No sábado, como havíamos combinado previamente, transportei-o da sua actual residência em Santarém, até ao Santuário deNª Srª do Tôjo onde foi co-celebrar a Missa, por gentileza do Padre Pedro Tropa.
Estava ele e sua irmã à nossa espera, pois ia comigo a minha mulher, que não podia faltar a esse lugar, pois foi lá que nos conhecemos há 38 anos ( estamos casados há 33 anos).
Ao chegarmos ao Souto, fomos logo direitos à Igreja Matriz, que o Padre João percorreu com notória saudade. Os primeiros soutenses logo ocorreram junto de si. Uma paroquiana admirada com a sua presença logo perguntou, quem é que o trouxe. Imediatamente lhe respondi: quem é que podia ser senão eu, que já tantas vezes o trouxe para substituir na celebração da Missa, o seu sucessor ,enquanto esteve doente. Isto é para desmentir alguma voz que possa por aí apregoar, de que se trata de oportunismo político da minha parte. O convite e a aceitação nasceram da contestataçãomútua de quem convidou e de quem aceitou espontaneamente, pois sabia pelos longos anos passados no concelho (Pego, Souto, Carvalhal e Fontes) como havia terras muitoesquecidas e gentes delas que lhe chamavam as gentes do "Mato Grosso"... Uma expressão que ficou novidade em mim próprio...
No Cimo das Vinhas, Bioucas, Atalaia, Sentieiras, Bairrada, Fontes e Carvalhal foram locais onde a sua presença era aguardada com grande expectativa, pois tinha aí pessoas mais chegadas desejosas de o verem.
Percorremos todos esses locais, em horário apertado. A todos deixava uma palavra de esperança e de conforto.
Almoçámos em Carvalhal, no Cintonel, num almoço que fez questão de nos pagar e que incluiu os donos da casa, a D. Matilde e o José Jacinto. Não podíamos ser melhor servidos. A única conversa que abordou as autárquicas partiu da D. Matilde que questionou o Padre João, pela singularidade daquele local ali no meio da Charneca, onde agora se serviam refeições. Ao que eu rematei com aquela ideia que defendo de uma estrada dali perto via Vale da Cerejeira e Paúl, até à cidade.
Depois da celebração da Missa e da Procissão que apesar de amparado na sua bengala não deixou de percorrer o Santuário e de receber os cumprimentos dos fiéis ali presentes
rumámos a Santarém.
Foi um dia memorável, que me deu imenso prazer proporcionar ao Padre Rosa e a sua irmã. A minha mulher também adorou aquele dia tão descontraído e ao mesmo tempo cheio de amor e de encanto: uma grande lição de vida.
Nem tudo é mau na vida...
Ao outro dia telefonei a saber do seu estado de saúde e se recuperam bem do cansaço de véspera. O Padre estava radiante. E já na despedida, ainda encontrou vontade para me dizer que estava na minha lista à Câmara porque fazia muito gosto em apoiar a minha luta por melhorar as condições daquelas terras tão desprezadas e ao mesmo tempo tão ricas nas suas belezas naturais. E ele como soutense e fontense, não podia ficar indiferente à minha luta, e ao meu empenho, se bem que nada soubesse de política. Deus haveria de o compreender, arrematou.
A política pode dar-nos muitos desgostos e suscitar muitas recriminações. Todavia, aquele grande prazer tão comovente, expresso pelo Pároco que guardou espiritualmente durante 34 anos a minha terra, é um momento demasiado grato, que não vou esquecer nunca.
Era mesmo de alguém como o Padre Rosa que precisava de ouvir isto mesmo... Já vou com outroalento recolher as últimas certidões de eleitor para apresentar as candidaturas...