O CDS concorre a cinco freguesias - as três maiores, em número de eleitores ( S. Vicente, Tramagal e Alferrarede) e ainda a Rio de Moinhos e Souto.
O BE concorre a seis, a CDU a catorze e os Independentes a sete freguesias.
O PS e o PSD concorrem a todas as freguesias.
Todavia, a quantidade está muito longe de respeitar a qualidade.
Mais: toda a comunicação social se apressou com ligeireza a apresentar números de candidaturas, como se tudo se resumisse a meros extratos contabilísticos.
Em freguesias com elevados índices de desertificação, não é fácil formar listas. Mas, para além disso, subsistem outras dificuldades: o descrédito generalizado com que são olhados os autarcas das freguesias diante dos seus fregueses, muito por culpa da errática prestação dos últimos executivos municipais do PS; o clima de medo e pavor que faz com que muitos fregueses não ousem formar listas fora do PS; a escassez de homens e mulheres dispostos a candidatarem-se pelas suas terras.
Portanto, com uma carga tão negativa, muito por obra e graça do PS, não será de crer que hoje os candidatos das assembleias de freguesias das listas PS possam já, serem os angariadores de votos para o PS, como o foram em mandatos anteriores com Nelson de Carvalho. Hoje o PS já não tem o peso que teve. E por outro lado muita coisa mudou com esta crise, bastando um desaire do PS nas Legislativas de 27 de Setembro, para acentuar a quebra de "fidelidade" no voto PS, quinze dias depois nas autárquicas.
Depois a ida dos " Independentes" às urnas virá ainda dividir e desmobilizar muito eleitorado, tradicionalmente PS. PS e "Independentes" são herdeiros desavindos, com estes últimos a não poderem demarcar-se dos erros do "consulado" de Nelson de Carvalho, como seria desejável. Atente-se nos elogios já esboçados, com alguma infelicidade pelos "Independentes", sobre a obra de Nelson de Carvalho, que não vão passar em claro nesta campanha. O cabeça de lista dos " Independentes" esteve demasiado ligado ao PS, donde ainda não se desfiliou sequer, para poder assumir uma viragem credível. Para mais tem na sua lista personalidades vindas do PSD e de outros partidos, que agora não podem em coerência com as suas posições anteriores de repúdio à obra de Nelson de Carvalho, aparecerem mudos, complacentes ou mesmo cúmplices com os elogios formulados ao PS, tanto pelo cabeça de lista à Câmara, como com o cabeça de lista à Assembleia Municipal, ambos dos "Independentes".
.
Torna-se também evidente, que diante da perda de influência dos candidatos PS às assembleias de freguesia, junto dos seus eleitores, já não formarão os "sindicatos de votos de fidelidade". Posso mesmo acrescentar, com as reservas que tudo isto encerra, que haverá candidatos do PS às juntas, que irão votar no CDS para a Câmara, um pouco por toda a parte. Por alguma razão o voto é secreto.
Aliás, a predisposição entre os eleitores para votarem PS ou PSD nas juntas e CDS na Câmara, é um dado adquirido e expectável. Essa viragem também tinha que ser assinalada.
Finalmente, ninguém já aprecia meter todos os ovos no memo cesto...