O Dr. Armando Fernandes não merecia ser abandonado por tanta gente que o bajulou e se serviu dele no PSD de Abrantes.
Dele recebi a informação de que o meu perfil merecia não o quarto lugar na lista do PSD à Câmara em 2001, - que eu aceitara sem regateio, por solidariedade a um grupo de conterrâneos meus, que haviam feito muita questão para que eu os acompanhasse nas listas do PSD, quando antes me haviam acompanhado nas listas do CDS, antes de ter batido com a porta diante da irresponsabilidade de um grupo de "independentes" do PP ( que omitiam com charme, "dèjá vu" o nome CDS) - mas sim, que o lugar mais adequado ao meu curriculum, seria o terceiro lugar, na lista do PSD à Câmara. Quando mais tarde soube que o número dois era o seu cunhado, cujo perfil era jogar bem o ténis e ser professor de Educação Física, percebi que não tinha que me sentir grato a ninguém.
Dias depois, numa reunião de candidatos na sede do PSD, o Dr. Armando Fernandes pedia a atenção de todos para um texto sobre o PDM, publicado no "Primeira Linha" como "Carta ao Director", que leu e pediu a todos uma salva de palmas para tão incisivo autor, o Sr. João Baptista Pico...
Um ano depois, mal havia terminado os dois meses como vereador substituto, ao receber duas cartas seguidas, contra mim, no " Nova Aliança", onde fui colunistas seis anos, assinadas, uma pelo vereador Júlio Bento e outra por Pina da Costa, que se percebia muito bem que quem as havia ditado, fora o presidente Nelson de Carvalho, o Dr. Armando Fernandes pareceu incomodado e haveria de deixar cair com desagrado esta observação:
- Sr. Pico (tratou-me sempre por Sr. Pico, ao que eu correspondia com o tratamento de Dr. Armando Fernandes)dizia ele com indisfarçada acrimónia, o Sr. está a ficar um caso sério, colunista em vários jornais, vereador e agora a receber duas cartas dos vereadores do PS, não há dúvida, que o Sr. Pico está a ficar muito importante...
Percebendo o acinte, questionei com ironia, se isso não era bom para o partido e para reforçar a oposição a Nelson de Carvalho?!
Dois dias depois no átrio da Assembleia Municipal, o Dr. Armando Fernandes "encenando" mais uma rábula das suas, haveria de fazer uma grande "festa" ao vereador Júlio Bento, cuja inocência parecia por demais duvidosa. E chegou ao desaforo de formular em voz que me pudesse chegar aos ouvidos, que estava ali ao lado, que era de uma figura como ele (Júlio Bento), que o PSD precisava para futuro candidato a vereador do PSD para as Obras Municipais...
A piada parecia ter um destinatário óbvio, pois eu era ocandidato a vereador para as Obras Municipais, muito propagandeado pelo PSD de 2001...
Um ano depois, (Outubro de 2003), era o Dr. Armando Fernandes o presidente da concelhia PSD, e sem que antes tivesse tido a delicadeza de me informar sequer, fez anunciar de surpresa no jantar de militantes e simpatizantes em Cadouços, a coligação com o PP do arqº. Castelo Branco, com quem me havia incompatibilizado em 2001.
Claro está que o Dr. Armando Fernandes também acabaria por se incompatibilizar com ele e com as três direcções do CDS entre 2004 e 2005, acabando como presidente do PSD, por recusar o acordo dois meses antes das eleições de 2005.
Se acabei por ser o candidato do CDS em 2005, foi porque o Dr. Armando Fernandes não quis assinar o acordo com os dirigentes do CDS de então, Joaquim Ribeiro e Ângelo Costa, o primeiro, que se viria a revelar à última hora, um entusiasta da actual candidatura do PSD e o segundo um apoiante do ex-vereador da Ponte de Sôr, que acabou em 7º lugar na lista de Alferrarede...
O Dr. Armando Fernandes depois de tão bajulado que foi por tantos, ao ver-se dispensado de cabeça de lista à Assembleia Municipal, da forma que se sabe, ainda por cima, pelo recém chegado ex-vereador da Ponte de Sôr, e pelo presidente da concelhia, que o havia destronado da presidência do PSD local há dois anos, quando antes o Dr. Armando Fernandes prometia a esse mesmo presidente, na altura ainda jovem dirigente da Jota, ensiná-lo a ser um grande estadista e um exímio orador, tendo inclusivé escrito alguns textos para o jovem deputado municipal ler como seus, na Assembleia Municipal, claro está, que o Dr. Armando Fernandes, por muita cultura de que se ache credor, nunca conseguiu interiorizar a irónica partida que o destino e o PSD lhe pregara em Abrantes.
E acabou mesmo por revelar fraco arcaboiço intelectual, ao vir agora no "Ribatejo" a escrever um curto Post Scriptum contra " a criatura de nome Pico", tentando dar o dito por não dito.
No limite, quis fazer-se mais "troca tintas" do que aquele ou aqueles que o desprezaram, - e ele classificou o candidato à Câmara do PSD de "troca tintas" - quando fui eu o único que reconheceu que o Dr. Armando Fernandes, pese toda a sua verborreia acintosa, não merecia ser dispensado, diante da omissão pública de muitos que com ele partilharam a vida municipal e partidária nestes últimos anos.
Pedro Marques, Eduardo Marçal, João Salvador, Gonçalo Oliveira, Rui André e Belém Coelho e Carlos Arês agora nos "independentes" e muitos outros e outras militantes do PSD, não deviam ter deixado ficar o Dr. Armando Fernandes, sem uma única palavra de reconhecimento em memória dos serviços prestados ao PSD local.
Sim, Sr. Dr. Armando Fernandes, aquele que acabou por pagar algumas garrafas de " Barca Velha" a meias consigo, e o acompanhou à mesa, para que não tivesse que as beber sozinho, foi o único que teve a coragem e a decência de condenar esse afastamento.
Um partido que não tem quem saiba respeitar a sua história, é um partido que não merece ser interveniente na história e muito menos, participar na vida municipal de Abrantes.