Podia não ter escrito nenhum post sequer. Podia nunca ter dito coisa alguma. Podia nunca ter escrito nada que contrariasse alguma sensibilidade local. Podia realmente, ter-me posto à margem de tudo isso. Poder podia, mas não era a mesma coisa, como é moda dizer-se...
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Se nada tivesse dito, até me arriscava a ouvir falar mais vezes no meu nome como um soutense interessante, quiçá recolher mesmo o direito de cidadania e chamarem-me abrantino.
Assim, arrisco-me a que um dia destes digam - se é que não o disseram já - que João Pico nunca existiu, porque houve quem não gostasse que eu lhe virasse as costas, mal lhes conheci as manhas ou as tontices mais descabeladas.
Muito menos me perdoam, que eu lhes diga nas "trombas" o que merecem que lhes seja dito.
Ser-se autêntico, ser-se verdadeiro, frontal e directo, não consta da lista do socialmente correcto. Por isso, não admira que o mundo nos venha a ser revelado, de quando em vez, com surpresas brutais. Parece impossível, mas tem sido esse o nosso dia a dia da vida que levamos.
Paradoxalmente, chamos-lhe a era do conhecimento. Só que estamos sempre prontos para fecharmos os olhos aos primeiros sinais da aurora...
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Qual é a surpresa de tudo isto?!
Se no nosso país, só um em cinco portugueses é que percebe o que lê, os outros quatro na avidez de esconderem a ignorância a qualquer preço, sem preocupação do rigor que nunca se deve afastar do saber, logo acolhem sem pestanejar o que o primeiro e único " rei sábio", qual zarolho em terra de cegos, lhes tem para vender como conhecimento...
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A história destas duas professoras D. Leopoldina e D. Maria Lopes ( que o foi enquanto lhe foi possível usar o título de regente escolar...), trazem a lume muita da crueldade e da mesquinhez que deixámos que acontecesse, e que a má consciência nos leva a correr a apagar vestígios dessa nossa fraqueza e dessa nossa cumplicidade. Como se as raízes do mal em si não nos tivessem já contaminado as nascentes que hão-de alimentar o futuro. Não basta, nem é sério confiarmos num museu a entulhar uma sala de aula ou uma escola inteira, quando sabemos que por detrás dessa intenção romanesca pode estar o fim de uma sede de conhecimento e saber, que já deixámos de ter há muito. E de que afinal tanta falta nos faz para compreender, hoje o que lemos, amanhã o que nos mostram como tenha existido, mas nunca existiu na realidade. Nada pior na história, do que aquilo que soa a falso.
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ESTE BLOG EXISTE PARA AGITAR AS MENTES TURVAS...
Um dia hão-de obter juízo.
POR MIM, sempre que for preciso falar, nunca ficarei calado...