Nacionais, deles!
Do Editorial "i" de hoje:
...«A construtora de Pedro Maria Teixeira Duarte participou como accionista de referência na luta de poder no maior banco privado português, supõe-se que do lado Jardim Gonçalves.
E o BCP, liderado por Santos Ferreira, imagine-se, detém uma posição de 10% da cimenteira, através dos seus fundos de pensões.
E já lá vão, mais coisa menos coisa, porque nem tudo é claro neste momento, 40% de capital potencialmente alinhado.
Está então claro que não será difícil repelir e anular a ofensiva brasileira sobre a Cimpor. Tudo em nome do desígnio nacional, dos centros de decisão nacional ou do que quer que se lhe queira chamar e que por várias vezes tem levado à mediocridade.
No caso da Cimpor, dos males o menor.
A cimenteira é um sucesso empresarial.
Uma estrutura accionista dispersa não impediu a gestão de executar uma estratégia de crescimento e de internacionalização, e com bons resultados. Isto, até há dois anos atrás.
A mistura de accionistas como a Teixeira Duarte, a francesa Lafarge ou Manuel Fino, tornou-se explosiva. Uma espécie de BCP, take II, onde curiosamente coincidem alguns guerrilheiros.
Assim, é verdade, a Cimpor não poderia continuar.
A ausência de liderança conduziu a empresa a uma perigosa instabilidade que poderia estragar o bom trabalho que foi feito. É nisso que devem pensar os defensores dos centros de decisão nacional. Antes de abaterem brasileiros, franceses ou quaisquer outros investidores estrangeiros, devem pensar no que lá estão a fazer os portugueses e se estes são merecedores do lugar de accionistas.
Se a estratégia nacional para a Cimpor for tudo menos brasileira, que seja diferente da portuguesa que lá está. Ou o futuro de uma das melhores empresas do país estará em risco. »