O advogado José Amaral cabeça de lista à Assembleia Municipal pelo Movimento de "Independentes" bastante alarde fez da sua escusa em participar numa lista partidária às eleições autárquicas, não obstante ter inicialmente, dado o seu apoio ao candidato do PSD e seu colega de profissão. Apoio que durou apenas escassos meses.
Apareceu em meados de Maio a apresentar-se como o cabeça de lista à Assembleia Municipal, de um movimento político, todo ele centrado na figura do candidato à Câmara, Arqº Albano Santos, o ex-vice-presidente do executivo PS no mandato que estava a terminar - cargo esse, que ocupou penosamente, apenas durante um escasso ano, tendo acabado em conflito com o presidente da câmara sem outra razão que não fosse a sua impaciência em tomar o lugar da chefia do executivo, porque justificava que fora esse o pré-acordo, sem que para tal tenha apresentado o rascunho sequer dessa combinação.
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Numa candidatura onde apareceram vários juristas causa alguma perplexidade, que venha agora o cabeça de lista à Assembleia Municipal - no caso, um advogado experiente - dizer à Rádio Tágide, que "nunca se colocou a questão do arquitecto não ocupar o seu cargo de vereador, caso não ganhassem a câmara".
Causa perplexidade e inquietação, que candidatos ao executivo e à assembleia municipal, vocacionados para cargos de elevada responsabilidade, possam ter descurado esta magna questão e outras que os obrigavam a terem ido mais longe, fixando à partida o necessário memorando de contrato eleitoral ou "regimento eleitoral".
Coisas que até nos partidos se discute, apesar dos estatutos e regras de candidaturas e outras formalidades que os mesmos possuem em abundância.
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Logo aqui, a reivindicada hipotética superioridade moral e ética do movimento de independentes face aos partidos, olhados com desdém por esses impolutos cidadãos independentes, soou a falso, a demagogia barata, a embuste, como se provou.
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O Dr. José Amaral renunciou ao mandato porque não aceitou o que classificou como "fuga" do arquitecto e sentiu-se no dever de pedir desculpa aos eleitores que ajudou a induzir em erro. Do mal o menos!
Porém, essa sua postura não o iliba da participação num embuste eleitoral. Só possível pelo recurso a empréstimos bancários, - a pagar não se sabe por quem, ou a troco de quê, o que não deixa de suscitar alguma perplexidade, e suspeição já que a aposta que esteve sempre em cima da mesa era a da vitória eleitoral - mais a poderosa máquina eleitoral, empurrada por um marketing feroz.
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Saiu uma das 20 personalidades vincadamente conotadas com o que de melhor havia em Abrantes, no dizer do cartaz do ICA, que ia ao ponto - por triste e estranha ironia - de assegurar de que "juntos faremos melhor"!
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Essa unidade foi posta em causa e soube-se agora pelo Dr. José Amaral, que não existe movimento algum e que nunca reuniram os eleitos, depois de 11 de Outubro. Tanto mais, que a tentativa do cabeça de lista Dr. José Amaral, de fazer reunir os eleitos municipais em S. Facundo, dois dias antes da Assembleia Municipal de 18 de Dezembro foi abortada, tendo o mesmo sido desautorizado de a fazer, pelo arquitecto, "qual general desertor a comandar do sótão da sua casa, o exército desavindo".
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Estas situações algo caricatas e desprestigiantes só são possíveis pelo clima de alguma impunidade cívica que se foi criando na pouco consistente e nada exigente cidadania por Abrantes. Não é por acaso, que apareceram 3 800 eleitores, sem exigência alguma de rigor cívico, a votarem de uma assentada, nesta forma artificial de candidatura, sem bases programáticas e onde imperava - como foi dada prova irrefutável - uma total prepotência de um poder pessoal sofrego, referenciada pela ciência política como um modelo "cesarista-bonapartista", que tudo indicava não chegar nunca a bom porto.
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E causa alguma perplexidade, quando ainda há dias ouvimos o último responsável da concelhia do PSD a pugnar para que os partidos políticos ousassem encetar negociações com esses movimentos de cidadãos. Aqui está outra tropelia useira e veseira por Abrantes.
Como se não se percebesse logo o interesse oportunista, de quem já desenhava um "cavalo de Tróia" na luta pelo poder no actual executivo: na circunstância, o terceiro vereador do lado da oposição, Carlos Arês, (por enquanto ainda autorizado pelo arquitecto dos "Independentes", a ser seu substituto) que ainda se mantém como militante PSD, contra o que impõem as regras estatutárias desse partido e alguém já fazia intenção de apagar da conduta ética local.
Uma regra que conheço bem, pois quando fui candidato pelo PSD em 2001, requeri a minha desfiliação prévia do CDS/PP e quando aceitei ser candidato por este partido, requeri amtes a desfiliação do PSD. Parece que houve quem desdenhasse dessa minha postura. Está agora à vista, como nunca me prestei a equívocos. Quando fui candidato pelo meu concelho, sempre exigi o maior rigor formal com essas candidaturas.
Pelos vistos, ainda há quem não consiga apresentar o rigor e a ética que sempre defendi.
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De qualquer forma, pairam no ar, acusações de logro, de embuste e de traição, dentro de um movimento de cidadãos, que se quis passar por exemplar e digno, onde o seu mentor e principal candidato se recusou a assumir o cargo para que foi eleito, tomando uma iniciativa, que passou ao lado da consulta e do parecer dos demais companheiros. É o quero, posso e mando em toda a linha. Pobre cidadania!