Coisas simples que os vereadores "recrutados" no professorado e nos administrativos de "canudo" no fax e brasonados locais, não enxergam...
Aconteceu no Tramagal mas podia ter sido numa das restantes 18 freguesias do concelho, servido pelos balcões desse "maravilhoso" serviço municipal do Largo Raimundo Soares, todo informatizado e de "excelência", já do tempo do "patrono" Nelson. Até lhe valeu uma viagem ao mundo Microsoft, algures no Tagus Valley na Califórnia...
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Um freguês preparou a sua vida, combinou as férias da família para tudo dar certo e vai de ir em 10 de Fevereiro, - vejaqm bem, com um frio e chuva que não lembrava a ninguém cuidar da fachada da casa que só a ele incomodava por ver umas infiltrações ameaçadoras.
Estava à sua espera o serviço municipal que nos custa 20 milhões de euros( um Aquapolis completo, sem a rampa dos peixes) por ano - pago pelos impostos de todos os munícipes proprietários e trabalhadores no concelho. O serviço sobranceiro e altivo, como todo o serviço que nos custa 20 milhões, recolheu o pedido a 10 de Fevereiro.
O freguês ainda perguntou se a resposta vinha logo. Mas a funcionária logo lhe lembrou com o semblante carregado, que depressa e bem, não há quem.
Vá lá, foi nesse mesmo dia que conseguiu entregar o pedido. Não teve que vir lá segunda ou terceira vez. Ainda que não se tenha privado de mandar o freguês ao balcão ao lado tirar umas fotocópias da planta de localização e quiçá do projecto da fachada e pagá-las, logo ali. Primeiro foi pagá-las e teve que mostrar o recibo após ter permanecido na fila da tesouraria... E finalmente entregou o pedido, para a licença dos trabalhos que queria fazer em Abril e Maio. Estávamos em 10 de Fevereiro.
Com dois meses de antecedência no pedido, o freguês nem era daqueles que pediam o impossível. Julgava ele. E julgou mal.
Os 20 milhões que nos consomem os serviços municipais - fora os serviços municipalizados ( não confundir) que são pagos à parte, e cuja factura de água e esgotos nos custam couro e cabelo - não foram criados para dar resposta em 45 dias a alguém que quer fazer obras na sua casa e às suas custas.
Isso é bom para aqueles que querem 2 500 euros para fazerem uma Gala e usar o Teatro de S. Pedro à borla, sem deixarem de cobrar 10 € pelos 400 bilhetes das entradas...
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É que para esses trabalhadores e amigos de mostrarem as fachadas das suas casas bem cuidadas, os serviços municipais armaram uma ratoeira por entre labirintos de requintado sadismo.
Paga o requerimento e espera pela resposta. Se quiser. Se refila muito, até pode seguir logo a boca para a secção respectiva com a advertência de que o sujeito é "refilão". Há quem garanta que esse é o "código". E logo se fica a saber que não é dos "nossos". Porrada nele: fundo da gaveta!
Eu não acredito que seja verdade... não acredito em bruxas... mas que as há, há...!!!
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Três meses e dez dias depois, havia despacho interno. No último mês das obras, que o proprietário havia reservado no labor das suas vidas (obras em Abril e Maio, já avisara familiares, pedreiros, serventes e pintores...). Todos à espera de receber a jorna, os comerciantes de venderem as bebidas e servirem os almoços e os materiais das obras lá na terra. Tudo fregueses a contarem com esse dinheiro para as suas vidas. E ironia do destino: para pagarem o IMI de Abril e os impostos do IRC em Junho e a derrama municipal. Pobres coitados. Esses pagadores de impostos são uns anjos!
Não contavam com os três meses e dez dias, daquela gestação municipalizada, nossa!
Sei da minha velha pecuária, que a gestação da porca - marrã criadeira - era de três meses, três semanas, três dias e três horas... e porcos fora!
Mas foi um despacho interno de 20 de Maio, sobre o requerimento - é bom não esquecer, de 10 de Fevereiro, uma manhã muito fria e com a estrada do Tramagal ao Rossio com as curvas ainda mais perigosas do que nunca. Só chegou o eco ao Tramagal a 26 de Julho.
E valha a verdade, que o Posto dos CTT ainda lá funciona. A carta ia registada.
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Claro que eu nem me atrevo para já, a dizer que nada disto era necessário. Mas o freguês sofreu inutilmente, castigado por um serviço que nos custa 20 milhões por ano - um Aquapolis, sem a escada dos peixes...
(continua...)