Escutei de Eduardo Campos, duas palestras sobre histórias da História Local de Abrantes. Apreciei a isenção e o rigor que colocava nas notas históricas que apresentava, salvaguardando sempre eventuais omissões, ou imprecisões, sempre que suspeitava da inteira veracidade dos factos relatados.
Cumprimentámo-nos outras tantas vezes. Sabia mais dele pelos relatos históricos que publicou e que eu li sempre com avidez.
A seguir a uma proposta da deputada municipal do PSD, Anabela Matias rejeitada pela maioria do PS em sede de Assembleia Municipal coube-me a mim e a João Salvador como vereadores do PSD em exercício voltar a insistir com a mesma proposta de atribuição da Medalha da Cidade a Eduardo Campos, em 2003, na altura ainda vivo.
Não nego que pudesse haver alguma intencionalidade político e partidária do lado do PSD. Todavia, a homenagem ainda em vida do ilustre abrantino era justa e merecida.
Vi a forma tacanha de Nelson de Carvalho a rasgar duas folhas A4 para fazer sete papéis de voto na respectiva sessão de câmara.
Vi o brilho nos olhos de duas vereadoras ( uma do PS e outra do PCP, há quem saiba as respectivas identidades) e o alívio manifesto das mesmas, à medida que Nelson de Carvalho ia lendo em voz alta o sentido da votação: cinco vezes entoou com agrado e peito cheio o "NÃO".
Vi a frieza e resignação apenas porque entre os setre votos, apareceram dois "SIM" a favor da atribuição da respectiva medalha.
Venceu o "Não" de duas vereadoras, de Pina da Costa, Júlio Bento e do presidente. Três professores e duas professoras. Ironicamente, as duas professoras eram licenciadas em história.
Não li, nem ouvi mais ninguém fora do PSD, a criticar tal sentido de voto. Santana Maia ainda não tinha blogue. António Colaço estava muito próximo ao PS para poder abrir a boca em desacordo público.
De António Colaço li há dopis anos atrás uma carta aberta a Eduardo Campos onde lamentava não ter tido tempo de falar ultimamente com o filho de Eduardo Campos. Mas ainda achou por bem lembrar a Eduardo Campos nessa carta aberta, que tinha boas notíciuas para dar-lhe, não do filho dele, mas do seu próprio filho [ um jovem arquitecto, filho de António Colaço], por sinal a quem atribuíram o projecto do edifício do Arquivo Histórico desterrado para fora do centro histórico de Abrantes. E gabava-se António ao amig, do feito do filho arquitecto pela obra concedida pelo PS. Do filho do Eduardo Campos, nada tinha para dizer, por falta de tempo para falar com o mesmo, como já se havia desculpado.
Não preciso dizer mais nada. Isto retrata o que mais abomino por Abrantes. A leveza dos factos ocorridos, muitas vezes com a crueldade, à mistura com a leviandade.
Desta amálgama de situações, nunca nada de bom poderia resultar para Abrantes. Está à vista de todos.
