E quando era necessário que a oposição tivesse ideias claras e propostas assertivas e corajosas para cortar o mal pela raiz, só encontramos beliscões e jogo do toca e foge.
Temos um vereador do ICA, cujo passado de opositor na bancada municipal do PSD nada o faria supor um "serôdio colaboracionista do PS", a encolher os ombros ou a votar ao lado do PS.
Não há que estranhar. O ICA usou 2 500 assinaturas de quem queria ver outra alternativa ao consulado de Nelson. Saltou para a sua liderança um antigo colaborador de Nelson, que se opusera a este. Mas nunca se opusera à "obra de Nelson". E esse foi o mais grosseiro equívoco, - logro - das últimas autárquicas. Os peticionários do Movimento de independentes acabaram a votar nos dois maiores agentes do panegírio à obra de Nelson: arquitecto Albano e Dr. José Amaral, hoje politicamente desaparecidos e pessoalmente desentendidos. Qualquer resurreição do ICA, só não é de rejeitar liminarmente, porque em Abrantes a consciência cívica está refém de interesses de ocasião.
Quanto ao PSD, a oposição que vem fazendo, infelizmente, não tem consistência. Sem se reger pelo oportunismo colaboracionista do ICA - que nesse aspecto, bebe muita da prática do PSD de 2004 até 2009, contra o qual tanto me insurgi - este PSD de 2010 não consegue escapar às debilidades de alguma ingenuidade política e inconsequente à mistura com uma ausência de linha de rumo, nunca antes visto.
Suicida essa prática de fazer passar em nove meses seis ou sete vereadores pelos dois lugares eleitos, sem que os mesmos fossem conhecidos nos media, como colunistas. Nenhum dos quatro ou cinco substitutos escreveu o que quer que fosse nos jornais, ou no blogue do PSD. Nenhum mostrou capacidade interventiva, fazendo da vereação uma "passarela", para satisfação de vaidades pessoais e curriculares, sem que se visse o necessário empenho altruísta na causa publico municipal.
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É verdade, que essa é a decisão dos orgãos eleitos na Concelhia do PSD. É um facto. Não contesto de maneira alguma essa sua inteira legitimidade. O que comento - e tenho inteira liberdade para o fazer, nos termos constitucionais - é a má pedagogia dessa prática oposicionista, tendencialmente vocacionada para o branqueamento dos maus desempenhos do PS.
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Cingindo-me só a este exemplo de hoje do comunicado do PSD, o que falta ao PSD
é ter a coragem política de dizer ao eleitorado que o Aquapolis é mesmo um negócio ruinoso e um projecto sem futuro à vista, por mais milhões que se lá enterrem, na margem norte ou na margem sul. E essa falha na demarcação, só branqueia a asneira PS.
No limite, o eleitorado não deixará de beneficiar o infractor PS. E deixará o grosso do restante eleitorado, para quem o Aquapolis é sinónimo de desperdício, completamente desmobilizado, indiferente e descrente neste PSD, de todo incapaz, de contrariar uns tantos militantes do Rossio e de S. Miguel...
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A vereadora Elsa Cardoso não deixa de ter razão no que apontou aqui neste texto:
«Proposta de Deliberação da Presidente da Câmara, respeitante a uma informação da chefe da divisão administrativa e jurídica, datada de 13 de Julho de 2010, sugerindo a rescisão do contrato celebrado entre a autarquia e a THT – Hotelaria e Turismo, Lda. empresa cessionária da exploração do bar/discoteca no Aquapolis, dado o incumprimento por falta de pagamento atempado da prestação mensal, desde o mês de Junho de 2009. (…)
A vereadora Elsa Cardoso interrogou sobre quais as razões que levaram a Câmara Municipal a só tomar esta posição depois de um ano.
A presidente da câmara respondeu que foram feitas algumas reuniões com o explorador, para evitar a rescisão do contrato, o que agora se mostra inevitável.»
A vereadora Elsa Cardoso interrogou sobre quais as razões que levaram a Câmara Municipal a só tomar esta posição depois de um ano.
A presidente da câmara respondeu que foram feitas algumas reuniões com o explorador, para evitar a rescisão do contrato, o que agora se mostra inevitável.»
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Todos acabaram por perceber a "ocultação do incumprimento, em pré campanha eleitoral" por parte do PS.
Como todos não deixaram de perceber, que em idênticas circunstâncias, o PSD faria o mesmo.
Ao PSD faltou outra consistência. Faltou dizer que os Dadores do Tramagal continuam com uma "esmola" de 56 mensais, sem outra solução à vista, enquanto a Câmara vem somando contratos ruinosos naquele mesmo conjunto de instalações, onde desde sempre as rendas têm ficado por pagar.
Faltou dizer que essas rendas pagavam a assistência e os cuidados paliativos a umas dezenas de doentes carenciados, ajudava a substoituir o telhado destruído pela tempestade de Dezembro último no Centro de dia do Souto - onde o PSD foi o mais votado e não fez marcar a diferença no seu empenho, pois será talvez das poucas freguesias cujas carências nunca apareceram no blog PSD, desde Outubro de 2009.
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Quando a vereadora Elsa Cardoso, que até acho uma pessoa dinâmica, não foi capaz de dizer estas coisas, dificilmente, algum eleitor poderá ter achado interesse no que acabou por deixar escrito em acta. Ninguém confrontou a presidente, de que esse seu erro roubou verbas para ajudas sociais importantes. Por exemplo, o daquele doente crónico em Alferrarede, que a autarca Dora Caldeira e também a vereadora Elsa Cardoso já referenciaram em tempo oportuno, mas que nada mais se soube posteriormente...
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Com esta linha de rumo, só há dois crescimentos expectáveis: a abstenção dos eleitores e o branqueamento dos maus desempenhos do PS.