A Coutada da coitadinha da nação

José Manuel Fernandes no editorial escrevia estes dias que o nosso país está ainda muito longe de aceitar o que outros países evoluídos aceitam com inteira liberdade ( à cabeça apontava os países nórdicos), a liberdade a qualquer cidadão de abrir uma farmácia, montar um notário ou explorar um táxi.

Eu acrescentaria ao grupo de livre opções, a possibilidade de construir a sua própria casa (independentemente de preconceitos castradores por ser a 2ª ou a 4ª habitação), desde que a propriedade fosse sua e respeitasse o alinhamento da rua pública e o afastamento fixado na lei quer em relação à via pública, quer em relação à contiguidade com os prédios vizinhos, como de resto, já vinha fixado no RGEU desde 1957.

Eliminando, necessariamente, os índices idiotas dos coeficientesde ocupação do solo nos meios rurais e no interior em geral, (uma vez protegidas as reservas agrícolas - cerca de 10 % do território nacional, actualmente), fixados nos tais 0,3 - o que representa na prática, só ser possível construir em terrenos onde depois de deixar mais de dois terços do terreno para área livre como espaço verde, ainda lá caiba uma casa de família, segundo a média de 60 m2 por pessoa.
Portanto, terrenos abaixo dos 600 m2 de área acabam por já não comportarem a construção de uma casa de 200 m2. Coisa inédita e absurda, uma vez que nos meios rurais, tanto quanto se sabe, o que está longe de escassear são os espaços verdes de agricultura, floresta ou pastagem - não obstante a intensidade e a abudância dos incêndios.

Bem podemos ouvir e repetir até à exaustão, da galopante desertificação no mundo rural e no interior, que jamais irão ordenar a suspensão ou a flexibilização do PDM nas zonas rurais.
Muito menos se ouvirá falar de uma junta de freguesia a recolher 25 milhões de euros para fzer o seu projecto PIN e `salvar da condenação e da miséria os seus fregueses.
É mais fácil a um especulador da bolsa obter créditos da Caixa vinte vezes superiores a esses 25 milhões, do que se oberem créditos para 20 freguesias salvarem as suas terras e os seus fregueses da miséria e do definhamento.
A nossa liberdade não pode coexistirnum regime de coutada, dentro desta coitadinha nação.
E não basta à mulher de César ser séria ou ouvir César repetir em coro com o seu povo, que não entende a justiça, que não vê caminho no ensino, que não vê resultados na economia ou que não sabe para onde nos leva a saúde, quando há crianças que morrem dentro de ambulâncias ou à porta de hospitais fechados, que não há ambulâncias que recolham os doentes ainda em vida e finalmente, que pelos corredores dos hospitais apinhados de macas, os doentes deitados nelas não acabem por cair e morrer debaixo delas.

Garantir o normal funcionamento das Instituições parece, a este simples cidadão, algo mais do que se tem dito e visto por aí, fora da propaganda enganosa e das imagens virtuais.
Bem podemos ouvir