Um plano para deixar arder o concelho de Abrantes
O plano dito “operacional”de combate aos fogos florestais de Abrantes sublinhava que os fogos se combatem nos primeiros 20 minutos, - o que nem foi uma inovação desse plano, mas sim uma recomendação superior do MAI, que a protecção civil de Abrantes se prepara para não cumprir.
Porque um concelho com 71 mil hectares de área e 69 % ocupado por floresta, que está entre os doze municípios mais ardidos dos últimos 25 anos, deveria ter um local a norte e dois locais a sul, onde os bombeiros aquartelados dia e noite com os auto-tanques, pudessem chegar a partir daí e em menos de 20 minutos, ao vasto espaço municipal. O Plano veio lembrar-nos que a nossa floresta fica a mais de 30 minutos do único quartel.
Estamos mesmo condenados a ver arder todo o concelho, incluindo a cidade, tomando o exemplo de 2003, quando um fogo a sul “saltou” o rio Tejo e prosseguiu pela cidade dentro; o mesmo acontecendo em 2005, com o fogo iniciado à beira da albufeira do Castelo de Bode acabou no outro dia à noite já dentro da cidade. (...)
João Baptista Pico - Abrantes