Já ouvi esta ideia, noutra versão para Abrantes, Sr. Doutor. Foi a primeira ideia que lhe escutei para Abrantes. Fiquei triste e com uma ponta de inveja, pois à conta dessa conversa, mais de cinco mil eleitores "embarcaram" nela, e nem olharam para trás.
A ideia surgiu-lhe da "quinta", onde decerto estava farto de ver tractores e ainda mais tractoristas. E para quem quis ver em Abrantes, mais uma quinta à sua medida, nada mais natural. Tudo muito fácil. Bastava invocar o nome da família e tomá-la por "usucapião"...
As outras suas ideias eram de estalo. A cobertura das ruas, onde o nosso casario de paredes de taipa se mantém - por enquanto e por milagre - ainda de pé, era uma dessas ideias. Como a Praça Victor Emanuel, em Milão, toda coberta de vidro! Só com essa pequena diferença - muito importante e que ainda ontem escapou aos mestres em Andorra - as madres e vigas metálicas do telhado, assentavam sobre uns enormes edifícios de quatro ou cinco pisos, todos preenchidos que nem colmeias, com mel e abelhas à roda...
Veja lá, as obras que não se tinham que fazer no Centro Histórico, se não lhe caísse tudo em cima do tractor, quando o Sr. Doutor cal vagasse nesse inferno de obras, - ou ironia cruel e mais triste ignomínia - a quem no fim de contas, até nem queria ver a cidade transformada num estaleiro...
Ah, Sr. Doutor, isso de fazer obras é tramado! E nada de confiar em arquitectos. Eu que lho diga, que já tive uns quinze de volta de mim a toda a hora, numa grande obra na Cidadela de Cascais. Tudo alta linhagem!
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- A Outra sua grande ideia foi aquela da capital do concelho a passar de freguesia em freguesia em cada mês do ano, para melhor capitalizar rivalidades explosivas entre freguesias e dentro dessas paróquias fazer implodir as rivalidades das pequenas povoações com as suas próprias sedes de freguesia, terminando tudo à paulada, como no tempo da Srª D. Maria da Fonte. Depois, quem é que aturava as outras 18 freguesias que não estavam para esperar pela "festa" só daí a ano e meio, e vai de "invadir" a freguesia capital do concelho nesse mês. Nem olhavam para trás!...
Já fez contas aos estragos? E ao passear pelas freguesias trazia os bolsos cheios? De notas ou de promessas?! Almoçava e jantava onde?! Lá dormir, nem lhe perguntava, por pudor e respeito pela privacidade de cada um e cada uma...
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É o que dá isto, de se ter quintas só com tractores e tractoristas. Se ao menos lá tivesse uns porcos, uns burros, e umas cabras, logo teria percebido melhor como as moscas podem mudar, mas aquela coisa que a gente sabe, é sempre a mesma...
Pudera! Ninguém a varre. Pois o politicamente correcto, aconselha que o segredo está em desviar os pés e fingir que não há mesmo nada no caminho... É de bom tom fazê-lo. A alta linhagem aplaude sempre.
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A chatice, é que existe por aí um empresário com as barbas crescidas, que só as corta, quando a vergonha morar no Palácio Falcão.
Conhece-o, não conhece? Eu sei muito bem de onde o conhece. Embora, quem sabe, talvez não lhe convenha confessá-lo...
Ninguém como ele para conhecer a "quinta" de Abrantes, mais as manjedouras e mais os burros - com licença de V. Exª...