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Parte do texto é este:
"Os contorcionistas alinhavam argumentos a favor da candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa, cínicos argumentos diga-se em abono da verdade; os vorazes especialistas no coçar para dentro aplaudem a iniciativa e os conformados militantes encolhem os ombros na esperança de uma vitória capaz de lhes alegrar os corações. A princesa Manuela contenta-se em sorrir, com um sorriso quase imperceptível, um pouco distraído, que lhe é peculiar e aposta na divisão do pão partido em pequeninos bocados a fim de consolar a legião de famintos. A princesa engana-se, ou está deliberadamente a deixar-se enganar na esperança de gastar tempo, tendo apenas a preocupação de saltar sobre as ondas vindas de Gaia até às eleições legislativas. Depois logo se vê. Será assim? Se é, importa compreender o que não pode ser interpretado. Nesse exercício de compreensão inclui-se o regresso de Santana Lopes, jubiloso e ansioso vai prometer novos dias felizes, e se conseguir a vitória ribombará na trombeta a enaltecer o "génio", caso arrecade uma derrota não lhe faltarão desculpas justificativas do fracasso. Pessoalmente nada tenho contra o sportinguista, politicamente não o aprecio e julgo-o responsável, juntamente com Durão Barroso, por estes tempos de apagamento do partido laranja. A princesa Manuela tem idade para usar a memória no momento das decisões, o tacticismo relativamente a Santana até pode render pingues lucros, no entanto, os pontos de referência enunciados por na altura do lançamento da sua candidatura evidenciam uma arrasante distracção. Munido de óculo de alcance vou continuar a observar os principais da política, mesmo quando eles no dia a dia tratam da vidinha em outras ocupações."
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Vejam bem o defeito do João Pico: ter tido razão antes do tempo!