SEGURANÇA é uma coisa séria...
«Na cidade de Mitrovica está um retrato dos Balcãs: no Sul, flutuam bandeiras albanesas (mais do que do Kosovo) e, no Norte, passando a famosa ponte, estamos na Sérvia. As ruas estão pejadas de propaganda política das eleições sérvias, em que esta parte da cidade participa, as inscrições são em cirílico, fala-se servo-croata e não albanês. Não há mesquitas, só igrejas ortodoxas, incluindo uma nova em folha para substituir outra que foi destruída nos confrontos de há dez anos.
O hospital e muitas das despesas da cidade são pagos por Belgrado.
Ninguém paga um tostão de imposto ao Governo de Pristina, nem, aliás, a nenhum Governo, porque isto é o Faroeste, parece Deadwood.
Não há polícia regular, há uma espécie de milícia sem uniforme que responde ao presidente da câmara e que ninguém controla.
Só por curiosidade, há dois presidentes da mesma câmara, mas isso é uma rotina nos Balcãs.
Nas ruas, manda quem tem mais força.
Tudo quanto é ilegal encontra guarida no Norte do Kosovo: contrabando, drogas, tráfico de pessoas, cortes de madeira ilegais, roubo de propriedades, assassinatos. Por singular coincidência, os grupos criminosos que aqui actuam são multiétnicos, sérvios e albaneses em boa colaboração.Mas as coisas não ficam por aqui: ainda faltam os roma, ciganos que ocupavam uma parte altamente poluída da cidade e que foram deslocados para umas torres onde têm medo de estar.
As torres são modernas e parece que alguns sérvios genuínos se inscreveram como roma para irem para lá. Depois, há a Pequena Bósnia, o bairro dos bósnios, e ainda faltam os ashkali e os "egípcios", tudo minorias protegidas pelo braço armado da OTAN. Os roma são pró-sérvios, os ashkali são pró-albaneses.» Pacheco Pereira na Sábado.