Pulido Valente insurgiu-se contra certos e conhecidos comentadores, a saber:
«Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Santos Silva, Manuela Ferreira Leite, António Lobo Xavier, Jorge Coelho, Francisco Louçã e Francisco de Assis pontificam semanalmente na SIC e na TVI. Nos jornais, tirando o Expresso e o Sol, escrevem Mário Soares, Marques Mendes, Luís Amado e meia dúzia mais. Isto para não falar de entrevistas (que não se pagam) ou debates (que também não se pagam), mas que permitem a certas cabeças da “classe dirigente” uma exposição contínua ao público eleitor.
O problema que isto levanta é compreensível: por que valor tomar os comentadores que se comentam a si próprios, comentam os seus presuntivos sócios no partido e têm um interesse pessoal na generalidade das questões que discutem? Não há maneira de julgar o peso e a consequência do que eles dizem e menos do que eles, sem dizer, insinuam. Só que, para lá disso, a presença dos políticos no jornalismo cria uma familiaridade e uma cumplicidade que prejudicam, quando não falsificam, a verdadeira opinião. Quem trabalha no mesmo sítio ou na mesma empresa, se encontra regularmente nos corredores, fala do que se vai passando no país, conta casos da sua vida privada ou partilha o último boato, acaba, pouco a pouco, por revelar o que não deve ou quando não deve.»
CONTUDO, o erro de Pulido Valente é outro. Esses comentadores não enganam: conhecemos-lhe as suas "tendências clubísticas".
Quando os ouvimos, sabemos ao que vêm. Tudo o que temos a fazer é comparar as opiniões e retirarmos as nossa próprias ilações, através de um jogo de poder muito nosso, que passa pela inteligência de cada um, que é ler "nas entrelinhas".