Paradoxalmente, existiu um projecto Ota (perdulário), e prosseguem os planos da CIP com Alcochete e as pontes para melhor fugirem das entradas de Lisboa, sem se saber muito bem, para quê, quando cada vez mais há os voos económicos, capazes de operarem em pistas menos sofisticadas. Depois olha-se para a pista militar da Granja em Pero Pinheiro, Sintra, a poucos minutos do espaço turístico de eleição - Oeste, Estoril, Sintra. Quantos turistas desembarcam hoje na Portela e procuram este três locais, cruzando a 2ª Circular, a Cril, a Crel, a A-5, a A-8, o IC-19 e não sei quantos mais itinerários já há muito sobrecarregados?
Quem encontrou e bem, o desperdício da Ota e a monstruosidade de ligar Alenquer ao Estoril e Sintra, também tem a obrigação de questionar a deslocalização para Alcochete. Basta pensar no que custa chegar a Lisboa vindo de Sul, nos fins de semana após estadias de 3 dias no Algarve.
Afinal, esta teimosia pelo grande aeroporto também não passa de outra paralisia.
Descarregados em Alcochete, não resta aos 20, 30 ou 40 milhões de passageiros por ano outra coisa, que não seja a paralisia das entradas de Lisboa. É como se de repente dois ou três países como é hoje Portugal, estivessem a chegar a Lisboa, vindos todos do Sul pela Vasco da Gama, a 25 de Abril, mesmo que lhe acrescente as pontes do Beato, de Chelas e da Trafaria a Algés.
A paralisia é uma constante neste país, a que nem escapa o Vale do Tejo.
As 11 barragens ao longo do rio Zêzere e seus subafluentes, Belver e toda as águas que a jusante todos anos se desperdiçam no Atlântico mostram como a paralisia cega e asfixia a vida económica do país. Aquele assoreamento por fazer, patente nos areais infindáveis que se deixam ver ao longo do rio Tejo denunciam claramente a paralisia desse Vale do Tejo. E de repente as chuvadas de Novembro ou de Janeiro a Março alagam tudo e logo desaparecem, levando sumiço para sempre. Quando mais duas ou três barragens a jusante de Belver e do Castelo de Bode recuperavam outro tanto da energia hídrica recolhida pela mesma água. Chama-se a isso fazer passar a mesma água várias vezes por sucessivas turbinas.
E que dizer do aeroporto de Tancos ali tão perto e tão inútil. Sub-aproveitado, quando as nossas tropas pára-quedistas já há muito que deixaram de ir para Angola e em força.
E depois, há autarcas que correm para o INAG em defesa, não do futuro económico dos seus municípes, mas das flores e dos bancos de jardim que lamentavelmente, se canalizaram para esses poços sem fundo, onde não se vê água a maior parte do ano. Porém, não se deixa de falar no maior lago artificial do país e na maior área de turismo do futuro.
Basta descer ao Rossio e parar na velha ponte rodoviária de Constância. Olhe-se no vazio em redor. Fraco consolo, os choupos que crescem bem junto ao riacho, na justa medida em que a nossa esperança decresce e se prolonga o desespero para os espaços dos montes e dos silvados, antes de ter passado por lá os últimos fogos.
Como se a água, esse precioso líquido, não pudesse crescer e subir ao encontro do nosso conforto, da nossa segurança e do reforço das nossas riquezas hídricas.
Pode-se não gostar de um paredão vazio. Todavia, se tiver água já não se tem um paredão, mas sim, um espelho de água para atrair desportos nauticos, gerar energia eléctrica e ainda o maior lucro de tudo isso: evitar a destruição de pessoas e bens levados por cheias descomandadas.
Se o presidente do INAG se apressou tão rapidamente a admitir a desistência numa barragem apenas, então não há mesmo dúvida, o verdadeiro destino deste país é mesmo a paralisia.
E que resta aos municípes? Esperar pelas eleições de 2009? Nessa altura já tudo caiu em esquecimento e surgiu um novo "brinquedo" para os autarcas acenarem aos eleitores.
Basta analisar o que foram estes últimos 33 anos. Uma vida de Cristo, em total sofrimento e desperdício. Uma paralisia autêntica e permanente, onde o que girou e rolou foram os cenários do virtual.