O comentário de uma socióloga sublinhou o facto dos filhos dos licenciados e residentes nas grandes cidades terem por regra melhores notas. Porém, decorridos tantos anos depois de Abril, ainda não foi encontrado o caminho para contrariar essa evidência.
Não podendo dar um diploma a todos os pais, nem colocar todos os alunos nas grandes cidades, haverá porém, outras formas de acrescentar conhecimentos extra-curriculares aos alunos do interior e dos meios rurais. Cabe às autarquias e às associações culturais tão ávidas de subsídios e aos professores ensaiarem modelos de complementaridade de conhecimentos e vivências.
Recordo-me de que quando passei do então 1º ciclo do liceu, no ensino particular na pequena freguesia do Algueirão- Sintra, para o Liceu de Oeiras que recolhia todos os alunos e alunas entre Algés e Cascais e que não tinham acesso aos Maristas ou ao Colégio Inglês, este filho de um mestre carpinteiro de Abrantes sofreu um "choque cultural" e perdeu esse ano. Dois anos depois
passei para o Liceu Camões (Lisboa), que estava ao nível do Pedro Nunes onde andou Marcelo. Ainda assim, a Secção do Arieiro ( do Camões), não deixava de complicar a minha adaptação. Parecia que tinha aterrado noutro mundo. Como já havia ganho outro traquejo, comecei a arrepiar caminho e metia-me nas conversas dos colegas. O meu atrevimento desarmava os colegas, que condescendiam na generosa "ajuda" e uma ou outra amiga do Liceu D. Filipa, cujo eléctrico partilhávamos até às Portas de Benfica completavam o resto do meu conhecimento extra-curricular.
Outrora, como hoje, os problemas de adaptação são quase os mesmos, por mais escolas que haja.
O que desmonta o surrealismo romântico-construtivista que Nuno Crato combate e os fracos currículos de matérias que Gabriel Mithá Ribeiro escreve na " Lógica dos Burros".
Claro está, que em municípios onde pontificam imensos professores, as coisas deviam de ser melhores. Qual quê?! Ninguém parece disposto a "tirar a porca do faval"...
Nas escolas e no resto!