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«Antes das eleições, alguns políticos cumprimentam-nos calorosamente e pouco falta para nos abraçarem. Depois, assim que conseguem um cargo, tornam-se inacessíveis.
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É impressionante ver a transformação de algumas pessoas de condição modesta quando atingem posições importantes em termos de fama, de riqueza e de poder. Ainda hoje recordo um contínuo que todos os dias vinha ter comigo a lamentar-se da pouca saúde, dos problemas da mulher e dos filhos. Quando passou a contínuo-chefe, deixou de vir ter comigo e começou logo a atormentar os contínuos que dependiam dele. Tenho visto muitos casos semelhantes entre operários e empregados. Já para não falar do que se passa na política. Antes das eleições, alguns políticos cumprimentam-nos calorosamente e pouco falta para nos abraçarem.
«Antes das eleições, alguns políticos cumprimentam-nos calorosamente e pouco falta para nos abraçarem. Depois, assim que conseguem um cargo, tornam-se inacessíveis.
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É impressionante ver a transformação de algumas pessoas de condição modesta quando atingem posições importantes em termos de fama, de riqueza e de poder. Ainda hoje recordo um contínuo que todos os dias vinha ter comigo a lamentar-se da pouca saúde, dos problemas da mulher e dos filhos. Quando passou a contínuo-chefe, deixou de vir ter comigo e começou logo a atormentar os contínuos que dependiam dele. Tenho visto muitos casos semelhantes entre operários e empregados. Já para não falar do que se passa na política. Antes das eleições, alguns políticos cumprimentam-nos calorosamente e pouco falta para nos abraçarem.
Depois, assim que conseguem um cargo, tornam-se inacessíveis.
Em alguns casos, é impossível contactá-los por telefone e não respondem a cartas. Com o tempo, acabei por perceber que agem assim por estarem convencidos de que o poder tem por base o medo.
No início da carreira, invejam os superiores. Como os temem, para lhes caírem nas boas graças, comportam-se de forma reverencial, servil e até, como acontecia com o meu queixoso contínuo, tentam obter a piedade deles. Contudo, se os observarmos bem, percebemos que, no fundo, são pretensiosos e ávidos. Não confiam nos colegas, não os respeitam, vêem-nos como adversários. Para alguns, os subordinados não passam de indivíduos invejosos e hostis que se comportam com deferência apenas por medo.
É por isso que, após uma promoção, se tornam autoritários e déspotas: apenas se sentem seguros quando os subalternos obedecem a tremer.
Quando conquistam cargos ainda mais importantes, todos os outros se tornam rivais.
É por essa razão que apenas escolhem colaboradores medíocres que concordam com tudo. »
(Nota: aqui para nós, conheci muita "tralha" desta na minha vida, mas nos últimos anos tem sido por demais... ultrapassou tudo o que era expectável, para alguém já vivido como eu...).
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Continuou Alberoni:
«Felizmente, também há indivíduos que se comportam de forma
oposta
e que vêem o poder como uma liderança assente na criatividade, no mérito e na capacidade de obter resultados.
E alguns, ao contrário dos primeiros, não sentem receio no início da carreira, porque confiam em si próprios e nas suas capacidades e apenas desejam poder exprimir--se e mostrar aquilo de que são capazes.
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Quando chegam ao poder, não vêem os seres talentosos como potenciais adversários;
pelo contrário, procuram colaboradores com valor e rodeiam-se de especialistas, de homens de cultura e de artistas, a quem pedem opiniões e conselhos.
No caso dos primeiros, o principal objectivo é aumentar o poder; os verdadeiros líderes têm ideais, sonhos e rodeiam--se de todos aqueles que desejam partilhá-los, para uma realização conjunta.»
Dá que pensar este texto de Alberoni ( esclareço que tenho dois livros dele... e já li quatro!
Para azar meu, nunca levei nenhum debaixo do braço até ao Chave D`Ouro!...)
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( NOTA: FELIZMENTE, também conheci muita gente assim - deste último grupo - que muito me ensinaram, e a quem estou bastante grato... só que há por aí uns ignorantes e tontos que acham, que eu por nunca ter andado na Industrial ou no La Salle, não posso saber mais do que eles!
Andei no Liceu de Oeiras onde caíam todos os jovens desde Algés a Cascais e muitos da linha de Sintra (como era o meu caso, que apanhava o comboio de Sintra para o Rossio, ia a pé até ao Cais do Sodré para aí apanhar outro comboio para Oeiras), andei no Liceu Camões, no Liceu Charles Lepierre - onde andaram a actual ministra da Educação e mais dois ministros do governo anterior - no turno da noite para tirar o antigo 6º e 7º num só ano. Ao segundo semestre passei para o Àlvares Cabral em Benfica, à noite, fiz duas cadeiras e mais duas no ano seguinte. Interrompi para ir para a tropa 30 meses. Em 1975 fiz Geografia e Filosofia, inscrevendo-me ainda na tropa, desta vez no novo Liceu da Amadora. Para Direito faltava-me Latim e Alemão. Para Económicas faltava-me Matemática. Para Arquitectura faltava-me Fisico-Químicas e Matemática. O tempo de dia era para trabalhar, em 1977 já tinha o primeiro de três filhos. E havia tanta coisa onde trabalhar e ganhar dinheiro, sem precisar de canudo! Em 1978 cheguei à Faculdade de Direito, pelo exame ad-hoc, demorei três anos para chegar ao 2º ano.
Hoje tiram-se canudos por fax... e ao domingo!)