Fiz a experiência na última segunda-feira. De tão decepcionado que fiquei, resolvi voltar no dia seguinte a repetir o mesmo trajecto.
A carreira do Souto para Abrantes parte uns minutos antes das 7.00 horas de Bioucas, no extremo poente da freguesia. Chega já depois das 7.00 horas ao adro do Souto. No primeiro dia era o único passageiro à espera de transporte. Impensável aquela insólita situação há uns anos atrás, onde o rebuliço no dia de Mercado em Abrantes era meia camioneta a sair do Souto.
No segundo dia éramos dois passageiros. Na saída do Souto entraram mais dois passageiros. Na Atalaia esperavam seis passageiros e no Carril mais dois. No Carvalhal de Baixo entraram dois passageiros. No centro de Carvalhal, por incrível que pareça só entrou uma jovem. Apenas não mudou aquela manobra trapalhona de inversão de marcha da careira, como afinal sempre se fez, com a camioneta atravessada na estrada principal e a fazer uma manobra arriscada de marcha atrás, desta vez sem o ajudante a olhar pela manobra. Agora é o motorista que faz tudo.
Depois foram os dois últimos passageiros a entrar nas Sentieiras de S. Vicente.
Uns 20 passageiros numa camioneta que podia levar 70 pessoas. Os bancos almofadados de há cinquenta anos atrás foram substituídos por assentos de plástico rigido.
De uma clarabóia do tecto pingava água da orvalhada. Era motivo de risota sempre que algum passageiro escolhia esses lugares mais vulneráveis aos pingos e uma outra passageira logo gritava, para não sentarem nesses bancos.
Ao segundo dia ao sair em Alferrarede, deixei um aviso ao motorista de que aquele serviço era miserável de mais para ser verdade. Mostrou-se surpreendido com os pingos de chuva, que fingiu ignorar, apesar do barulho e da paródia que a situação gerava no interior do autocarro.
No séc. XXI não é admissível uma situação destas. Fiquei estarrecido com este retrocesso, por demais evidente. Que política de transportes é esta?! A Câmara tem andado a dormir. Porque nem todos andam de viatura própria. Que desigualdade que eu fui encontrar. Isto não vai ficar assim. Aquele transporte é indigno.