A MINHA DECLARAÇÃO DE INTERESSES:
- Não posso saber muito, daquilo que os portugueses parecem saber mais: futebol;
- Fui iniciado nas ruas de Lisboa, no tempo em que aparecia o polícia ao fundo da rua, a pedido do comerciante mais zeloso com a montra da sua loja;
- Ia ao Estádio da Luz nos anos 60, para aproveitar o vazio no Estádio de Alvalade pela rotatividade de jogos na capital que já havia na época, pois tinha consciência que ver jogar o Eusébio, eram um privilégio e uma emoção irrepetíveis nesta vida;
- Comprei um primeiro livro " Football" com 300 páginas de tácticas e métodos de treinos no início dos anos 70, que explicava aos jogadores da equipa do Souto, a meio da semana, à noite num sótão da casa dos meus pais na Amadora, onde numa placa de aparite pintada de negro e pendurada na parede exemplificava as jogadas, depois de se colectarmos na compra de uma garrafa de brandy que íamos vazando para meia dúzia de cálices, após cada explicação táctica;
- Acredito que haja quem com menos, saiba mais de futebol.
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Em 1974 Franz Beckenbauer como capitão, ao lado de Bohem, Lothar Mathäus, Littbarski, Völler e Klinsmann vencia a Holanda dirigida por Rinus Michels.A haver uma vitória da Alemanha, neste mundial, só poderia constituir um retrocesso no futebol. Este guarda-redes, que me lembre, foi o mais fraco que vi entre os postes alemães. Uma defesa incapaz de arrancar para o ataque com jogo jogado, até parece uma blasfémia para a selecção do grande líbero Beckenbauer...
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Brasil e Portugal, ambos na herança de Scolari, mostraram ser iguais: uma passarelle de vedetas.
Ambas morreram na praia... uma com o apontador Queiroz, outra com o baço Dunga.
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MORAL DA HISTÓRIA:
- A haver moral na história, o vencedor poderá ser a Espanha. Shneider do "Inter" conheceu a vitória sobre o Barça, o núcleo duro desta selecção espanhola, mas o inverso também é verdadeiro. Puyol e Xavi também o conhecem melhor. Rooben pode não ter tanto espaço e receber maior pressão dos adversários, antes de embalar com a bola. Espanha leva um dia a menos de descanso e correr mais do que a Holanda.
Vicente Del Bosque tem muita frieza e muitos anos de bola. Sabe como o futebol se gere dentro e fora do campo. Não alinha em euforias. Talvez faça entrar Torres em vez do Pedro Rodrigues, até porque este fez uma asneira ao "impedir" o 2º golo frente à Alemanha... E Torres inibe mais os defesas, o que é fundamental, acima de tudo, mais em jogos de final, do que propriamente em jogos na fase de apuramento por pontos.
Que vença o melhor.
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QUEIROZ: falhou ao não impôr um meio campo sem Deco e sem Pepe, e um ataque sem Liedson, na sua pior temporada em Portugal.
Falhou ao abusar da sorte de chegar à 2ª parte dos jogos do Brasil e de Espanha, empatado sem golos. Se usasse Veloso e Pedro Mendes e fixasse Hugo Almeida e Ronaldo à frente, segurava 4 defesas adversários, ganhava o meio-campo e ainda lhe sobrava Tiago e Meireles, que com Coentrão, Veloso e Pedro Mendes chegavam para lançar bolas jogáveis para municiarem o ataque com Hugo Almeida e Ronaldo e todos aqueles médios com grande poder de remate de meia distância.
O lateral direito seria sempre Paulo Ferreira. Miguel era "pólvora seca". Inconcebível a Federacção tolerar essa brincadeira, como a do Ronaldo na "aquisição" de um filho, naquela hora da Copa...
Nunca seria o capitão. Dessem a volta que dessem!
Eduardo e Ricardo Carvalho mereceram mais.
Tenho a vantagem de estar a falar sobre factos quejá ocorreram. Só que um selecionador mais intuitivo e dispondo de muita informação e primeira mão, tem a obrigação de saber fazer esta mesma leitura uns tempos antes dos acontecimentos, que já se desenhavam no ar há muito.