(continuação...)
Todos os empreendimentos e benfeitorias anteriores aos anos 50 ocorridos na freguesia ficaram a dever-se aos grandes proprietários agrários locais e aos comerciantes em seu redor. A torre da Igreja Matriz, as obras de restauro na Igreja Matriz, os arranjos na Capela da Srª de Tojo foram as obras mais marcantes, todas elas dependentes dos grandes proprietários e comerciantes locais.
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A Hisória da Ponte da Foz do Souto para a Serra de Tomar
A este propósito, convirá recordar esta faceta desconhecida e nunca referenciada senão no jornal “ Correio Lisboa Zêzere”, penso que em 2004, quanto às razões de adiamentos sucessivos da projectada ponte sobre o rio Zêzere, da Foz do Souto para a Serra de Tomar, cujas vigas de ferro por ali andaram vários anos, até serem recolhidas, anos mais tarde, já nas vésperas da barragem do Castelo de Bode. Esses adiamentos da obra, que a centralidade do poder estabelecido em Abrantes sempre avessa a ligações a Tomar, não deixou de ajudar à festa, foram, na opinião de um velho e arguto residente da Serra de Tomar que entrevistei em 2004, motivados pela estranha convergência de interesses mesquinhos e cínicos dos comerciantes do Souto e de alguns proprietários agrícolas da Serra de Tomar.
A história resume-se assim: os prósperos proprietários do lado de Tomar temiam que a existência da ponte facilitasse os roubos das suas hortas e pomares pela gente do Souto, sempre encarada de soslaio pelos tomarenses, enquanto que os comerciantes do Souto temiam que com essa ponte perdessem os seus clientes do Souto, que mais facilmente iriam optar pelo melhor e mais encorpado vinho de Tomar e por arrasto comprariam outros bens de consumo na Serra de Tomar. Este argumento, para quem conhece a história do Souto é infelizmente, perfeitamente verosímil.
A este propósito, convirá recordar esta faceta desconhecida e nunca referenciada senão no jornal “ Correio Lisboa Zêzere”, penso que em 2004, quanto às razões de adiamentos sucessivos da projectada ponte sobre o rio Zêzere, da Foz do Souto para a Serra de Tomar, cujas vigas de ferro por ali andaram vários anos, até serem recolhidas, anos mais tarde, já nas vésperas da barragem do Castelo de Bode. Esses adiamentos da obra, que a centralidade do poder estabelecido em Abrantes sempre avessa a ligações a Tomar, não deixou de ajudar à festa, foram, na opinião de um velho e arguto residente da Serra de Tomar que entrevistei em 2004, motivados pela estranha convergência de interesses mesquinhos e cínicos dos comerciantes do Souto e de alguns proprietários agrícolas da Serra de Tomar.
A história resume-se assim: os prósperos proprietários do lado de Tomar temiam que a existência da ponte facilitasse os roubos das suas hortas e pomares pela gente do Souto, sempre encarada de soslaio pelos tomarenses, enquanto que os comerciantes do Souto temiam que com essa ponte perdessem os seus clientes do Souto, que mais facilmente iriam optar pelo melhor e mais encorpado vinho de Tomar e por arrasto comprariam outros bens de consumo na Serra de Tomar. Este argumento, para quem conhece a história do Souto é infelizmente, perfeitamente verosímil.
A fundação da Casa do Povo em 1957, foi talvez a última das iniciativas a cargo dos chamados comerciantes do Souto. E mais uma vez acabou por encontrar fortes resistências. Só com a iniciativa dos industriais locais, Luís Pimenta, João Pimenta e José R. Branco em estreita associação com os comerciantes locais é que lograram no início dos anos 70, arrancarem com o projecto da construção da nova sede da Casa do Povo, que viria a ser inaugurada só em 1979.
A Ambulância do Souto
Ao dirigente José Branco se deve a existência de uma ambulância ao serviço da Casa do Povo do Souto, com motorista próprio (o José Amaro), por volta de 1975 até meados dos anos 80. As centenas de utentes que puderam ser socorridos atempadamente por essa ambulância era decerto um aspecto que nunca poderia deixar de ser assinalado, como digno de figurar numa qualquer história local. Foram centenas de casos, que eu pude apreciar mais de perto, quando fui entre 1979 e 1983 vice-presidente da Casa do Povo. Pois nunca li nada escrito sobre a ambulância do Souto.
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Bastava verificar como os arranjos da Casa Paroquial, a construção da Sociedade Recreativa e do campo de futebol anexo e a Telescola – entre 1968 e 1969 – e a Cidas ( a Cooperativa de Rega, com captação na albufeira e distribuição própria pela sede da freguesia), já em 1975 e ainda o Centro de Dia após 1985, foram obras nascidas da iniciativa e do empenho gracioso dos empresários e de outros técnicos e operários especializados ligados à construção civil e serviços estabelecidos fora do Souto, cujos apoios oficiais foram nulos ou demasiado insignificantes, para se perceber como o empreendedorismo de uma elite sempre soube colocar na dianteira da apatia e da indiferença dos autarcas locais e da população em geral.
Todavia, os grandes beneficiados com esses equipamentos foram sem sombra de dúvida, o povo anónimo da freguesia e os jovens em especial. Ainda hoje, quem se serve da Sociedade Recreativa são essencialmente os jovens. Ninguém pode por exemplo acusar com por vezes sucede infelizmente, que os fundadores quiseram fazer da Sociedade Recreativa um clube restrito para uma determinada elite. É falso, e só se pode aceitar como calúnia torpe e vil.
Bastava verificar como os arranjos da Casa Paroquial, a construção da Sociedade Recreativa e do campo de futebol anexo e a Telescola – entre 1968 e 1969 – e a Cidas ( a Cooperativa de Rega, com captação na albufeira e distribuição própria pela sede da freguesia), já em 1975 e ainda o Centro de Dia após 1985, foram obras nascidas da iniciativa e do empenho gracioso dos empresários e de outros técnicos e operários especializados ligados à construção civil e serviços estabelecidos fora do Souto, cujos apoios oficiais foram nulos ou demasiado insignificantes, para se perceber como o empreendedorismo de uma elite sempre soube colocar na dianteira da apatia e da indiferença dos autarcas locais e da população em geral.
Todavia, os grandes beneficiados com esses equipamentos foram sem sombra de dúvida, o povo anónimo da freguesia e os jovens em especial. Ainda hoje, quem se serve da Sociedade Recreativa são essencialmente os jovens. Ninguém pode por exemplo acusar com por vezes sucede infelizmente, que os fundadores quiseram fazer da Sociedade Recreativa um clube restrito para uma determinada elite. É falso, e só se pode aceitar como calúnia torpe e vil.
Se há uma sede que foi usada por todos é a Sociedade Recreativa. Quantos casamentos e baptizados e outros encontros ali decorreram, sem que fossem cobradas essas cedências em alugueres de sala.
Infelizmente, sucedeu que a entrega da gerência dessa colectividade a alguns sócios mal preparados e com mau carácter, viria a gerar gestões ruinosas, com abusos patrimoniais evidentes, o que já é comum nas nossas colectividades.
O chamado Poder Local pós Abril, municipal não soube ou não quis, por preconceitos ideológicos mesquinhos, e por manifesta falta de visão estratégica, dar corpo a esse valioso património cultural de inter-ligação entre Lisboa e o Norte do concelho. O “know how” empreendedor, que hoje poderia ter deixado outras marcas assinaláveis na hotelaria, no turismo e nas residenciais séniores acabou irremediavelmente desperdiçado.
Infelizmente, sucedeu que a entrega da gerência dessa colectividade a alguns sócios mal preparados e com mau carácter, viria a gerar gestões ruinosas, com abusos patrimoniais evidentes, o que já é comum nas nossas colectividades.
O chamado Poder Local pós Abril, municipal não soube ou não quis, por preconceitos ideológicos mesquinhos, e por manifesta falta de visão estratégica, dar corpo a esse valioso património cultural de inter-ligação entre Lisboa e o Norte do concelho. O “know how” empreendedor, que hoje poderia ter deixado outras marcas assinaláveis na hotelaria, no turismo e nas residenciais séniores acabou irremediavelmente desperdiçado.
Entre a triste situação e mal dimensionado projecto de Vale Manso, nos anos 80 e a Praia Fluvial da Aldeia de Mato decorreram vinte anos.
Em comum, sempre os mesmos acanhados acessos e a falta de dimensão e de qualidade dos projectos. A bandeira azul não prova nada.
(continua)
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