O editorial de Martim Avillez no "i" fala na teoria de um catedrático de Singapura:
«Kishore Mahbubani é um conceituado professor de Políticas Públicas na Universidade de Singapura.
O seu nome é respeitado da Índia à China pelas ideias modernas e asiáticas que defende.
Não é contra o Ocidente: foi presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O que Kishore não aceita é que os problemas do mundo sejam olhados apenas a partir desta perspectiva ocidental.
No crime, por exemplo.
Em Julho deste ano Kishore assinou um artigo no "Straits Times", de Singapura, procurando explicar por que razão a taxa de criminalidade é tão baixa nesta cidade-estado.
Chegou a conclusões que parecem quase absurdas aplicadas ao Haiti - para ele, a razão da ausência de crime não é a polícia eficaz ou o Estado-força; é a ausência de pobreza desesperante. Sem ela não existe razão para roubar.
Para que tudo se mantenha assim, Kishore está a pôr em marcha políticas públicas como esta: cada habitante com emprego e um bom salário de Singapura deve cuidar de um outro habitante sem emprego ou com baixo salário. Brincadeira?
Kishore Mahbubani é um homem ouvido em toda a Ásia, e o seu texto mais influente (dos últimos meses) foi publicado este Novembro no americano New York Times.
Ali ele explica como está enganado o Ocidente ao crer que a democracia liberal é o único sistema capaz de responder às exigências dos tempos modernos.
Isto para dizer que Kishore não é ingénuo - é um intelectual asiático que usa outros ingredientes quando pensa os mesmos desafios com que se depara o Ocidente. Ou o Haiti.
Para um europeu ou um americano, existem teorias de combate ao crime que defendem o importante papel de uma intervenção conjunta de forças de polícias de proximidade e de brigadas municipais de requalificação urbana. É a tese das janelas partidas, eficaz a limpar o crime de Nova Iorque.
Kishore não a desdenha - mas gosta de olhar casos perdidos como o Haiti. Ou como a China pobre, antes de este capitalismo de Estado ter retirado milhões de pessoas da pobreza extrema.
E aí usa Confúcio - esse mesmo que os ocidentais olham como o filósofo cor-de-rosa dos filmes de kung fu: para o mestre asiático, altruísmo, honradez e integridade eram fundadores em política pública. Olha que novidade! Kishore tem outra ideia para manter o crime baixo: todos devem apanhar o lixo nas ruas de Singapura. Cada um dos residentes - não as brigadas municipais.
Pois, novidade. E se no Haiti se ouvisse Kishore? »
E NÓS POR CÁ?!
Antº. Costa " esticou " demasiado a corda resumindo todo o problema à limpeza da floresta. Mas a que vai ser feita pelos privados. Pura falácia. O Estado, ainda tem muito mais a fazer. Faltam condições de dignidade social e económica aos rurais. Sobra muita floresta onde escasseia árvores de fruta, vinha e criação de gado. Uma vida equilibrada, rica e variada. Marcelo não escondeu quanto o segundo relatório aprofundou em relação ao anterior. Ainda havia (e há!) coisas por saber.
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INICIADO em 27.10.2007