido da terra, dos destinos do concelho com os resultados que se conhecem. Essa omissão foi grave. Porque o PS local detentor de maiorias, não é coisa que se abandonasse de ânimo leve. Mas foi abandonado.
Portanto, “padrinhos” destes valem o que valem…
Conduzidos a este patamar, há que saber avaliar as coisas com total abertura e desprendimento. Não foi por acaso que o “cartoon” do insuspeito “Mirante” (por regra, nada generoso com o CDS), incluiu o candidato do CDS, sublinhando que desta vez os opositores do candidato PS são portadores de grande bagagem cultural.
Vamos aos candidatos: um professor de filosofia, um professor/advogado, que não são de Abrantes, e um empresário, que estudando à noite, só chegou ao 2ª ano de Direito.
Baile mandado! Havia outro padrinho, famoso advogado, que apoiou o colega advogado. Chama-se a isto fazer justiça em causa própria. Pena que se tivesse esquecido das suas obrigações como fundador do PS no concelho, cujas consequências nessa sua omissão, resultou na entrega a um jovem professor, desconhecido da terra, dos destinos do concelho com os resultados que se conhecem. Essa omissão foi grave. Porque o PS local detentor de maiorias, não é coisa que se abandonasse de ânimo leve. Mas foi abandonado.
Portanto, “padrinhos” destes valem o que valem…
Conduzidos a este patamar, há que saber avaliar as coisas com total abertura e desprendimento. Não foi por acaso que o “cartoon” do insuspeito “Mirante” (por regra, nada generoso com o CDS), incluiu o candidato do CDS, sublinhando que desta vez os opositores do candidato PS são portadores de grande bagagem cultural.
Vamos aos candidatos: um professor de filosofia, um professor/advogado, que não são de Abrantes, e um empresário, que estudando à noite, só chegou ao 2ª ano de Direito.
Portanto, de entre os três candidatos, o único sem curso superior é o candidato do CDS. Ora a falta de diploma universitário não é penalizadora. Constitui hoje em dia uma melhor identificação com o comum dos eleitores, que não precisaram da universidade para a sua sábia vivência no governo da sua casa.
Depois é bom não esquecer, que não há cursos superiores com essa especificidade: de curso de presidente de câmara!
E ser professor parece que também não é um certificado determinante. Muito menos, já ter sido professor. E ser advogado depois de ser professor, também não.
Porque há mais vida para além das universidades e há muitas coisas que já não se ensinam nas faculdades. Aprendem-se pela dificuldade da vida.
Eu sei o que sofreram os munícipes, porque lidei e questionei e peticionei dezenas de câmaras municipais ao longo de mais de 45 anos. E ter começado aos 13 anos, nas férias do liceu, a pegar no projecto, no martelo e no serrote nas obras ao lado do meu pai e ter aprendido a profissão de carpinteiro, como os meus avós, meu pai e meus tios, até acabar sócio de uma empresa de construção, não tem nada que me possa diminuir.
Quis uma daquelas crises e imponderáveis tão frequentes na construção civil ter apanhado o meu pai nas armadilhas da burocracia camarária, colocando os pequenos prédios sob penhora do agiota. Foi aí, que um amigo nosso nos apresentou uma advogada, (há dois anos disse ao filho, o deputado Francisco Louça, que sua mãe estava para a advocacia, como o Dr, João Semana estava para a medicina, o que o deixou muito comovido), de seu nome Drª Noémia Neves Anacleto, que me aconselhou a seguir Direito pois viu no meu desempenho nessa batalha jurídica, boas capacidades.
Não, eu não tenho que “reinventar” Aljubarrota alguma, nem dizer que ganhei esta ou aquela causa para os meus clientes. Eu salvei os bens de família e fui ficando por perto dos negócios do meu pai. Não tive que sair de casa para provar a minha maioridade. Eu fiquei dentro da casa paterna a defender a família, a fazer-me adulto em idade muito jovem, sem embargo de casar, de ter filhos e criá-los. E porque não nasci em berço de ouro, sei muito bem o que custa a vida.
Se andei na construção tinha que trabalhar directamente com câmaras municipais. Isso não é nenhuma desvantagem, nem tem que ser ocultado. Pelo contrário é uma experiência muito valiosa. Por isso, estou perfeitamente identificado com os desempenhos das câmaras, das várias câmaras que percorri e sofri nos corredores e nos guichets por um despacho do técnico e do burocrata, muitas vezes, dentro daquela ardilosa teia de criar dificuldades para vender facilidades...
Comigo cada munícipe que entrar à porta da Câmara não sai com uma mão cheia de nada. Porque não é essa a missão de uma Câmara Municipal. Nem eu sou pessoa para deixar um munícipe a sofrer injustiças e a encolher os ombros com o recorrente: “pois é, sinto muito, tenha paciência, mas não há nada a fazer…
Essa conversa da treta, não é o meu modo de vida!
João Baptista Pico
Edição 21 de Novembro de 2008 – Jornal de Abrantes
Depois é bom não esquecer, que não há cursos superiores com essa especificidade: de curso de presidente de câmara!
E ser professor parece que também não é um certificado determinante. Muito menos, já ter sido professor. E ser advogado depois de ser professor, também não.
Porque há mais vida para além das universidades e há muitas coisas que já não se ensinam nas faculdades. Aprendem-se pela dificuldade da vida.
Eu sei o que sofreram os munícipes, porque lidei e questionei e peticionei dezenas de câmaras municipais ao longo de mais de 45 anos. E ter começado aos 13 anos, nas férias do liceu, a pegar no projecto, no martelo e no serrote nas obras ao lado do meu pai e ter aprendido a profissão de carpinteiro, como os meus avós, meu pai e meus tios, até acabar sócio de uma empresa de construção, não tem nada que me possa diminuir.
Quis uma daquelas crises e imponderáveis tão frequentes na construção civil ter apanhado o meu pai nas armadilhas da burocracia camarária, colocando os pequenos prédios sob penhora do agiota. Foi aí, que um amigo nosso nos apresentou uma advogada, (há dois anos disse ao filho, o deputado Francisco Louça, que sua mãe estava para a advocacia, como o Dr, João Semana estava para a medicina, o que o deixou muito comovido), de seu nome Drª Noémia Neves Anacleto, que me aconselhou a seguir Direito pois viu no meu desempenho nessa batalha jurídica, boas capacidades.
Não, eu não tenho que “reinventar” Aljubarrota alguma, nem dizer que ganhei esta ou aquela causa para os meus clientes. Eu salvei os bens de família e fui ficando por perto dos negócios do meu pai. Não tive que sair de casa para provar a minha maioridade. Eu fiquei dentro da casa paterna a defender a família, a fazer-me adulto em idade muito jovem, sem embargo de casar, de ter filhos e criá-los. E porque não nasci em berço de ouro, sei muito bem o que custa a vida.
Se andei na construção tinha que trabalhar directamente com câmaras municipais. Isso não é nenhuma desvantagem, nem tem que ser ocultado. Pelo contrário é uma experiência muito valiosa. Por isso, estou perfeitamente identificado com os desempenhos das câmaras, das várias câmaras que percorri e sofri nos corredores e nos guichets por um despacho do técnico e do burocrata, muitas vezes, dentro daquela ardilosa teia de criar dificuldades para vender facilidades...
Comigo cada munícipe que entrar à porta da Câmara não sai com uma mão cheia de nada. Porque não é essa a missão de uma Câmara Municipal. Nem eu sou pessoa para deixar um munícipe a sofrer injustiças e a encolher os ombros com o recorrente: “pois é, sinto muito, tenha paciência, mas não há nada a fazer…
Essa conversa da treta, não é o meu modo de vida!
João Baptista Pico
Edição 21 de Novembro de 2008 – Jornal de Abrantes