Olhando para esta distância entre as construções novas, as grandes superfícies e este descampado que cerca e "seca" o espaço imediatamente mais próximo do Centro Histórico, se percebe como a irresponsabilidade deste planeamento foi um crime contra a boa articulação do espaço cidade nova, com o casco da cidade histórica.
Andou-se à deriva dos proprietários que quiseram urbanizar os seus baldios. E a Câmara deixou-se ficar de "perna aberta"...
Reparem só, a frota automóvel que é preciso mobilizar para trazer os habitantes da parte nova para a parte velha. E quando não há na parte velha parqueamentos suficientes. ora com a cidade nova mais junta ao casco histórico, os parqueamentos de proximidade dissuadiam muitos munícipes a pegar no carro e num pulinho a pé já estavam dentro do Centro Histórico e os estacionamentos das urbanizações novas acabavam por ser bastante úteis e acessíveis.
A cidade nova ficou isolada, perdida, num beco sem saída. O Centro Histórico ficou preso num colete de forças. Fazer obras nos edifícios do Centro Histórico, já de si difíceis acabaram manietadas por regras de gente miudinha, que não gostava nada de obras.
A "oficina de bolos" de um conhecido comerciante do Centro Histórico foi alvo de impedimentos vários, quando o que estava em jogo era manter umas dezenas de postos de trabalho ou deixar morrer mais uma artéria. Tudo era pretexto para guerras de vistorias tolas, de quem não tinha mais que fazer. Colocar uma portinhola do gás ou da electricidade gerava um embargo. E a solução não aparecia. A solução era, não por gás ou não renovar o quadro eléctrico. Fechar a loja. Desertificação. Parvoíces!
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Atirava-se com mais um jardim para diante, como quem dava amendoins aos macacos.
Os arranjos (dispendiosos e incomportáveis no médio prazo) anunciados para as fantasias ecológicas da quinta de Vale de Arcas e de Vale de Rãs é como correr atrás do prejuízo. Deixam sempre o Centro Histórico mais longe. Por cada obra nova, havia um vazio desligado do resto da cidade. A harmonização urbana não se compadece dessas barbaridades. Um vazio, é um tapume ao desenvolvimento harmonioso das coisas. É uma perda da continuidade, gera o caos urbano.
Aprovaram-se Planos de Urbanismo, com burocratas vesgos no comando. Só por milagre poderia resultar. Não houve milagres: nada resultou!
E o comum do cidadão a quem lhe escapa as regras do urbanismo, amaldiçoava a sua sorte. Era como o queouvia dizer no campo aos agricultores já desiludidos: a terra não dava. Pois não dava. A menos que semeassem: semeando dava!
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Em Abrantes, não semearam o bom urbanismo. Nada deu fruto!