Chega a ser arrepiante, ouvir Cavaco Silva a enaltecer, o valor pedagógico do empreendedorismo nas escolas, quando antes, - há 23 anos quando começou a nossa entrada na CE e ele era o 1º ministro – tudo poderia ter sido diferente e para melhor. As escolas ainda estavam muito longe deste empreendedorismo, que há muito havia sido iniciado nos EUA e Reino Unido.
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Recuando a 1979, vale a pena sublinhar o significado daqueles quatro jovens engenheiros do Souto, que se candidataram pelo CDS, nas listas à Câmara e à Assembleia Municipal de Abrantes. Claro está, que se tratava do CDS, sempre a sofrer o anátema do maior pendor da esquerda no concelho, o eterno eufemismo a que tantos sujeitos ditos democratas puros, costumam recorrer apressadamente, sem darem conta da contradição que esse raciocínio reles contem. A democracia resume-se a esquerda e a direita. O que nos leva a desconfiar se o pendor para a esquerda, não será o resultado do calhau que certos analfabetos políticos são forçados a trazer no bolso, para assim poderem escolher sem engano, a tal esquerda sua preferida.
Recuando a 1979, vale a pena sublinhar o significado daqueles quatro jovens engenheiros do Souto, que se candidataram pelo CDS, nas listas à Câmara e à Assembleia Municipal de Abrantes. Claro está, que se tratava do CDS, sempre a sofrer o anátema do maior pendor da esquerda no concelho, o eterno eufemismo a que tantos sujeitos ditos democratas puros, costumam recorrer apressadamente, sem darem conta da contradição que esse raciocínio reles contem. A democracia resume-se a esquerda e a direita. O que nos leva a desconfiar se o pendor para a esquerda, não será o resultado do calhau que certos analfabetos políticos são forçados a trazer no bolso, para assim poderem escolher sem engano, a tal esquerda sua preferida.
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Em 1983, aquele exemplo dos jovens engenheiros que trabalhando por Lisboa não deixavam de constituir uma nova força de participação de elite culturalmente mais bem preparada, perdeu-se no meio dessa disputa da divisão da freguesia em três, que trouxe a desmobilização.
Em 1983, aquele exemplo dos jovens engenheiros que trabalhando por Lisboa não deixavam de constituir uma nova força de participação de elite culturalmente mais bem preparada, perdeu-se no meio dessa disputa da divisão da freguesia em três, que trouxe a desmobilização.
Um acto hostil, soprado pelos ciosos centralistas de Abrantes. Esses herdeiros da soberba municipal que já em 1813 se opuseram à entrada de um vereador do Souto. E voltamos ao pensamento de Franco Nogueira, em Portugal é tudo tão difícil, que tudo se perde…
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Tudo se perdeu na confusão de quem ficava com mais povoados agregados às três novas freguesias: Souto, Fontes e Carvalhal.
Aquelas dezenas de licenciados descendentes de famílias soutenses, acabaram desinteressados e pouco motivados por razões de sectarismo partidário e mesquinhez política. O espírito empreendedor tão enraizado nas gentes do Souto, morreu na praia. Houvesse outra pedagogia do empreendedorismo nas escolas e o Souto teria dado outro salto em termos económicos e sociais. O tal trabalho que faltou a Cavaco quando governante.
Tudo se perdeu na confusão de quem ficava com mais povoados agregados às três novas freguesias: Souto, Fontes e Carvalhal.
Aquelas dezenas de licenciados descendentes de famílias soutenses, acabaram desinteressados e pouco motivados por razões de sectarismo partidário e mesquinhez política. O espírito empreendedor tão enraizado nas gentes do Souto, morreu na praia. Houvesse outra pedagogia do empreendedorismo nas escolas e o Souto teria dado outro salto em termos económicos e sociais. O tal trabalho que faltou a Cavaco quando governante.
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Paradoxalmente, o acréscimo brutal de mais licenciados oriundos das famílias soutenses, já no virar do milénio, acabaram por inverter a situação e fazê-la regredir para níveis próximos da tragédia e do definhamento local. Esta é uma triste realidade, que ninguém vai querer admitir. Mas aconteceu. Foi Assim!
A explicação tem a ver com a outra realidade. Estes novos licenciados descendem daqueles que geralmente, nunca saíram da terra e que costumavam sentir-se inferiorizados face aos que viviam em Lisboa. Esse sentimento de inferioridade foi transmitido aos descendentes. O que é de alguma maneira injusto, pois não retrata o espírito de igualdade que residia na comunidade soutense. O que estava mais perto da verdade, foi algum distanciamento que sempre norteou os residentes, face às iniciativas que vinham dos que viviam mais em Lisboa. Como que uma inveja pela iniciativa que eles próprios não conseguiam tomar. Até ao momento, em que se intrincheiraram nos orgãos autárquicos. Aí começou o declínio da freguesia, que coincidiu no tempo também, com a aludida divisão da mesma.
A partidarização da vida autárquica assim enraizada e a criação das juventudes partidárias acabariam por tornar mais forte a luta partidária do a luta com amor pela terra. Os jovens por mais cultos e mais instruídos que fossem, não conseguiam libertar-se desse sectarismo político-partidário. Os interesses do partido estavam acima dos interesses da terra. A terra só lhes servia para lhes dar estatuto de representatividade no aparelho do partido.
Estes jovens estudantes ou licenciados por estarem mais perto da terra ou a viverem nela, não provaram ser mais amigos da terra do que esses estudantes e licenciados dos finais dos anos 60 e 70. A produção e o empenho de uns e outros não tem comparação possível. O definhamento actual é prova disso.
Pese nesses tempos idos, os jovens estudarem a pensar em Lisboa, onde havia sempre oportunidades de emprego e de sucesso profissional ilimitado. Todavia, nunca os melhoramentos da terra e as festas foram assuntos esquecidos ou postos de lado como agora acontece. A generosidade dos jovens e dos adultos residia nesse binómio: Lisboa e a terra.
Paradoxalmente, o acréscimo brutal de mais licenciados oriundos das famílias soutenses, já no virar do milénio, acabaram por inverter a situação e fazê-la regredir para níveis próximos da tragédia e do definhamento local. Esta é uma triste realidade, que ninguém vai querer admitir. Mas aconteceu. Foi Assim!
A explicação tem a ver com a outra realidade. Estes novos licenciados descendem daqueles que geralmente, nunca saíram da terra e que costumavam sentir-se inferiorizados face aos que viviam em Lisboa. Esse sentimento de inferioridade foi transmitido aos descendentes. O que é de alguma maneira injusto, pois não retrata o espírito de igualdade que residia na comunidade soutense. O que estava mais perto da verdade, foi algum distanciamento que sempre norteou os residentes, face às iniciativas que vinham dos que viviam mais em Lisboa. Como que uma inveja pela iniciativa que eles próprios não conseguiam tomar. Até ao momento, em que se intrincheiraram nos orgãos autárquicos. Aí começou o declínio da freguesia, que coincidiu no tempo também, com a aludida divisão da mesma.
A partidarização da vida autárquica assim enraizada e a criação das juventudes partidárias acabariam por tornar mais forte a luta partidária do a luta com amor pela terra. Os jovens por mais cultos e mais instruídos que fossem, não conseguiam libertar-se desse sectarismo político-partidário. Os interesses do partido estavam acima dos interesses da terra. A terra só lhes servia para lhes dar estatuto de representatividade no aparelho do partido.
Estes jovens estudantes ou licenciados por estarem mais perto da terra ou a viverem nela, não provaram ser mais amigos da terra do que esses estudantes e licenciados dos finais dos anos 60 e 70. A produção e o empenho de uns e outros não tem comparação possível. O definhamento actual é prova disso.
Pese nesses tempos idos, os jovens estudarem a pensar em Lisboa, onde havia sempre oportunidades de emprego e de sucesso profissional ilimitado. Todavia, nunca os melhoramentos da terra e as festas foram assuntos esquecidos ou postos de lado como agora acontece. A generosidade dos jovens e dos adultos residia nesse binómio: Lisboa e a terra.
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As grandes decisões e os grandes movimentos associativos apareceram com mais força a partir de 1968 – a data coincide com a chegada do Padre João Rosa às paróquias de Souto, Fontes e Carvalhal, onde a separação eclesiástica já existia, antes da divisão política e administrativa de 1983/85. Só que nessa divisão havia uma diferença abissal: o pároco era o mesmo e sempre assim continuou até hoje. Essas grandes decisões locais tiveram sempre o seu arranque a partir de pequenas reuniões amadurecidas em Lisboa. E percebe-se porquê. Era lá que estava o poder económico dos soutenses e era lá, que havia mais motivação para se pensar com algum carinho na terra, por força do sentimentalismo, pela ausência e pela saudade.
As grandes decisões e os grandes movimentos associativos apareceram com mais força a partir de 1968 – a data coincide com a chegada do Padre João Rosa às paróquias de Souto, Fontes e Carvalhal, onde a separação eclesiástica já existia, antes da divisão política e administrativa de 1983/85. Só que nessa divisão havia uma diferença abissal: o pároco era o mesmo e sempre assim continuou até hoje. Essas grandes decisões locais tiveram sempre o seu arranque a partir de pequenas reuniões amadurecidas em Lisboa. E percebe-se porquê. Era lá que estava o poder económico dos soutenses e era lá, que havia mais motivação para se pensar com algum carinho na terra, por força do sentimentalismo, pela ausência e pela saudade.
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A SOCIEDADE RECREATIVA
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É um exemplo interessante saber que a Sociedade Recreativa surgiu em 1958, pelo desencanto dos jovens que não obtiveram a melhor abertura da Casa do Povo para os seus bailes. Todavia, vicissitudes várias, a que não foi alheia a guerra do Ultramar, veio a atrasar esse arranque, só retomado a partir de 1966.
Em 1966, um grupo a trabalhar em Lisboa, de uns dez empresários e outros dez técnicos e administrativos com um largo número de jovens a apoiá-los deita mão às “Festas de Verão” com um programa para quatro anos, afim de se realizarem essas festas, com o objectivo de obterem lucros e mobilização social para erguer uma colectividade e construir um salão de festas.
Um ano depois, todas as semanas – à quarta-feira à noite - lá se encontravam esses vinte dirigentes para delinearem o programa das festas e contactarem músicos, para os bailes que passaram a realizar-se numas instalações provisórias frente à escola, nos chamados bailes do Natal dos Santos e do Carnaval e Páscoa, para que o espírito das Festas de Verão pudessem ter outra dinâmica de continuidade.
Veja-se o empenho, a generosidade de pessoas de todas as idades, para com permanente assiduidade lá se reunirem num escritório no Alto da Damaia-Amadora, para falarem e tratar de assuntos da sua terra distante, na geografia, mas afinal tão próxima no coração. Escusado será dizer que ninguém recebia nada por essas presenças. Se no final se bebiam umas imperiais na cervejaria mais próxima, era pagas à vez, por cada um dos presentes. E lá voltavam na semana seguinte. O projecto da Sociedade, os equipamentos, os torneios de jogos, os bailes e as festas nasceram dessas discussões nas reuniões semanais, que se prolongaram durante três ou quatro anos consecutivos.
É um exemplo interessante saber que a Sociedade Recreativa surgiu em 1958, pelo desencanto dos jovens que não obtiveram a melhor abertura da Casa do Povo para os seus bailes. Todavia, vicissitudes várias, a que não foi alheia a guerra do Ultramar, veio a atrasar esse arranque, só retomado a partir de 1966.
Em 1966, um grupo a trabalhar em Lisboa, de uns dez empresários e outros dez técnicos e administrativos com um largo número de jovens a apoiá-los deita mão às “Festas de Verão” com um programa para quatro anos, afim de se realizarem essas festas, com o objectivo de obterem lucros e mobilização social para erguer uma colectividade e construir um salão de festas.
Um ano depois, todas as semanas – à quarta-feira à noite - lá se encontravam esses vinte dirigentes para delinearem o programa das festas e contactarem músicos, para os bailes que passaram a realizar-se numas instalações provisórias frente à escola, nos chamados bailes do Natal dos Santos e do Carnaval e Páscoa, para que o espírito das Festas de Verão pudessem ter outra dinâmica de continuidade.
Veja-se o empenho, a generosidade de pessoas de todas as idades, para com permanente assiduidade lá se reunirem num escritório no Alto da Damaia-Amadora, para falarem e tratar de assuntos da sua terra distante, na geografia, mas afinal tão próxima no coração. Escusado será dizer que ninguém recebia nada por essas presenças. Se no final se bebiam umas imperiais na cervejaria mais próxima, era pagas à vez, por cada um dos presentes. E lá voltavam na semana seguinte. O projecto da Sociedade, os equipamentos, os torneios de jogos, os bailes e as festas nasceram dessas discussões nas reuniões semanais, que se prolongaram durante três ou quatro anos consecutivos.
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Alguns já morreram entretanto. Mas a sua memória perdura. Tive um imenso prazer por poder estar com essas pessoas e ter partilhado daquele amor que todos sentíamos pela terra. O Souto não pode esquecer essa gente. Curiosamente, o presidente da direcção da Sociedade Recreativa do Souto, que cedeu durante anos o seu escritório na Damaia para essas reuniões de direcção, foi candidato à Junta do Souto, pelo CDS em 2009. Apesar desse extraordinário e generoso curriculum, ficou a 4 décimas de um voto ser eleito como o sétimo membro da Assembleia de Freguesia…
… (continua)
Alguns já morreram entretanto. Mas a sua memória perdura. Tive um imenso prazer por poder estar com essas pessoas e ter partilhado daquele amor que todos sentíamos pela terra. O Souto não pode esquecer essa gente. Curiosamente, o presidente da direcção da Sociedade Recreativa do Souto, que cedeu durante anos o seu escritório na Damaia para essas reuniões de direcção, foi candidato à Junta do Souto, pelo CDS em 2009. Apesar desse extraordinário e generoso curriculum, ficou a 4 décimas de um voto ser eleito como o sétimo membro da Assembleia de Freguesia…
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