ABARCA publicou(recebi hoje o jornal), a resposta do historiador J.M.Gaspar às minhas críticas publicadas em Outubro. Já me haviam dito que a resposta era muito cordata. Meu Deus, que mundo é este, que ninguém consegue ver maldade em nada! Muito menos o significado da palavra CONTRADIÇÃO! E muita...
Por muito que torneasse as questões , J.M. Gaspar ( onde éque eu já vi umas cartas ao Pároco da Aldeia, com ataques em toda a linha?! ), e quisesse desvirtuar o sentido das minhas críticas, acabou por contradizer-se.
Pese a hábil retórica, talvez mais consentânea com um político do que propriamente de um historiador, se me é permitida a ironia!
Verifiquei todavia, que bastou ler de seguida a sua crónica habitual noutra página do mesmo jornal, « a barca da memória», para encontrar logo nesse 1º parágrafo, a primeira contradição.
Nesse parágrafo negou a primeira alínea da resposta à minha carta, quando a propósito das V Jornadas de História Local, mais não fez do que seguir à letra a minha crítica, como se de uma recomendação se tratasse. Relevo o cuidado, que teve desta vez, bem patente nesta frase sua, que transcrevo: Ainda que esteja a pronunciar-me em causa própria, creio ser meu dever passar palavra...
Precisamente, esta nota informativa foi o suficiente para com lealdade para com os leitores o cronista não deixar de avisar que era "parte interessada". É isso que faz toda a diferença.
Ora o que eu critiquei foi o cronista no elogio que fez ao livro de M.B.Traquina, não ter esclarecido desde logo os leitores, que ele cronista elogiava o próprio livro que editava na sua Palha de Abrantes.
Na nossa terra, costumam logo associar a essas circunstâncias, o dito: " Gaba-te cesta!"
Modernamente, isso dá pelo nome de "publicidade enganosa..."
Quanto a dizer agora, que o livro em questão, não é um livro de História, também concordo. Passe mais uma contradição que assinalo, - tendo em atenção os elogios anteriores - não deixo de lamentar que o editor, sabendo de história, como julgo que sabe e sendo da freguesia em questão, em vez dos lamentos que evoca mais à frente, triste, porque o livro pouco ou nada diz da sua localidade, " os meus antepassados e os seus usos e costumes apenas tenham sido referidos de passagem...", ao menos, que tivesse tomado outra atitude mais pedagógica, coerente com um mínimo de rigor histórico.
Com efeito, o seu próprio saber da história e da escrita ( pois é um editor livreiro e um director de revista), podia ter ajudado mais o livro e ao mesmo tempo ajudava a sua terra. Sendo certo que ao velar pelo respeito aos seus antepassados, não deixava de abrir caminho para o respeito dos antepassados dos outros.
Ora tudo no livro é ligeiro. O que o historiador e editor sublinha no " apenas tenham sido referidos de passagem". Nem mais! E vai mais uma contradição...
Não vejo como ainda possa sustentar que temos opiniões divergentes quanto ao livro...
Quanto aos "apagões", em que factos e factos, que nem de passagem foram mencionados, há um entre muitos pormenores que espelham bem a velada intenção do autor do livro, em só incluir o que muito bem entendia sem respeito algum pelo mínimo de verdade e de coerência.
Vejamos, quanto à origem Templária da Capela da Srª do Tôjo. Fui eu quem mais escreveu sobre a Capela e o único - o único - a sustentar essa origem Templária. Fui nisso, apenas contrariado pela opinião oposta do Prof. Candeias da Silva, com aquela célebre e douta opinião de que os Templários nunca teriam atravessado o rio Zêzere, do lado de Tomar para o Souto. Espantosa afirmação, que nem parecia de um historiador conhecedor da matriz templária, que era cruzar mares e terras, em mais do que um continente. Como é que uns Monges Cavaleiros que vieram de França e chegaram em poucos anos à sede a Tomar, podiam ficar parados a contemplarem o rio Zêzere?! Tem lógica?! Mas, foi dito!
Porque carga de água não haveriam de ter atravessado o Zêzere?!
Foi quando lhe tive que responder, "de que talvez o douto professor não soubesse que a barragem do Castelo de Bode foi uma obra de Salazar e não do Criador".
Ora o autor Traquina conheceu muito bem este meu debate, com o Prof. Candeias. Ao transpôr para o livro, não consegue esconder um claro estranho sectarismo, vá lá saber-se porquê?!
Diz, de uma forma por demais tendenciosa, senão mesmo cínica, assim: « alguns atribuem-lhe uma origem templária, tese contrariada pelo Prof. Candeias da Silva...». Nem mais. A única opinião pró-templária foi desvalorfizada no " alguns atribuem-lhe", enquanto que a contrária vem referida com todo o destaque. Seria excesso de zelo do autor, porque o Prof. Candeias é segundo julgo membro da Palha de Abrantes?!
Finalmente, o facto da Palha de Abrantes ter muito trabalho meritório, como sublinha o historiador ( em causa própria, mais uma vez), tal facto não serve de desculpa, nem lhe dá o direito, de proceder de forma ligeira e incoerente, noutros trabalhos.
E se isto se passa agora, quando ainda há, alguma memória presente, imagine-se o que não será no futuro, se houver mais historiadores pouco escrupulosos e isentos.
Tal como escrevi no Jornal de Abrantes há dias, referindo-me a Aristóteles, prezo muito os amigos, mas prezo muito mais a Verdade!