Desta vez, vai ser difícil culpar os pequenos proprietários, pelo que sucedeu à volta e dentro do Clube de Belas. Ali não há matos, nem pequenos proprietários. Mas houve fogo e em grande. E agora, vão culpar quem?
Os incendiários criminosos, não é coisa lá muito agradável de atacar. Pois eles podem vingar-se, não é verdade... E as acusações partem sempre dos mais cobardes: os que só atacam os pequenos e os pobres!
A informação não se cansa de apontar a falta de limpeza das matas, como a responsável pela onda de incêndios.
Triste país, que nem informação honesta tem.
O caso do violento incêndio de hoje que entrou dentro do Belas Clube de Campo, onde a limpeza não podia ser mais selectiva veio desmentir essas atoardas que se fazem passar nos telejornais, por jornalistas pouco escrupolosos...
Alguns nem sabem que nos eucaliptais não crescem matos, mas ardem na mesma. Outros nem filmam o fogo a transmitir-se através das copas das árvores.
Porque a ideia é só uma, atacar a propriedade privada.
Depois ninguém explica a razão de arderem as matas nacionais. Onde o Estado e as autarquias deviam limpar essas matas. Mas não o fazem. O Parque Nacional do Gerês e a Serra da Estrela aí estão para o provar.
Muita coisa vai ficando sem resposta. Até as mortes destes três bombeiros não parecem estar ainda bem explicadas.
Em 2003 houve um grande incêndio vindo da floresta entrou na cidade de Abrantes. Em 2005 voltou a haver outro grande incêndio que acabou por cercar a cidade. Não vejo que a desalocalização do quartel do alto da Ferraria para a baixa da Samarra possa ajudar em alguma coisa, já que os incêndios não se combatem dentro dos quartéis.
E com os fogos de 2003 e de 2005 pouco ou nada melhorou na vigilância e na rapidez de actuação. O Plano de Combate aos Fogos deste ano é uma confissão de impotência e de resignação. Quem o elaborou, consentiu nos desastres de 2003 e de 2005. Mas isso não convém ser dito. É mais fácil apontar o dedo aos pequenos proprietários, que não têm mais onde o ir buscar para comerem, têm que arranjar o dinheiro para os impostos, para limpar os pinhais e sem nunca conseguirem vender os pinheiros antes de ardidos.
Interessa mais encontrar um bode expiatório: a falta de limpeza dos matos. Mas os matos só ardem, quando ateiam os fogos. E se não tivessem queimados os pinheiros crescidos e os eucaliptos adultos, os donos já teriam dinheiro para pagar a limpeza das matas.
Desgraçadamente, há anos que os proprietários não conseguem vender as árvores antes de serem queimadas pelos fogos. No entanto, nem assim desculpam os verdadeiros lesados com os fogos, que são os proprietários da floresta ardida.
Há anos, em Bioucas quando apontava a um cooperante pelo facto da cooperativa não ter umas torneiras e bocas de incêndio no seu grande depósito de água captada da albufeira, onde pudessem ligar as mangueiras para apagar os fogos, o velho cooperante deu-me uma grande lição, confesso.
Limitou-se a dizer, que quando construíram o depósito, o último fogo de que havia memória ocorrera 20 anos antes e foi apagado pelas enxadas dos homens e os cântaros de água à cabeça das mulheres, pois nem os bombeiros lá apareceram...
Agora com este exemplo do fogo no Belas Clube de Campo, onde não há mato por limpar mas existem bocas de incêndio a meio de cada rua, e ainda no princípio e no fim das mesmas, ficxou provado, que os matos só ardem se lhe deitarem o fogo...