"Em tudo na vida, há um tempo de coruja e um tempo de falcão", é a frase atribuída a D. João II , o português que repartiu o mundo a descobrir em duas metades, quando ao tempo não se conheciam muitos mundos,
Dos três candidatos à Câmara de Abrantes (dois anunciados e um admitido pela líder da concelhia PS há dias, como natural a sua recanduidatura...), só um (eu próprio), é natural de Abrantes.
Eu até nem diria mais nada, não fora dar-se o caso do segundo candidato não abrantino ter ontem reconhecido na Rádio Tágide, que já ouviu de muitas pessoas em Abrantes (e ainda agora está a começar a ouvir as pessoas...), de que muitos acham que Abrantes devia ter um candidato filho da terra. Isso já me dá alguma legitimidade para reivindicar essa minha circunstância.
Lembro a esse candidato, que nunca ouvira antes falar de "casamentos de mães com filhos". Apenas, já ouvira falar foi de outra coisa, que espero que não esteja a querer visar, que é o caso do ditado popular e muito usual no lado satírico que tanto aprecia: " os filhos da mãe..."
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Passando adiante destes aspectos menores, importa sublinhar que há dois candidatos neste momento que acham que vir de fora dá outra visão às coisas. E ao dizer que "desde 1993 ( o ano da eleição do actual presidente de Câmara), o concelho cresceu e desenvolveu-se a olhos vistos...", acabo por ficar perplexo, por ver um homem que conhece de leis e de justiça, a querer cometer uma tremenda "injustiça", que é desapossar do lugar de autarca municipal, quem afinal também veio de fora e está cá desde1993 a chefiar a Câmara do "sucesso"...
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Se dúvidas houvesse quanto à futura "unanimidade" PS-PSD, ela ficava desde já desmascarada!
Então, resta um candidato contra a "unanimidade": eu próprio!
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Porém, dizem-me ( dos media aos conselheiros de esquina, com interesses ou subserviência municipal e afins), de que irá haver eleições - DEMOCRÁTICAS - em 2009, mas que o eleitorado vota sempre "maioritariamente" no PS. Mas há democracia?!
Nessa expressão do voto no PS, há democracia. No "condicionamento" antecipado e persecutório de verdadeiro desdém por quem não é pelo PS, é que está o mal: a negação da própria ideia de liberdade democrática!
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As expressões totalitárias, "leninistas", "chavez-nistas", fascistas ou nazis, de que o povo só vota naquele e "prontos", não podem ser mais toleradas!
Até por uma questão de higiene democrática, acrescente-se.
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Vou mais longe: será que é democrático observarmos que dez mil ou onze mil votos podem perpetuar um executivo legitimado pelo voto, quando 25 mil eleitores municipais nunca votaram no PS local?!
Será "democrático" e acima de qualquer suspeição verificarmos que 15 mil eleitores nem sequer foram votar e o vencedor dessas eleições recolheu menos quatro mil votos ?!
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O problema é saber até que ponto, legitimar esta unanimidade, de dar 10 mil ao PS e dar 5 mil ao PSD é a condição necessária, para irmos todos em paz e de dever de consciência limpo, mesmo que tenhamos sabido que 20 mil não votaram nessa unanimidade...
Mais: este tipo de democracia local é mesmo a única forma que esgota a democracia?!
Ou será que está já a esgotar a própria democracia e a fazer baixar os braços a uma população cada vez mais descrente?!
Mil milhões de euros de investimentos privados em Abrantes, anunciados pelo autarca municipal, será mesmo a única aposta de sucesso, que o concelho mais precisava?!
A Câmara sair à rua feita "intermediária" para comprar o terreno ao lado de uma multinacional já lá instalada há 20 anos e que em vez de "exigir" uma "comissão" para o Tramagal um gesto de boa vontade da multinacional para uma questão social mais localizada ou duas ou três viaturas, para a Cruz Vermelha, bombeiros, Cria, Misericórdia ou Associação dos Dadores de Sangue do Tramagal ou para o salão do Teatro do Tramagal, essa Câmara acabou por comprar por 277 mil euros esse terreno e "revendeu-o" por 28 mil a troco de um investimento que muito irá retirar proveitos fiscais ao concelho, pois a empresa não deixará de aproveitar a maré de crise para depois de receber de Barroso em 2003, também agora receber grandes benefícios fiscais de um Sócrates acossado.
Eu sei que trabalham lá 450 operários e que do concelho não deverão lá estar mais do que uns duzentos. E se eu estiver muito errado nestes números façam favor de mo dizer, pois agradeço. Em 2005 estive lá vários dias à saída dos turnos e a maioria dizia-me que era de Constância, Torres Novas e Entroncamento e até de Ponte de Sôr... E tinha comigo várias pessoas candidatas deo Tramagal que sabiam quem era do Tramagal: poucos!
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Esteja muito ou pouco errado quanto a estes números, não posso deixar de colocar este assunto em discussão.
Andaram anos a "proibir" 30 jovens casais de se fixarem no Carvalhal. Eram 60 jovens que acabaram por rumar para fora do concelho.
Nesses mil milhões, o presidente da Câmara não ficou nada incomodado que não estejam lá "investidores" de Abrantes. Pois é, ele não é de Abrantes e também acha que os que vêm de fora têm outra visão...
Nem tão pouco providenciou para que houvesse nesses investimentos ao menos 200 ou 300 trabalhadores do próprio concelho...
Já mandou para as sedes das 19 freguesias um questionário ou um pedido de levantamento da mão de obra existente - empregados ou desempregados - para poder mostrar aos investidores e sensibilizar esses investidores para os seus munícipes mais pobres e mais desprotegidos?!
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Se eles acham que os que vêm de fora é que têm melhor visão, talvez também queiram é ter por cá trabalhadores vindos de fora... Quem sabe?!
Portanto, meus caros eleitores de Abrantes, façam favor de ao menos meditarem nisto...
E depois se quiserem, podem continuar a votar nos melhores angaroiadores de investidores de fora e maiores empregadores das gentes de foar do concelho. Tá?!
Desculpem lá, este meu lado de "falcão"...