Pedro Oliveira do blogue "santamargarida", questiona a frase atribuída a D. Carlos " país de bananas governado por um bando de sacanas". Não quis reler o "Equador" do Sousa Tavares depois do que disse V. Pulido Valente, mas socorri-me do " Tradição e Revolução" Volume I págª 520, do meu antigo professor José Adelino Maltez. Lá vem " um rei contraditório que desdenha da « piolheira de um país de bananas governado por sacanas». Porém, Oliveira Martins entre outros insiste muito que os partidos políticos viraram bandos. E, já antes D. Pedro V, muito apoiado por A.Herculano teria, segundo JA Maltez, "cunhado mesmo a palavra "canalhocracia", referindo-se a Saldanha, Fontes e Rodrigo da Fonseca.
Pennso ter satisfeito as primeiras dúvidas, com a certeza que a palavra " SACANAS"era mesmo usual no tempo de D. Carlos e com justificadas razões...
Aliás, se ler a História das Invasões Francesas do político e historiador José Acúrsio das Neves ( confirmado por V. Pulido Valente no seu "Ir p´ro Maneta"), pode verificar quanto isso erauma realidade bem palpável, até pela forma como portaram muitos nobres, magistrados e funcionários públicos " colaboracionistas" em demasia com o invasor.
Apraz-me contraditar o historiador meu conterrâneo José Martinho Gaspar na sua " Barca da Memória" deste mês, de que não se deve ao Prof. Candeias da Silva a "descoberta" de que os mapas dos invasores franceses traziam erros quanto a estradas. Em 1810-1811, já J.Acúrsio das Neves que faleceu em 1834 disse o mesmo na suas obras e o General Kocke (oficial de campo às ordens de Massena, publicado há meses em português), disse o mesmo, nas suas Memórias...
Assim, não vale escrever sobre História, meu caro conterrâneo JM Gaspar!
É que eu li a Tese de Doutoramento do Prof. Candeias da Silva, na Biblioteca da Faculdade de Letras e também vi lá passagens que eu reconheci muito bem serem das " Memórias Paroquiais do Cura João Manuel, da Freguesia do Souto, passadas sem indicar a proveniência...
Tenho cá uma memória do caraças!... Mas, não tenho que me penitenciar por isso, pois não?!
Interrompi para o almoço e estávamos na BARRAGEM do ALMOUROL, mas de há 20 ANOS...
Queriam fazê-la por amor ao transporte do Carvão para o Pego.
A falta de água de 1980 a 1984 ou o excesso de água das cheias, pese as cheias de cota 31 ou mais em 1979, não tiveram relevância alguma.
PENSAR em GRANDE - qual quê?!
Agora, vêm aí os monopólios da Energia Eléctrica e a descoberta tardia ( como sempre!), de que só temos explorado 45 % da n/ capacidade hídrica e agora com as 10 Barragens chegaremos aos 70 %. Logo, a escassez de água tão celebrada nos Relatórios de Al Gore e a necessidade de acautelarmos as cheias e as trombas de água das chuvadas intermitentes e raras no futuro próximo e assegurarmos o armazenamento dessas aparições efémeras do precioso líquido, não foi o motivo principal dessas barragens.
Portanto, negámos o " PENSAR em GRANDE" !
Aliás, fomos atrás dos 70 % da nossa capacidade hídrica, quando em rigor, esses 70 % só serão possíveis nos anos de chuvas médias, o que não será de todo a realidade futura.
Mas, venham as obras! E eu que fiz muitas, já tenho a obrigação de ao menos saber respeitar a Grandeza das Obras, coisa que hoje ninguém quer acolher no nosso país.
Há Obras, na medida em que elas obrigam a haver Concursos Públicos, dinheiro gasto e muita gente a cheirá-las e a meter a mão na "massa"...
Finalmente, as Barragens são importantes não tanto pela electricidade, mas sim porque são a única forma conhecida de podermos armazenar reservas de água, muito importantes - diria indispensáveis à vida - se porventura, houver sequências de anos consecutivos de seca. E nem falo, dos fogos cujo exemplo de 2003 ou 2005 mostraram como podemos ficar em muitos maus lençóis cada vez que essa intensidade de incêndios coincidir com anos consecutivos de seca. Sim, porque este verão de 2007 foi uma excepção, pese a seca outonal que fez deslocalizar a época de fogos até ao Natal...
Barragens, não são caprichos de megalómanos. São grandes necessidades que só alguma precipitação ou mal preparação dos projectos e das políticas que os precederam puderam distorcer a sua importância e a sua real valia.
Vejamos:
I- Se o maior rio da península cruza o nosso Médio Tejo, o Vale do Tejo e a Lezíria,
não será isso um valor a acautelar, estudando e concebendo todas as formas possíveis de as represar e gerir esses caudais, na máxima exploração possível, incluindo naturalmente o potencial hidro-eléctrico?
II - Acaso, as barragens não permitem alimentar e muito, os lençóis de água subterrâneoas com que se asseguram as captações em redor, quer para a agricultura como para outros fins?!
III - Não se justificava apenas construir barragens, sem outro objectivo que não fosse a armazenagem de águas, pela força e pela garantia de futuro, de progresso e de segurança da vivência humana e vegetal - a natureza em toda a sua dimensão - independentemente, da mais valia hidroeléctrica, que por muito importante e por muito que isso sirva de sustentabilidade económica ou financeira às barragens, não são seguramente o mais relevante?!
IV - Há mais vida, para além do potencial eléctrico que interesse à EDP, à Iberdola e não sei a quantas mais empresas hidro-eléctricas do mundo! Há a necessidade de garantir e perpetuar os potenciais de vida humana, quando surge no ar a ameaça de "desertificação" a subir do Norte de Àfrica até às nossas beiras, ou não será isso o fundamental?!
V - Portanto, se a electricidade é apenas a cereja em cima do bolo, convenhamos que não colhem, nem servem, nem vêm ao acaso, os argumentos de que a barragem possa afundar uma brincadeira de mau gosto como eu sempre defendi desde 2001, quando era incómodo e arriscado fazê-lo ( e só contra mim tive três vereadores e até um ex-presidente de Câmara lá foi metendo a sua colherada porque eu " não falava verdade" : " les bons espirites..." se encontram!), no entanto eu fui em frente e não posso agora consentir que os culpados do erro, possam virar nas vítimas inocentes e manterem reféns os prejudicados de sempre e as gerações futuras, só para defender o capricho das suas tontarias!
Tontarias, que entre-linhas - vidé a entrevista ao Mirante do vice-presidente da Câmara - os culpados, não deixam de reconhecer inexequíveis e insuportáveis os custos que se adivinham com o açude, tanto que até"abençoam" o seu previsível "afundamento"!
VI - É a água, meus senhores, é a água. Será que isso não basta, para irmos ao encontro das melhores cotas e dos diques que tanto servem para as barragens como servem para proteger das cheias, que ninguém acautela. porque o autarca de Constância, apenas fala da cota 31 no primeiro andar das casas do Largo do Pelourinho, mas não diz quwe essa cheia de 1979 - que pode surgir a todo o momento e que ele nada fez para a evitar ou minorar - fez a água subir na calada da noite para esse mesmo primeiro andar das casas!
E quem fala de Constância, fala do Rossio e de Rio de Moinhos! Continuam desprotegidos.
Todavia, gastaram-se 60 milhões no Projecto Valtejo entre Abrantes, Constância e Barquinha.
No Zêzere estão encostas escarpadas e verticais à espera de um açude, que em nada diminui o potencial turístico. Bem pelo contrário. Aquela estrada entre Constância e Martinchel é um triste exemplo de falta de interesse em salvar aquele vale do Zêzere. Claro que se combate o açude, por quem não quer nem sabe fazer nada de melhor pelo local. Só isso! As cheias que assolam Constância e
a Barquinha e demais terras, isso nada significa para a sua obsessiva burrice disfarçada de pseudo-ambientalistas.
Sim, o problema das barragens é que foram durante demasiado tempo arredadas da solução para as terras ribeirinhas, por motivos de mal disfarçada má-vontade!
Portugal foi nos últimos 33 anos, o pior e mais fraco construtor de barragens da Europa dos 15. Fomos perdulários!
E ainda tiveram a lata de fazer espalhar o "papão" dos transvases espanhóis, para se desculparem com a inépcia de nada terem feito. E a moda estava quase a passar como verdade, não fossem as cheias no Tejo em Novembro de 2006. Sim em Novembro de 2006, apenas por uns dias, todo o Ribatejo teve o sofrimento bastante paraperceber que aindahavia muita água para lá da soberba espanhola.
Nós fomos apanhados em falta. Uma vergonha!
E é nessa vergonha que agora se volta a falar contra as barragens. Sim barragens: uma em Abrantes(Tramagal), outra na foz do Zêzere e a de Almourol para suster as águas a jusante até à Lezíria.
Joguem com as três e a potenciaidade eléctrica triplicará!
Mas esse estudo ainda está por fazer. E ninguém parece com vontade de o fazer! Assobiando para o lado...
Antº. Costa " esticou " demasiado a corda resumindo todo o problema à limpeza da floresta. Mas a que vai ser feita pelos privados. Pura falácia. O Estado, ainda tem muito mais a fazer. Faltam condições de dignidade social e económica aos rurais. Sobra muita floresta onde escasseia árvores de fruta, vinha e criação de gado. Uma vida equilibrada, rica e variada. Marcelo não escondeu quanto o segundo relatório aprofundou em relação ao anterior. Ainda havia (e há!) coisas por saber.
BLOGUE PICO do ZÊZERE ABT
INICIADO em 27.10.2007