Como referi há dias na minha coluna do Jornal de Abrantes, a Barragem do Almourol foi "feita" na hora, à pressa, para encher o pacote da dezena e ao mesmo tempo o olho dos incautos espectadores dos telejornais.
Claro está, que tudo isto tinha que trazer água no bico. Neste país, desde Abril, só se construiu o Alqueva. E com tamanhos vagares, que levou ao desespero dos alentejanos, expresso no famoso slogan, " Construam-me, porra!"
Quem é que sabe (ou recorda), que nos finais dos anos 30, para os primeiros estudos do Castelo de Bode ( inauguração em 1951), veio em primeira mão de Grenoble (Alpes), Maurice Ginaux enquanto a Engª Luciana, chefe do Gabinete de Duarte Pacheco trazia consigo dos EUA, o americano Harry Rowling para a medição de caudais.
Na entrevista de hoje à Rádio Tágide, Nelson de Carvalho acabou por mostrar-se algo perplexo com as cotas de enchimento dessa barragem, dois quilómetros a montante do Castelo de Almourol. A cota 31 põe de molho, Constância, Rio de Moinhos, a baixa do Tramagal e "afoga" o Aquapolis, levando esse leito até Alvega.
O presidente da Câmara falou da inundação do paredão das Barreiras do Tejo, mas nem sequer falou doutra evidência mais preocupante: a Fonte dos Touros e a Baixa do Rossio ao Sul do Tejo, onde foram fixadas taxas com majoração de 20 % ( o BE queria o máximo de 30 %, e que só a CDU recusou), para os prédios degradados. Depois de inundados, lá teremos o OE a indemnizá-los. Talvez, a porta aberta para uma curiosa e interessante engenharia financeira entre o OE e a CE, que acabe por pagar a dobrar, as obras de recuperação e a majoração.
Sim, porque será bom ter em atenção que foi a Câmara quem colocou os primeiros entraves às construções na Baixa do Rossio, com o "leito de cheia". Então, como não se construissem prédios novos, os velhos ficaram mais velhos, mais isolados e com menos valor futuro. Tudo se conjugou no sentido de desmobilizar o empenho dos proprietários em recuperarem os prédios velhos.
Lá está, o velho problema em saber como tudo começou, com a galinha ou com o ovo...
Mas, haverá sempre quem teime em dizer o contrário, por razões que se prendem com a costumada má vontade contra a propriedade privada. E assim vamos definhando.
Finalmente, seria bom que alguém fizesse chegar ao Governo, outro evidente lapso da barragem de Almourol. As águas da foz do Nabão que escapam ao Castelo de Bode e as descargas do próprio Castelo de Bode que indo de encontro ao leito da albufeira do Tejo em Almourol, facilmente inundam Constância e criam um perigoso refluxo para Tramagal e Rio de Moinhos. Portanto, pensem lá numa barragem açude abaixo do Castelo de Bode, como já há muito venho defendendo.
PS: Quando o Nobel Al Gore anuncia a seca de Espanha até às Beiras, pese as dúvidas suscitadas pelos cientistas ingleses, havendo de futuro grandes intervalos entre chuvadas copiosas e atreitas a grandes cheias e intervalos de seca. Tudo se conjuga para a necessidade de se construírem mais diques, açudes, represas e barragens.
Obras que podiam começar no Vale de Carvalhos a Norte dos Casais de Revelhos, nos vales de Beirins, da Cerejeira, da Trave, da Ribª da Brunheta, da Pucariça e Rio de Moinhos, Vilelas, Casal da Serra e por aí fora. Pelo menos, a água em represas nunca iria faltar para apagar os fogos.
A menos que esta floresta em que insistimos e defendemos, tenha mesmo como finalidade garantir fogos, ano sim, ano não... Para acrescentar mais índices ardidos ao Distrito e colocar Santarém na linha dos primeiros em ajudas aos fogos... Para isso, há que manter as possibilidades de tudo arder. Para mais, os fogos também se medem em hectares!