A ALTURA É QUE PODE MARCAR A DIFERENÇA, CAROS ABRANTINOS!
O resto são conversas de "velhos do Restelo"...
ACAUTELAR o isolamento do Centro Histórico, que corre o risco de ficar afastado irremediavelmente do movimento de visitantes desse museu, é que merece maior preocupação. Importa acautelar o isolamento. A altura até poder servir de marca de modernidade! E não vendo outras preocupações subjacentes, para além da altura, mais me faz ficar de pé atrás, em relação à suposta bondade dessa petição niilista e anarquista. Principalmente, vindo de pessoas que decidiram da "sorte" da Barão da Batalha, num sussurro "clandestino" ao Engº Bioucas.
Mesmo naquela implantação teria sido sempre possível rasgar um túnel a aproveitar o desnível que decorre frente ao portal do Politécnico sob o terraço cimeiro do Convento, imediatamente abaixo do actual portal de acesso ao dito terraço e estacionamento superior, se possível com parte da cobertura desse túnel rasgado para o exterior, um pouco ao jeito do que sucede hoje em dia no Túnel do Marquês/Amoreiras e do Campo Pequeno, ambos em Lisboa.
Corre por aí uma petição assente em quatro pressupostos, com os quais não concordo: - a excessiva altura da torre; que a Câmara suspenda todas as resoluções sobre esta construção, à semelhança do que fez o 1º ministro no país, quanto às grandes obras; centrar a campanha autárquica na discussão dessa torre; suscitar um referendo local na próxima Assembleia Municipal após as autárquicas.
VEJAMOS AS MINHAS RAZÕES:
1) - Não considero a altura da torre um problema central; a altitude é de resto uma marca fundacional de Abrantes, pois foi pela sua altitude que foi praça militar de forte impacto no todo nacional, que obteve o seu Castelo e sem esquecer que foi posteriormente, pela altura da torre da Igreja de S. Vicente, que foi possível a expulsão dos franceses, como escreveu José Acúrsio das Neves, quando o capitão vindo da Sertã colocou três atiradores nessa torre, que foram os responsáveis pela morte de 50 franceses da guarnição de 200, que estavam entrincheirados no Castelo e os puseram em debandada. Portanto, a História provou que as torres sempre trouxeram salvação ao concelho.
De resto, muito antes do suposto incómodo da altura da torre, o que incomodou e incomoda muito mais, é a complacência e a indiferença de muito boa gente sobre as soluções que importa vincar na verdadeira recuperação do património degradado, que não se combate com "fugas para a frente" atrás de referendos.
2) Não conheço os pormenores em que decorrem as negociações com o governo , e com o ministério da Cultura, quanto ao financiamento da obra e quais as condições em que o mesmo irá decorrer e se do mesmo advêm encargos directos para a nossa autarquia. Logo, não faz sentido estar a querer suspender um financiamento de ânimo leve, só porque alguém acha que o país deve parar até Outubro e quiçá remeter todos os munícipes que não têm ordenado assegurado pelo Estado ou Autarquia Local, para o Banco Social ou para a"sopa dos pobres" de uma qualquer instituição social.
3) Pelas razões expostas e reconhecendo o concelho como o somatório de DEZANOVE FREGUESIAS, não vejo como uma discussão desta natureza possa afastar outras grandes questões que interessa debater no concelho, e como maior acuidade. Tanto mais, que querer amarrar o Convento às suas muralhas e cerca, que têm idades bem distintas e díspares ( umas do séc. XV e outras do séc. XVIII), é estar a querer tapar o sol com a peneira, como decorreu no debate patético do segundo interveniente sentado ao lado do candidato do PSD,no passado dia 25.
Reduzir a discussão apenas a ser a favor ou contra uma torre parece ser uma discussão vazia sem grande interesse, quando se deixa ou parece querer deixar-se de lado a importância das peças e das colecções em apreço. Esse aspecto é que deve desde logo ser colocado à frente da discussão. Quanto à torre, que o arquitecto afinal esclareceu ter mais de uma janela, o que me preocupa não é a sua altura, mas sim a funcionalidade e a facilidade de mobilidade dos visitantes no seu interior, de piso para piso, e quantos elevadores estarão disponíveis para essa mobilidade ao longo dos seus sete pisos, tendo em conta, que o público será por ventura oriundo de uma faixa etária envelhecida e naturalmente, com maiores dificuldades de mobilidade.
4) Foi a Assembleia Municipal que aprovou um PDM, um Aquapolis e tantas outras obras que acabaram prejudicando e condicionando desfavoravelmente o concelho. Posta a questão num referendo imediato, significava que o debate acabaria desvalorizado nos seus pressupostos técnicos mais válidos, para dar lugar a uma luta de vaidades e obscuridades.
5) FINALMENTE, o que incomoda e surpreende que não tenha sido mais valorizado, foi o aspecto que sublinhei do erro da implantação da dita torre, que corta todo o trânsito e todo o acesso que havia antes, quer do lado do Centro Histórico, quer do lado do Jardim da República, ambos afastados irremediavelmente - se não se construir um túnel semi aberto do Jardim da República para as traseiras sul do Convento - de toda a vivência e afluência futura de públicos a esse novo monumento.
COLOCADA a questão como vem exposta na dita PETIÇÃO, só acarreta preconceitos negativos e nada adianta, pois o que impressiona hoje em dia no concelho, é nada se fazer e não o seu contrário. DISCUSSÕES ESTÉREIS Não!
VELHOS do RESTELO, NÃO OBRIGADO!