O TERMINAL RODOVIÁRIO é o protótipo do pensamento bacoco de uma certa intelectualidade abrantina, muito em voga pelos anos 80/90 do século passado e que resultaram na prática no definhamento de todo o modelo de desenvolvimento que acabou por se revelar demasiado cáustico e trágico.
Os sociólogos um dia dirão melhor sobre estes crâneos, certamente, após aturada leitura das teses que os psicólogos [e quiçá os psiquiatras] não deixarão de lavrar exaustivamente.
A patológica ideia redentora de quem via no "ORDENAMENTO" - seja lá o que isso for - o único caminho da salvação do mundo está bem patente no projecto e concepção deste espaço do terminal rodoviário de Abrantes.
Um processo que atravessou o mandato de três presidentes de câmara: os dois únicos do PS, mais o único do PSD, todos no pós 25 de Abril. E com isto, já meia explicação fica dada.
Porém, a outra metade - a mais importante para a análise em causa - tem tudo a ver com o preconceito congénito dessa intelectualidade reinante: a "proibição salazarenta" travestida por novas roupagens de pretenso sabor ecológico. Daqueles ecologistas que sempre fumaram na praia - homens e mulheres - ao lado das crianças e no final apagavam a beata, mergulhando ligeiramente a cinza na areia, de forma a que os restos do cigarro babado de saliva e baton pudesse ficar à espreita dos dedinhos dos filhos ou de outras crianças ávidas das suas inocentes brincadeiras na areia.
Hoje, aqueles que juntam as beatas no maço usado e não se esquecem de o levar até ao cesto do lixo mais próximo, não deixam de marcar bem o solo à porta do edifício do emprego ou na varanda do dito, nem sempre com o devido respeito pelos outros transeuntos. Este áparte, foi só para sublinhar o elevado conceito ecológico dessa intelectualidade reinante, do faz de conta.
Há dias vi o relato na tv, de como à conta das beatas enterradas nas areias das praias mediterrânicas se geraram depósitos de toneladas de detritos conspurcados e perigosos, no fundo desse mesmo mar.
Há dias vi o relato na tv, de como à conta das beatas enterradas nas areias das praias mediterrânicas se geraram depósitos de toneladas de detritos conspurcados e perigosos, no fundo desse mesmo mar.
Quando as carreiras dos transportes públicos ganharam foros de cidadania universal e se instalaram no centro das cidades, logo a intelectualidade reinante achou por bem atirar com os transportes públicos para redomas sub-urbanas, ao mesmo tempo que berrava por parques de estacionamentos subterrâneos, mesmo que para isso se tivessem que remover milhões de m3 de pó e de calhaus no subsolo do Jardim da República. Foi moda, lembram-se?!
E foi com essa generosidade da intelectualidade reinante que a Camionagem dos Claras na altura já "democraticamente" baptizada de "Rodoviária Nacional" [nossa!?] foi colocada bem lá na ponta oeste de Abrantes, onde influentes autarcas ou amigos julgaram poder desenvolver excelsas e progressivas urbanizações. Dois autarcas à conta disso, receberam 18 mil contos e 30 mil contos respectivamente, segundo o autor desses mesmos "pagamentos". à conta de querer falar disso, logo me foram retirados apoios numa das minhas campanhas autárquicas para a câmara. Topam?
Olhando para a "arquitectura" funcional do Terminal Rodoviário, logo se percebe a má consciência do projectista e de quantos aprovaram aquela obra [ em bom rigor, uma boa merda!].
Mas ninguém me vai perdoar por falar nisso, e ainda por cima nestes modos. E a verem "merda só no termo que usei e nunca no produto concebido pelos autores: projectistas, técnicos municipais e decisores autárquicos. Todos eles boas pessoas...!
A funcionalidade daquele Terminal Rodoviário assenta no preconceito ranhoso e rafeiro, de quem não tem pudor algum, em fazer os passageiros descerem do autocaro e subirem duas rampas de degraus, percorrerem meia centena de metros até poderem chegar ao carro dos familares que os esperam ou do táxi que pode já não haver para todos.
E quanto aos ABRIGOS para os passageiros?!
Em 40 mil habitantes, 422 funcionários municipais e quase 500 autarcas espalhados por todo o concelho, ainda nenhum falou na falta de um ABRIGO para os passageiros que tenham que esperar pelo táxi ali naquele pardieiro deserto, mas com muitos passeios à volta.
ABRIGOS, não há!
Pode lá ser?!
Então os arquitectos do regime, os 422 funcionários municipais, os quase 500 autarcas eleitos nunca quiseram interessar-se por esse lapso monumental?
Claro que não falaram, nem convinha que o fizessem, a bem da sua carreira funcional e política ou partidária.
Os media - rádios locais e jornais locais - nada disseram. A um jornalista ao meu lado, quando carregava por essa escada acima os sacos da mãe - uma senhora já idosa - lancei-lhe o desafio para manchete do seu jornal. Insisti e até hoje nada escreveu, que não fosse a querer injurirar-me, por artes indirectas e mesquinhas como ele sempre foi expert, esse pobre diabo...
Quanto a Radio da cidade, o seu criador clandestino nada poderia dizer, uma vez que foi um dos grandes apoiantes da ideia de "atira" com a garagem rodoviária para fora de portas e sentar na Barão da Batalha aquelas estátuas sem vida. E quem assim pensa e obriga os outros a "comer" daquilo, não se pode esperar nada de bom.
Talvez ainda espere que lhe façam uma estátua em sinal de agradecimento por ter ousado criar uma rádio pirata, que logo entregou de mão beijada a um grupo capitalista.