Adeus ao estacionamento das traseiras do Convento para o pessoal do Comércio e para a vida do próprio CENTRO HISTÓRICO.
O parqueamento fica agora todo cortado do lado do Jardim da República.
Pior era impossível!
Convenhamos, a altura é uma matriz fundacional de Abrantes. Foi pela altura do seu Castelo, que Abrantes cresceu e se fez importante.
Pese não deixar de ser um "caixotão" de paredes cegas. Como o Teatro S. Pedro também o é, visto do poente, donde chega a tapar a visão das muralhas do próprio Castelo, para quem está na cidade.
Todavia, o que choca no projecto foi a sua implantação demasiado a crescer em dois pisos de cave, totalmente isolados do Centro Histórico e voltados e espraiados em demasia só para um lado, para Sudeste. E não havia necessidade de tanta altura, no corpo principal se a vertente poente voltada ao Jardim da República tivesse tido outro desenvolvimento e o aproveitamento que se impõe.
Esses dois pisos em cave, podiam ser, pelo menos no piso -1 , uma montra virada para quem sobe para o Jardim da República.
Uma coisa é a criatividade do arquitecto, outra coisa as definições criteriosas apontadas no caderno de encargos elaborado pela Câmara. Porque uma autarquia não serve só para pagar obras para os autarcas cortarem fitas...
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Foi estranho, nenhum arquitecto se ter pronunciado ainda com esta visão, quando andam tantos por aí a falar com os comerciantes...
Abaixo da cota da soleira da actual entrada da Biblioteca Municipal, desenvolvem-se dois pisos, que não chegam a essa entrada. Quer dizer que não aproveitaram o subsolo desses terraços de um lado e de outro dessa entrada principal da Biblioteca, que três metros abaixo dava directamente para o piso do Jardim da República. Com mais ou menos acertos de níveis os dois pisos de cave e sub-cave desse Museu, podiam começar a desenrolar-se nos acessos, ainda que somente pedonais, com o meio da subida da Rua 17 de Agosto, que vai do Largo Barão da Batalha e Largo Avelar Machado para o Jardim e a Biblioteca.
O recurso a túnel para o trânsito também podia ser uma realidade, pelo menos no troço superior ou seja, na cabeceira do Jardim da República, para deixar outras perspectivas de visualização dessas galerias abrir das caves do museu para o lado do Jardim...
Com o rebaixamento da rua na cabeceira leste do jardim, as ruas 17 de Agosto e a Rua Tenente Valadim não seria mais tão íngremes. Os passeios logo a subir a rua 17 de Agosto, a partir das retretes públicas poderiam recuar, dando maior largura à rua e abrindo outro campo de visão com maior amplitude sobre a base do Convento e da Biblioteca. Do lado do edifício da ESTA, há uma rua até dar de topo no recente edifício de refeitório, que já não terá mais razão de existir, beneficiando com a sua demolição a ampliação do campo de visão de quem está no Jardim e o mesmo se diga da demolição das velhas garagens ou cavalariças do Convento.
O Jardim da República precisava de se abrir a sul e o arranjo bem aproveitado dessa área em subsolo nos terraços adjacentes ao Convento de S. Domingos bem mereciam outro aproveitamento. Em Paris, foi assim que cresceu o Museu do Louvre, em plena escavação de vários pisos em subsolo.
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Com o projecto como está implantado, todo puxadao para as traseiras a sul e continuando fechado para o lado do Jardim da República - ignorado esse mesmo jardim, para sermos mais rigorosos - a harmonização e a integração do Museu e de todo o seu necessário movimento com o Centro Histórico e o próprio Jardim da República perde-se por completo: isola-o ostensivamente!
Portanto, o Comércio tradicional não tem nada a esperar deste Museu, quando tudo se encaminhou para lançar os visitantes a correremn dos carros e dos autocarros pelas traseiras sul, sem haver as necessárias ligações ao Centro Histórico.
ERRO CRASSO!
Desta gente que domina o executivo, também não se esperava outra coisa...
Quando havia tanto a fazer...
Só vêem milhões para gastar. Resta ver qual é a sustentabilidade financeira dessa obra...
O museu será mais outro equipamento para usar e deitar fora...