Quanto desperdício pode encerrar umas salas da velha escola primária, fechadas todos dias da semana?
E qual a vantagem, em transformar essa escola num museu, tipo depósito de velhos utensílios rurais, para só serem visitados quando o promotor assim o desejar, por regra apenas aos fins de semana?
Ponderadas as duas situações, o benefício da segunda é quanto aos rácios do custo/benefício, ainda assim, um mau negócio.
Também a doação, dessas escolas para clubes de caça, deveriam incutir maior participação activa das populações vizinhas, e não apenas uma reserva para os associados desses clubes desfrutaram em exclusividade. Muitas outras actividades locais, desde o vestuário, à etnografia e tradição cultural local, à gastronomia, ao estudo da cinegética e das espécies animais, poderiam girar à roda desse associativismo, alargado a quem não fosse caçador: no limite, a todos os fregueses.
Há pois um espaço para a "cultura do empreendedorismo" alavancar o marasmo e a paralisia rural. Fazer renascer, o gosto pelas nossas tradições, que depois se transformam em paixões. E é com essas paixões que as terras se motivam e crescem.
Omuseu do tipo do que se vem falando no Souto, é a negação de toda esta animação e paixão. É a satisfação de um mero capricho, de alguém que quer ver-se livre de umas tralhas e velharias hoje, para no futuro, aparecer a exigir o melhor cuidado e o melhor aproveitamento das peças que ele mesmo não lhe soube dar.
Em resumo: transferir a sua responsabilidade pessoal a toda a pressa, para cima da responsabilidade colectiva e pôr-se de fora, para de futuro, se poder dar ao luxo de exigir e criticar aos outros.
Entretanto, lá se gastaram subsídios e mais subsídios.
É a essa cultura do faz de conta, que se tem que pôr cobro e substituí-la pela "cultura do empreendedorismo" com os animadores culturais no campo a fazer ressuscitar valores e conhecimentos. Há imensa sabedoria e conhecimento debaixo dos telhados das casas das nossas aldeias, sem que apareça alguém a bater-lhes à porta e a fazê-los sentirem-se úteis e importantes para a colectividade.
Sabemos que algum atavismo cultural e o habitual sentimento de "bichos de mato", têm impedido essas explosões de vida e de paixões pela nossa cultura em vivência rica e de referência para a riqueza turística.
Temos que fazer respirar cultura de empreendedorismo em todas as esquinas das nossas terras.