As recentes descobertas de vinte e tal silos no subterrâneo da Rua Grande, no Centro Histórico levou uma arqueóloga a admitir que a " História de Abrantes terá que ser reescrita de novo!"
Porque algumas das peças seriam do séc X ou XI e conotadas com os Mouros. O que no dizer da arqueóloga, desmente que Abrantes tivesse começado com D. Afonso Henriques.
Meu Deus, mas que confusões vão por aí?!
Então, não foram os Romanos que edificaram as primeiras paredes do Castelo de Abrantes, cento e tal anos antes de Cristo?!
Isto faz-me lembrar uma situação deveras caricata vivida em 2001, quando ousei alvitrar que a Capela da Srª do Tôjo no Souto poderia ser de origem Templária. Descobri na base inferior da pia benta, uma Cruz Orbicular muito idêntica à que o Prof. Gusmão identificou em Évora.
Um iminente historiador de Abrantes logo saltou a atacar-me que não era assim que se discutia a História. Sem contudo perceber que ele é que devia ser o primeiro a evitar ensinar daquela maneira grosseira a História. Para mais, quando foi ele quem se esqueceu - disse ser por lapso - de mencionar num livro que escreveu sobre os Filipes em Abrantes, um dos documentos mais importantes emanados por um dos Filipes. Tratou-se do Alvará Régio de 1619, onde a rogo do Corregedor de Tomar o Padre Rafael de Mendonça solicitava autorização para recolher oferendas dos romeiros e celebrar missa na dita capela, pois fizera obras na mesma, dotou-a de rebocos, quando antes era de pedra à vista e construiu anexos para casa de romeiros, casa para o pároco e para o ermitão.
O Dr. Pina da Costa leu esses textos meus e do iminente historiador em 2001 e vai de escrever em 2002 uma carta ao " Nova Aliança2, afirmando que eu fazia muitas confusões. Que até julgava que os Templários andaram pelo séc. XVII no Souto.
Não queiram saber o coro que outros ignorantes fizeram dessas palavras repetindo-as até à exaustão, sem nunca perceberem que a haver confusão só podia ser do Dr. Pina da Costa, pois nem eu faço a injustiça de atribuir essas confusões ao iminente professor, nem aceito que alguém fale da minha referência ao séc. XVII, pois a data que apontei de 1139, já vinha referenciada por outros, inclusivé pelas notas apensas nos relatos da junta de freguesia.
Como o novo director do Centro Hospitalar é um Cavaaleiro Templário, talvez queira passar pela Capela da Srª do Tôjo. E se o "tesouro dos Templários estivesse escondido por lá?!
O que eu me ria!
é que o ermitão Frei Pedro, frade dos Carmelitas do Monte Carmelo, próximo do Templo de Salomão foi enterrado na Capela em Dezembro de 1629.
O que saberia ele dos Templários?
Mas que se há-de fazer?!
Mais vale cair em Graça do que ser engraçado!
Por essas e por outras é que estou desejoso de entrar na corrida às Autárquicas de 2009 por Santarém, contra Moita Flores e o Noras. Sempre havia umas escritas mais apuradas e outra dimensão cultural.
Aqui por Abrantes, ainda se vive na Idade Média...
Mesmo ao falarem da modernidade das barragens, usam raciocínios truncados.
Nem são a favor, nem são contra. Antes pelo contrário!
Vai a Santarém que está lá o teu bem, era uma história que a minha avó Maria Joaquina contava.
Ela não sabia ler nem escrever, mas já andava no liceu e um dia aflito para fazer um troco a um cliente lá na taberna dos meus avós no Souto, foi ela que me ensinou o que até aí uns dez ou doze professores que já tinha tido, jamais me souberam ensinar.
Exactamente: fazer um troco.
Dizia a minha avó: soma-se sempre em cima da despesa!
E nunca largues a nota que recebeste, fora da mão esquerda, não vá algum espertalhão dizer que te deu 5o mil réis em vez da nota de 20 mil réis...
Bem asnos que eles eram - ria-se ela toda satisfeita com a sua proeza. Sempre com aqueles olhos azuis muito bonitos, uma herança que só se estendeu na família à minha irmã...
Depois, como é que querem que a juventude saiba matemática, algebra e aritmética?!
Na escola nunca ensinam como preencher um cheque, fazer um requerimento à Administração Fiscal, etc, etc...
Tomara o Estado que ninguém reclame!
À minha pergunta:
- Avó porque é que as cartas que escrevo têm que dizer Souto- Sardoal, se a gente pertencemos a Abrantes?
E continuava:
- Porque é que no Souto pertencemos a Abrantes, se estamos mais perto do Sardoal?!
Aí, chegou essa outra história que só lhe ouvi contar a ela e que os seus avós já lhe haviam contado e estes por sua vez já haviam escutado dos seus bisavós e assim por diante.
Não admira, pois tratava-se de uma coisa que acontecera logo no "princípio do mundo..."
Era uma vez, que os povos de Abrante e os do Sardoal no desejo de demarcar quais eram as terras de cada um e no sentido de evitarem uma guerra entre ambos, acharam por bem submeter-se à decisão do Juiz - naquele tempo havia Justiça por estas bandas!
E o juiz decidiu, que ao outro dia, ao cantar do galo, os de Abrantes e os do Sardoal partissem à descoberta das suas terras e levassem umas bandeirolas para chegando aos pontos mais longe possíveis logo assinalassem as terras como suas.
Não havia relógios, pelo que era o cantar do galo o sinal de partida em cada uma das duas terras, sempre vigiados pela supervisão de um delegado do Juiz.
Dizia ela com redobrada satisfação, que os de Abrantes sempre foram uns espertalhões " muito tonantes". E então decidiram nessa noite espetar um dente de alho no cu dos galos em Abrantes. E explicava que o ardor não os deixando dormir, estes ainda antes da meia noite já cantavam a plenos pulmões. Foi o pretexto, para os abrantinos correrem em todas as direcções e assim o concelho de Abrantes ficou muito grande e o Sardoal pequenino...
Claro que isto foi no princípio do mundo. Há 200 anos faziam sapatos com medo dos franceses. E vieram do Juiz da Sertã e de um padre Crespo, de Castelo Branco as iniciativas para dominarem 200 soldados que Loison o Maneta por aqui deixara aquartelados.
O padre Crespo feito Capitão de Cavalaria fez subir três dos seus homens ao telhado da Igreja de S. Vicente e sempre que um francês vinha às ameias do Castelo, aquilo era tiro e queda. Foram 52 mortos. Os outros tentaram escapar pelos Quinchosos direitos ao Aquapolis. Perdão às Barreiras, pois naqueles tempos os abrantinos não eram assim tão pategos que embarcassem em açudes desses...
O tenente Paiva e o Padre Lourenço Pires logo os prenderam nos barcos que já tinham aprontados para a fuga. O Corregedor-mor homem tímido no dizer do historiador José Acúrsio das Neves bem tentou comprar a sua fuga com 200 mil réis , já que servira os franceses e o povo tinha-lhe asco. Foi o cúmplice dessa sua fuga quem o lhe desferiu cinco facadas já num ermo a caminho da Ponte de Sôr.
Já agora, expliquem-me lá a natureza daqueles festejos das invasões dos franceses?!
E a Rua 17 de Agosto de 1808, devia ser a dos heróis de fora da terra...
De resto, há cá uma apetência por festejar os de fora da terra, que até já parece vício...