1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta.Também aqui se reforça uma ligação com a família.
3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros.
5. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.
ESCOLHI cinco das dez observações feitas pelo embaixador inglês a Portugal para abordar mais uma vez a questão da cedência da ex-sede dos SMA (antiga escola primária) para as novas instalações da Universidade Senior em Abrantes.
1- A ligação intergeracional: não podia vir mais ao encontro do que havia apontado quando escrevi o que escrevi. Imagino que a reitora da UTIA e a vereadora do pelouro da Educação e Acção Social não acataram com agrado a minha sugestão ( quando vêm de fora de Abrantes, pese o seu empenho como professoras no concelho).
Tal como no provérbio "Amicus Plato, sed magis amica veritas" (estimo Platão, mas estimo ainda mais a verdade), e a verdade passa por constactar que menos de meia centena de presenças na cerimónia, admitindo como efectivos os 127 alunos é uma situação que nos merece maior profundidade de análise, a saber:
Tal como no provérbio "Amicus Plato, sed magis amica veritas" (estimo Platão, mas estimo ainda mais a verdade), e a verdade passa por constactar que menos de meia centena de presenças na cerimónia, admitindo como efectivos os 127 alunos é uma situação que nos merece maior profundidade de análise, a saber:
a) Admitindo como dado oficial que mais de 40 % dos cerca de 40 mil residentes em Abrantes são idosos acima dos 60 anos, damos conta que a população senior pode atingir as 16 mil pessoas, o que constitui em si, uma diferença estrondosa face ao corpo de alunos de pouco mais de uma centena;
b) Confrontados com a importância da convivência intergeracional que o embaixador reconheceu como um benefício bem interiorizado pelos portugueses, não podemos consentir mais nesta lacuna grosseira de nada ter sido feito para ali mesmo, na universidade senior, se transmitir aos jovens os saberes dos idosos em muito maior escala, como forma de aprofundar e valorizar os valores culturais e tradicionais do concelho;
c) A cultura merece maior e melhor trato; a referência que o embaixador faz às festas tradicionais em Vila Real não deixam de mostrar a tal inocência apontada e ao mesmo tempo uma ausência de razões sólidas que fizessem com que aquelas danças e cantares fossem assumidas com maior profundidade no estudos locais e não surgissem com a tal inocência do fazer por fazer, por que se gosta e era assim dantes, situações que de um momento para o outro se podem apagar sem deixar rasto, o que infelizmente sucede muitas vezes, quando um grupo de pessoas mais animadas por razões da vida terrena se cansam e tudo acaba por morrer por essas terras fora;
d) A variedade da paisagem, outro ponto que julgo interessante nessa abordagem do embaixador publicada no "Expresso", quando constacto que o concelho de Abrantes consegue ter essa grande variedade, mas não tem as rotas bem organizadas e mantém no isolamento aspectos determinantes nas suas 19 freguesias que escapam até às universidades seniores;
e) A cedência destas instalações não pode ser encarado como uma generosidade da autarquia, pois aquele imóvel valendo mais de um milhão de euros nas suas duas frentes de rua ( Rua Actor Taborda e Avenida D. João IV) é acima de tudo um património municipal e como tal, pertença de 40 mil habitantes e nunca de apenas 127 alunos, por muito respeito que possam merecer esses alunos;
f) Nesse sentido, impunha-se esta chamada de atenção para da UTIA se passar a outra envolvência com os jovens de Abrantes e com os saberes perdidos e ignorados pelas 19 freguesias do concelho;
g) Imagino que os 127 alunos possam não abarcar sequer metade das freguesias do concelho, se é que não se dá o caso, de se resumirem apenas a alunos de três ou quatro freguesias sub-urbanas, daí o meu desconforto perante essa situação, que devia ser assumido com os autarcas e ex-autarcas ( de freguesias que não têm lá alunos) que compareceram à inauguração e que não só, não manifestaram este mesmo desconforto, como acabaram mais interessados em pactuarem com a mentira da propaganda oficiosa.
