(...) – no âmbito da planificação para a substituição das atuais escolas nºs 1 (Quinchosos) e 2 (Alto de Santo António) do 1º ciclo do ensino básico, que não oferecem as melhores condições de funcionamento, por questões infraestruturais e pela falta de espaço para serem aumentadas – era intenção do executivo proceder à adaptação da Escola do Ensino Básico Raúl Figueiredo a Centro Escolar (Encosta Sul).
Chegada à fase de estudo prévio verificou-se, nomeadamente pelos estudos geológicos e geotécnicos, que o terreno não oferece as melhores condições para o projeto.(...) Está agora a ser ponderada, em substituição, a construção de um Centro Escolar no centro da Cidade, mais concretamente no Barro Vermelho e no local para o qual estava prevista a construção de uma unidade hoteleira, cujo terreno a autarquia pretende reverter. »
Primeira questão: Já há anos, em momento posterior à minha passagem pela vereação da Câmara Municipal de Abrantes, que havia apontado a má condição geológica dos terrenos onde foi implantada a Escola dos Quinchosos. Era um espaço minado por linhas e lençóis de água, como se comprovou pelas fissuras que em 2002 eram bem visíveis, nas fachadas.
Facto mais agravado, em virtude da sua construção ter dois pisos em altura, num tempo em que as armaduras de heliaço no betão armado, ainda estavam muito longe de satisfazer o grau de segurança, incluindo a anti-sismica, tal como hoje a exigimos para esse tipo de edifícios.
Segunda questão: Ficámos agora a saber que o terreno onde tem estado a funcionar a Escola Raúl Figueiredo não oferece as melhores condições de ordem geológica e geotécnica para o projecto de um novo Centro Escolar. Sendo certo que essas más condições já existiam pela certa, quando a mesma escola foi construída há anos. Isto é, ao que parece, há anos que as crianças têm andado a correr perigo de vida, sem que nada se soubesse.
Terceira questão: Perante a solução da construção do Centro Escolar no campo do Barro Vermelho, foi dito [ pela presidente] que "essa possibilidade foi colocada em sede do Conselho Municipal de Educação alargado e que foi vista com agrado por parte dos presentes.", facto que pouco adianta quanto ao essencial de tudo quanto era importante e necessário ter sido discutido e muito bem ponderado, a saber:
a) Já agora, terá sido feito um estudo geológico para o terreno do campo do Barro Vermelho?
b) Como é que a Câmara ao ter feito aprovar uma urbanização municipal com mais de 200 fogos ao lado do campo do Barro Vermelho, denominada Colina do Tejo - e que teve o meu voto contra, em 2002 - nunca terá equacionado reservar nessa urbanização, um espaço para equipamento escolar? E como é que, uma vez libertos dessa aposta condicionante e controversa do hipotético hotel no espaço do campo do Barro Vermelho, se pode aceitar de ânimo leve, esta sobrecarga construtiva num hectare de terreno que tinha todas as condições de excelência para preencher o tão necessário "pulmão urbano" que com o óbvio ajardinamento equilibrado e de valor ecológico poderia constituir a melhor portada apelativa para o tão abandonado e desintegrado Parque Desportivo Municipal?
c) Com que bases e pressupostos técnicos é que foi feita "essa planificação para a substituição das escolas dos Quinchosos e do Alto de Santo António", se logo ao primeiro obstáculo toda a planificação rebentou pelas costuras, quanto à nova localização, bem diferente da inicial, e sem atender a outros pressupostos fundamentais, como o grau de maior ou menor proximidade com a população a servir, já que antes as escolas a substituir estavam num local afastado desta solução?
d) Talvez que a afirmação do vereador Arês, pese a notória contradição acabasse por ter trazido alguma ordem à discussão, quando se disse "corresponsável por via de ter votado favoravelmente várias decisões acerca da localização de equipamentos estruturantes (Mercado Municipal, Centro Escolar de Alferrarede, Centro Saúde). Essas decisões foram votadas cada uma de per si. Disse sentir-se confortável com as decisões que tomou,", porém, ao finalizar terá tido com toda a sua contradição, o grande momento de lucidez ao profetizar: " mas que é tempo de analisar estas decisões parcelares e isoladas numa perspetiva mais global do funcionamento da cidade." ; com efeito, decisões destas precisam de ser mais aprofundadas, e nunca tomadas com tanta ligeireza, como se a cidade não tivesse sequer um PUA aprovado, e ainda continuássemos com os muitos milhões de euros para estoirar, como os que tivémos nas duas últimas décadas.