OS ACORDOS DE COSTA E OS ROTEIROS DE CAVACO
Cabe a Cavaco Silva esmiuçar os três acordos. É ele, quem tem que o fazer, na aferição constitucional sobre o regular funcionamento das Instituições.
E se for notória na engrenagem desses pactos, feitos às escondidas de cada um dos parceiros do PS, qualquer sobreposição de incongruências que os anulem entre si, Cavaco não vai perder a oportunidade de deixar ao seu sucessor a obrigatoriedade da marcação de eleições legislativas antecipadas.
E com esse objetivo, nada como deixar ficar o governo de Passos Coelho em gestão. Passos também já anuiu a esse propósito, embora não o declare abertamente. Porque percebeu, que no limite, só em governo de gestão, é que se manterá firme e combativo, à frente do PSD, absorvendo todo o descontentamento geral pela deserção de Rui Rio.
Até à tomada de posse do novo presidente, em Março de 2016, a desilusão quanto à problemática "maioria de esquerda" é mais que certa, com o adivinhar de múltiplas e recíprocas recriminações do BE , do PCP e do PS.
No que obrigará o PS a querer esconder os três acordos no armário dos esqueletos. Negando firmemente, e por três vezes, jamais querer voltar a eles, para alívio dos eleitores e na esperança de reunir em si o voto útil. Como muito bem aprendeu o próprio Costa à frente da Câmara de Lisboa, que deixou no executivo onze mandatos seus, contra quatro do PSD/CDS e dois da CDU. O BE, seu aliado anterior desapareceu da Câmara de Lisboa e o influente PCP, também seu aliado desde João Soares, é hoje uma força residual. O PS em Lisboa ocupa hoje toda a esquerda. E para Costa, "Portugal é Lisboa, o resto é paisagem".
A resistência do Comité Central do PCP, não surge por acaso...
Todos sabem, - embora os "media" lancem uma ideia diferente - de que o "arco da governação" ( PS, PSD e CDS) continua com a mesma "troika".
Na verdade, nunca desapareceu.
Porque mesmo nos acordos de que todos falam, o BE, o PCP e os Verdes nunca contaram para o tal "arco da governação". Ficaram, tão somente, a cercar a porta, no "arco parlamentar".
Cavaco, a médio prazo - com o assentar da poeira - irá ficar recordado por ter contornado, pleno de avisado bom senso, os legítimos poderes que a Constituição lhe conferia.