Até o 1º ministro, que já leva três anos de experiência à frente do governo, reconheceu essa evidência - pese toda a santa ingenuidade e hilariedade que provocou com essa sua afirmação.
Convenhamos, então o 1º ministro não tomou ainda medidas para acabar com essa praga?! Ou receia ter de dar o braço a torcer a favor do "Simplex" do Sócrates, de alguma maneira percursor nessa matéria?!
O lema da burocracia, como alguém o definiu um dia, passa por esta verdade:
- "criar dificuldades, para melhor vender facilidades".
A burocracia alimenta-se dessa desenfreada proliferação de leis avulsas, muitas vezes desajustadas e contraditórias, com que inundaram a administração do país. Quase sempre, mal feitas e com segundas leituras, para benefício de grandes escritórios de advogados, que "espreitam" nas entrelinhas o filão para explorar nos meios judiciais ou como argumentos de peso para defesa de lobbies.
Como o comum do cidadão desconhece, quase em absoluto, essa imensidão de leis, o seu protesto é casual e portanto, pouco consistente.
Sofreu, protestou e calou-se. E tudo ficou na mesma.
A educação dos cidadãos nunca passou pela obrigatoriedade de disciplinas ligadas ao princípio das leis e ao conhecimento prático desse mundo burocrártico que nos sufoca. Claro está, que esse conhecimento não pode chegar ao povo. Porque a partir desse conhecimento difundido para todos, haveria muita gente a perder o seu poder discricionário, através do abuso que fazem da burocracia. Abuso praticado por todos quantos "vivem" e "exploram" - criminosamente! - os tais efeitos nefastos da burocracia, que o próprio 1º ministro veio revelar agora, como se estivéssemos numa qualquer republica sul americana, onde o governo nada pode ou consegue fazer, contra os "cartéis mafiosos" dos poderosos.
Mais: a burocracia é ao mesmo tempo o condimento e o "salvo conduto" para todos quantos um dia chegaram a cargos públicos e administrativos. À conta dessa burocracia gera-se poder pessoal e transmitem-se aos familiares e amigos verdadeiras "heranças" de lugares cativos na administração pública.
A propósito, nestes dias conturbados no espaço financeiro, correu a notícia da admissão do filho de Durão Barroso, num cargo do Banco de Portugal, por convite directo e sem que tenha havido concurso. É só um "bom" exemplo do que escrevo...
Portanto, para que todas estas personalidades não percam poder de influência deixando por esse facto, muitos outros amigos desamparados, é que muitos vão fechando os olhos ao crescimento da burocracia.
Crescendo a burocracia, crescem os motivos para a perpetuação de um grande número de funcionários públicos em funções. Inamovíveis quanto a despedimentos.
Engraçado, como num país com mais de um milhão de desempregados - contando com os que já deixaram de receber subsídio de desemprego ou já desistiram de encontrar trabalho - ainda haja um TC a defender o princípio da igualdade dos cidadãos, permitindo que na função pública subsistam empregos sem que haja necessidade dos mesmos.
Isto é, temos a burocracia a criar mais "empregos" e as leis a impedirem os despedimentos. Só temos um problema: o nosso PIB e os nossos impostos não para tanta bizarria e tantos "luxos" de privilegiados.
A crise está nisso! E nem o 1º ministro sabe como expurgá-la desses males.
Abençoados políticos que ainda vão colhendo o voto de 30 ou de 40 % dos nossos cidadãos...
Abençoados políticos que ainda vão colhendo o voto de 30 ou de 40 % dos nossos cidadãos...